terça-feira, 16 de novembro de 2010

Texto original alterado sem a autorização de Maria José

Este foi o texto original de Maria José Pereira Miranda, entregue ao Presidente da Câmara, e, segundo este, aeria levado para diagramação e revisão de Dora Avanzi. Esta última fez modificações e alterações comunicadas à autora do ogirinal. Mas, ocorreram outras alterações, para as quais a autora não foi consultada, e com as quais não concorda, e faz o presente blog para se resguardar de responsabilidades posteriores. O texto foi encomendado para ser da Câmara Municipal, por ele a senhora Maria José nada recebeu, pois, fez em horário de serviço, posteriormente. com o trabalho concluído e entregue, soube que seria publicado por particular, que por estar pagando, achou-se no direito de interferir no texto a sua maneirar de pensar.   Estes textos se apresentam em meio ao original, a partir da página 57 - Regime Militar de (05.11.2010) e atualizado em 06.11.2010. Até a página 56 a revisão foi da Profa. Ana Lúcia Junqueira. 





CÂMARA MUNICIPAL DE VARGEM GRANDE DO SUL
Estado de São Paulo









                  


História da Câmara: da Instalação do Município aos dias de hoje













Vargem Grande do Sul, 2010




AGRADECIMENTOS

Aos colegas:
Alexandra Luciana Farias de Andrade
Ana Luíza Pereira Diniz
Aureliano Oliva de Oliveira
Edilaine Pavani
Elaine Parca
Heloísa  Rosseto
Luciana de Abreu Ribeiro
Valter Luis Melo
Colaboradores:
Ângelo Fazanella
Mário Póggio Júnior
Osvaldo Pereira
Pedro Tatoni
Dr. Roberto de Andrade Margoto (In Memorian)
Arquivo Municipal
Biblioteca Municipal “Lima Barreto”
Casa da Cultura
Círculo Italiano de Vargem Grande do Sul
Gazeta de Vargem Grande

A todos os vereadores:
Antônio Carlos Bertoleti
José Geraldo Ramazotti
Luis Antônio Felipe
Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro
Paulo Cesar da Costa
Pedro lemos Ranzani
Rubens Ronchi
Sandra Regina da S. Picinato
Wilson Luís Fermoselli Ronqui

Especiais agradecimentos aos vereadores Paulo e Wilson pelos dados importantes e a todos que colaboraram com a pesquisa, seja com material, depoimentos e principalmente paciência.


Esse trabalho teve por objetivo resgatar a história da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, da instalação do Município em 1922, aos dias de hoje.


                                                                     

Assim que o vereador Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro assumiu o cargo de Presidente da Câmara, quis saber quem ocupou o cargo de Presidente e quem foram os vereadores, nesses 88 anos de Município (1922-2010). Diante das nossas dúvidas, o Presidente nos solicitou esse trabalho de resgate da história do legislativo de Vargem Grande do Sul. A princípio pensamos que não seria difícil fazer esse levantamento, pois a Câmara sempre registrou em atas todas as sessões realizadas, bastaria pesquisá-las. Além disso, por muitos anos, os presidentes falecidos tinham seus quadros fotográficos afixados no auditório da Câmara Municipal. Havia cerca de 20 fotos nessa galeria (tidos como ex-presidentes), seria simples, apenas levantar as biografias.
Logo no início descobrimos que nem todas as atas das sessões legislativas estavam no acervo do Arquivo Municipal ou da Câmara. Muitas foram extraviadas, levadas de um local para outro durante reformas ou mudanças e acabaram desaparecendo.  Havia vários vácuos, o maior entre os anos 60 e 80. Tempos depois, outra descoberta, nem todas as personalidades retratadas na galeria ocuparam, efetivamente, o cargo de Presidente. Arquivos do obituário municipal, visitas a jazigos, jornais antigos, livros de história das cidades da região, depoimentos, consultas aos dados de pesquisadores da história de Vargem Grande do Sul, foram as principais fontes bibliográficas do presente trabalho. Procuramos, também, colocar a história da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, seus intendentes, presidentes e vereadores dentro do cenário histórico-político do Brasil, do Estado de São Paulo e da própria cidade a cada época retratada



                                    Maria José Pereira Miranda (Bibliotecária e documentalista
                                                         Chefe de Secretaria da Câmara)




A HISTÓRIA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS NO BRASIL

No Brasil, a Câmara Municipal (ou câmara de vereadores) é o órgão Legislativo da administração dos municípios, configurando-se como a assembléia de representantes dos cidadãos ali residentes.

A história das Câmaras Municipais no Brasil começa em 1532, quando a freguesia de São Vicente é elevada à categoria de vila. Nesta época, as câmaras municipais exerciam um número bem maior de funções do que atualmente. Eram as responsáveis pela coleta de impostos, regular o exercício de profissões e ofícios, regular o comércio, cuidar da preservação do patrimônio público, criar e gerenciar prisões, ou seja, uma ampla gama nos três campos da administração pública: executivo, legislativo e judiciário.
Com a Independência do Brasil, a autonomia das Câmaras Municipais foi drasticamente diminuída. O Império centralizou a administração pública através da Constituição de 1824. A duração da legislatura foi fixada em quatro anos e o vereador mais votado assumia a presidência da Câmara, visto que até então não havia a figura do "prefeito". Com a Proclamação da República, as Câmaras Municipais são dissolvidas, e os governos estaduais nomeavam os membros do "conselho de intendência".  Um dos membros do conselho era escolhido para ser o Intendente Municipal (espécie de prefeito), outro era escolhido para Juiz de Paz, outro para delegado de Polícia (até que a carreira policial foi instituída). Com pequenas alterações, esse sistema permanece até 1930, com o início da Era Vargas, só então foram criadas as prefeituras como centro do Poder Executivo. Assim, as Câmaras Municipais passaram a ter especificamente o papel de Casa Legislativa. Durante o Estado Novo, entre 1937 e 1945, as Câmaras Municipais foram fechadas e o poder legislativo dos municípios foi extinto. Com a restauração da democracia em 1945, e a promulgação da Constituição de 1946, as Câmaras Municipais são reabertas.
Atualmente, após a “Constituição Cidadã” de 1988, as Câmaras Municipais passam a se constituir em órgão de representação, independente e harmônico com os Poderes Executivo e Judiciário, que lutam dia a dia, para ser o porta-voz dos interesses dos munícipes, levando reivindicações ao Prefeito, elaborando leis de interesse local, fiscalizando o dinheiro público, para que a democracia seja fortalecida e o bem comum sobre paire aos interesses particulares.
1 Da Sesmaria ao Município: um pouco da nossa  
    história

Da vasta sesmaria de Vargem Grande surgiu a fazenda; da fazenda, a povoação, com capela erigida em terreno doado para o patrimônio; e finalmente, o Distrito Policial, o Distrito de Paz, a Vila e a cidade na criação do Município.” Prof. João Alfredo de Souza, A Imprensa, dez. 1952.

A região da bacia Rio Pardo até o Rio Grande, embora desbravada no século XVI, começou a ser habitada somente a partir das descobertas das minas de Goiás pelo bandeirante Anhanguera e a abertura da  Estrada de Goiás  em 1722, quando vários pousos, ao longo das décadas, constituíram-se nos primeiros núcleos povoadores.
A região onde se localiza o município de Vargem Grande do Sul, sempre esteve junto à rota dos bandeirantes, tropeiros, ou nos grandes caminhos que ligavam os centros produtores às áreas de comércio. Um desses caminhos era a Estrada de Goiás - também conhecida pelas denominações de Estrada Grande ou Estrada da Boiada ou  Boiadeira. Partindo de São Paulo, seguia rumo ao Norte, margeando, a Leste, a encosta da serra da Mantiqueira, atravessando os atuais municípios de Jundiaí, Mogi-Guaçu, Casa Branca, Franca, entre outros, até o atual município de Uberaba, de onde defletia a Oeste, atingindo a região das minas de Goiás. Na região de Mogi-Guaçu, havia derivações que se dirigiam às Minas Gerais. Em Aguaí, quebrando à direita, havia ramificação para a grande sesmaria de Vargem Grande, pertencente ao Capitão-mor José Garcia Leal. Essa sesmaria era muito extensa, começava no Ribeirão Itupeva (a cerca de um quilômetro de onde hoje se localiza a cidade de Aguaí), abrangia as terras de onde surgiu a cidade de Casa Branca, e a Fazenda Casa Branca, avançando até a Serra da Grama, ou Serra dos Rabelo. Há registros da existência desta Sesmaria  datados de 1792, nos Anais do “Arquivo Histórico do Estado de São Paulo”.
Mário Póggio Júnior, respeitado pesquisador da história local, também tem dados bastante antigos da Sesmaria: “Com referência a nossa terra, vale à pena começarmos a falar da sesmaria. Assim, os primeiros proprietários da sesmaria da qual surgiu Vargem Grande, foram Agostinho Delgado Arouche, José de Siqueira Camargo e Francisco Xavier de Camargo. Posteriormente, José Garcia Leal, Sargento-Mor (funcionário da Coroa Portuguesa) e seu irmão o Alferes Salvador Garcia Leal, da “Villa de Mogy Mirim”, adquiriram a Sesmaria de Vargem Grande. Com o falecimento de Sargento-Mor José Garcia Leal, surgem questões jurídicas para a divisão da fazenda, a primeira terminada em 1854, que a dividiu em várias outras. Em 1855, no caminho  que ligava a sede da Fazenda Barreiros (1828) à Vila de Casa Branca, em ponto de seu trajeto (localizado no Bairro da Aparecida, denominação de 1941), especificamente de onde saiam os caminhos para São João da Boa Vista, através de densas matas, e para a grande propriedade "Lagoa Formosa" (dedicada à pecuária), surgiu a primeira casa que deu origem ao Bairro da Porteira, nome por que Vargem Grande ficou conhecida. Após, em 1873, há nova divisão da Fazenda Várzea Grande, terminada em 26/09/1874, data oficial da fundação de nossa terra. Ainda, em 1874, o Coronel Francisco Mariano Parreira conseguiu licença para erigir pequena capela (instalada na atual Praça João Pinto Fontão, onde se encontra a fonte luminosa). Neste mesmo ano há referência de que no Bairro da Porteira, havia uma casa de negócio, de propriedade de Bernardo Garcia e uma escola particular regida por Joaquim Mariano Parreira (primeiro professor que se tem notícia). Era o começo da "Pérola da Mantiqueira".

 1.1 A família Garcia Leal

A família Garcia Leal é uma importante família do sudoeste de Minas Gerais, oeste de São Paulo, sudeste de Goiás, leste de Mato Grosso do Sul e com ramificações históricas no Rio Grande do Sul.
Tem origem no casamento de João Garcia Pinheiro e Maria Leal, nos Açores, união matrimonial esta que gerou Pedro Garcia Leal. Este último, por sua vez, vindo ao Brasil, desposou Josefa Cordeiro Borba, descendente de importante família de bandeirantes paulistas por parte de mãe, Escolástica Cordeiro Borba - membro da família Borba Gato-, e da família Caldeira Brant por parte de pai, Inácio Diniz Caldeira. Grande parte da família Garcia Leal pode ser considerada, assim, uma ramificação comum das famílias Caldeira Brant e Borba Gato.
Dessa união entre Pedro Garcia Leal e Josefa Cordeiro Borba descende os Garcia Leal que fizeram história no interior do Brasil. Tiveram vários filhos, sendo eles: José Garcia Leal (guarda-mor, proprietário da Sesmaria que deu origem a Vargem Grande do Sul)  Joaquim Garcia Leal, João Garcia Leal, Januário Garcia Leal (o Sete Orelhas),  Manuel Garcia Leal, Antônio Garcia Leal, Ana Garcia Leal, Maria Garcia Leal e Salvador Garcia Leal. Também é neto do casal pioneiro, Januário Garcia Leal Sobrinho, filho de João Garcia Leal. Januário Garcia Leal Sobrinho foi um dos fundadores da cidade de Paranaíba e avô de Protázio Garcia Leal, um dos fundadores de Três Lagoas-MS. No leste sul-matogrossense, os Garcia Leal, por laços de família, uniram-se a outras importantes como os Fernandes, os Moreira e os Sousa Queirós. Há descendentes desses pioneiros residindo em Vargem Grande do Sul.

1.1.1 “O Sete Orelhas”




Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, (Jacuí, 1761 — Lava Tudo, Lages, 16 de maio de 1808), personagem descrito no Dicionário de Folclore de Câmara Cascudo. Januário Garcia Leal era fazendeiro que vivia na propriedade denominada Ventania (hoje no município de Alpinópolis, situada no sul de Minas Gerais), juntamente com sua família e escravos. Em 21 de janeiro de 1802, recebeu carta patente assinada pelo Capitão General da Capitania de Minas Gerais, Bernardo José de Lorena, nomeando-o como Capitão de Ordenanças do Distrito de São José e Nossa Senhora das Dores (hoje Alfenas). Sua vida foi pacata até que um acontecimento trágico a mudou definitivamente: a morte covarde de seu irmão João Garcia Leal, que foi surpreendido na localidade de São Bento Abade por sete homens da mesma família, e atado nu a uma árvore, onde foi assassinado com extrema crueldade. Os homicidas retiraram toda a pele de seu corpo. O próprio Januário teria encontrado o irmão que agonizava, ainda em tempo de denunciar seus algozes.
A justiça colonial mostrou-se absolutamente indiferente ao episódio, deixando impunes os sete irmãos. Foi assim que, Januário associou-se a seu irmão caçula Salvador Garcia Leal e ao tio, Mateus Luís Garcia, e,  os três capitães de milícias assumiram pessoalmente a tarefa de localizar e sentenciar os autores do crime contra João Garcia Leal, dando início a uma perseguição atroz.
A lei escolhida por Januário, chefe do bando de justiceiros privados, foi a de Talião, ou seja, a morte aos matadores – com o requinte estarrecedor de se decepar uma orelha de cada criminoso, juntando-as em um macabro cordão que era publicamente exibido como troféu pelos implacáveis vingadores.
Somente depois de decepada a última orelha dos criminosos é que Januário deu-se por satisfeito. Segundo a tradição oral, relatada por Gustavo Barroso, o "Sete Orelhas” teria morrido em decorrência de um acidente numa porteira. A morte se deu por um trauma que, por ironia do destino, foi na região da orelha direita, fraturando-lhe o crânio e o queixo. Tal trauma ocorreu quando o capitão cercava um cavalo que pulou uma porteira de varas, vindo uma das varas a desferir-lhe o golpe fatal.
Foi casado com Dona Mariana Lourenço de Oliveira (filha de João Lourenço de Oliveira, natural de São João Del-Rei, e de Rita Rosa de Jesus, da freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo) com quem teve descendência.
No início de 2006, a pesquisadora catarinense Tânia Arruda Kotchergenko localizou no Museu Histórico do Tribunal de Justiça de Santa Catarina o inventário de Januário Garcia Leal. Este documento confirmou que, à época de sua morte, Januário Garcia Leal exercia a função de mercador, tal qual seu pai, Pedro Garcia Leal. A documentação contém a carta patente original que lhe conferiu o posto de Capitão de Ordenanças do Distrito de São José e Nossa Senhora das Dores, as procurações de sua mulher e filho, declarações de testemunhas e, ainda, o exame de Corpo de Delito, em que se confirma a morte por ferimento na região da orelha, em 1808, na cidade denominada, atualmente, Lajes - Santa Catarina.
O mito do Sete Orelhas também era reverenciado na província de São Paulo, e, segundo a tradição oral, por muitas décadas, os viajantes temiam passar pela Sesmaria da Várzea Grande, e depois à Fazenda da Várzea Grande da família Garcia Leal. Havia suspeitas de que o local era o esconderijo do facínora. Esse temor teria fortalecido o isolamento da pequena povoação, enquanto as freguesias vizinhas, de São João e Casa Branca, já prosperavam rumo à categoria de vilas e municípios.



1.2 São Paulo à época da fundação de Vargem Grande

Quem vê a força econômica, as riquezas, o dinamismo social e cultural do Estado de São Paulo de hoje, pode não acreditar que essa foi uma das províncias mais pobres do Brasil colonial. Durante os três séculos que se seguiram ao descobrimento do Brasil em 1500 (séculos XVI, XVII e XVIII), a capitania e, posteriormente, a Província viveu na estagnação. O primeiro impulso rumo ao desenvolvimento, somente ocorreu no final do século XVIII com o início da cafeicultura.
Num primeiro momento, no século XVI, aqui se praticava a agricultura de subsistência, aprisionavam-se índios para serem escravos. Posteriormente, foi a fracassada tentativa de implantar as lavouras de cana-de-açúcar, nos moldes do que acontecia na capitania de Pernambuco e seus poderosos senhores de engenho. Ainda no período colonial os bandeirantes paulistas se enveredaram nas viagens a procura de ouro, pedras preciosas no interior do País. Até o final do século XVIII, nosso estado não tinha nenhuma atividade econômica lucrativa.
Nas vilas e povoados ficavam apenas, mulheres, crianças e idosos em extremo estado de pobreza, pois, os que poderiam trabalhar na lavoura estavam nas bandeiras, nas expedições que redesenhavam as fronteiras do Brasil. De São Paulo, a capital da província, saíam os bandeirantes que foram responsáveis pela expansão do território brasileiro, muito além dos limites do Tratado de Tordesilhas, enriquecendo cada vez mais Portugal e a Coroa. Enquanto avançavam à procura de ouro, também exterminavam nações indígenas que não se subjugavam aos seus intentos.

1.2.1 Os bandeirantes

Estes homens, que saiam de São Paulo e São Vicente, dirigiam-se para o interior do Brasil caminhando através de florestas e também seguindo caminho por rios. O Rio Tietê, por exemplo, foi um dos principais meios de acesso ao interior de São Paulo e Minas Gerais. Estas explorações territoriais eram chamadas de Entradas ou Bandeiras. Enquanto as Entradas eram expedições oficiais organizadas pelo governo, as Bandeiras eram financiadas por particulares (senhores de engenho, donos de minas, comerciantes). 
Do século XVII em diante, o interesse dos portugueses passou a ser a procura por ouro e pedras preciosas. Então, os bandeirantes Fernão Dias Pais e seu genro Manuel Borba Gato, concentraram-se nestas buscas desbravando Minas Gerais. Depois outros bandeirantes foram para além da linha do Tratado de Tordesilhas e descobriram o ouro. Muitos aventureiros os seguiram, e, estes, permaneceram em Goiás e Mato Grosso, dando início a formação das primeiras cidades. 

1.2.2 Os tropeiros

Várias cidades do interior do Brasil tiveram origem a partir de povoados que surgiram nos pousos ou caminhos das tropas de mulas, responsáveis pelo transporte da produção e de gêneros de primeira necessidade, no Brasil Colônia, bem antes das estradas de ferro e de rodagem. Embora Vargem Grande do Sul tenha se originado a partir de uma doação de terras à Igreja, estava localizada na rota dos tropeiros que iam e voltavam de Minas Gerais, Mato Grosso e também para o Goiás. Logo no início do povoado (Bairro da Porteira), alguns já estavam radicados aqui com suas famílias. São descendentes desses antigos tropeiros: Capitão Antônio Pinto Fontão (pai do Capitão João Pinto Fontão) e o mineiro de Boa Esperança, Antônio Evangelista Pereira (também conhecido por Antônio Caçador, pai de Palmiro (Ióte carreiro), avô de Ramiro Lúcio Pereira, Limerci Lúcio Pereira e João Lúcio Pereira, falecidos). Ambos deixaram numerosa descendência. Outro tropeiro atuante na cidade foi José Victor Rodrigues, comerciante, carroceiro, fazendeiro e benfeitor que doou parte das suas terras para a construção do hospital de Caridade e da igreja Nossa Senhora Aparecida. O surgimento do tropeirismo está ligado às necessidades do Brasil colonial que se mostrava como um imenso sertão, bravio e desconhecido e trilhas por entre a mata, no lugar de estradas.  Ao longo do século XVIII, a economia colonial crescia, e com ela, a necessidade de abastecer os centros urbanos que floresciam, sobretudo nas Minas Gerais. Estima-se que entre os anos de 1700 e 1760, cerca de 700.000 pessoas teriam imigrado de Portugal para o Brasil, rumo a Minas Gerais, o número de escravos africanos teria sido maior ainda. Com a queda no comércio do açúcar os senhores de engenho passaram a vender seus escravos aos mineradores e gente de todo o País acorreu para a região. Num primeiro momento, o governo português considerou positiva a imigração para o interior da colônia, já que a maior parte dos habitantes se concentrava nas regiões litorâneas. Porem, logo a Coroa perceberia que os campos produtores de alimentos em Portugal e no Brasil, estavam abandonados. Em pouco tempo surgiram vários povoados com milhares de habitantes desabastecidos.  Não é fácil abastecer centros populacionais nascidos quase da noite para o dia. Havia gente demais para ser alimentada, vestida, calçada e abrigada.
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Localizada a grande distância do litoral, dispersa em região montanhosa, a população mineira dependia para tudo de um complexo sistema de transporte. A tropa de mulas constituiu autêntica infraestrutura de todo o sistema. O tropeiro passa a ser o principal abastecedor dos povoados que se formavam em torno das minas de ouro. O transporte no lombo de mulas, únicos animais que conseguiam resistir com carga a percorrer grandes distâncias por caminhos inóspitos. À época, havia localidades onde se concentravam os tropeiros mais habilitados: Mogi-Mirim, Campinas e Jundiaí. Os tropeiros sucederam os bandeirantes no desbravamento das terras brasileiras e eram na realidade hábeis comerciantes, adquirindo produtos de uma determinada região e revendendo em outras mais distantes. Em Sorocaba, no interior de São Paulo, por exemplo, aconteciam grandes feiras durante todo o ano, ali sendo comercializados animais (bois, cavalos, mulas), charque e outros gêneros que vinham do Rio Grande do Sul e eram levados para a região de garimpo em Minas, e, para os engenhos de açúcar no Nordeste. Os tropeiros do garimpo levavam o ouro até o porto de Paraty - RJ, de onde retornavam com cargas de tecidos e outros produtos manufaturados que chegavam de Portugal. Foram pioneiros da logística que viabilizou o ciclo do ouro e o início da cafeicultura. Além do importante papel na economia, os tropeiros tiveram grande importância cultural  como veiculadores de costumes, hábitos ideias e notícias entre os povoados. Considerados pioneiros “profissionais do jornalismo”, além de mensageiros, visto que o serviço dos correios inexistia. Eram pessoas que gozavam de alto conceito nas comunidades em que serviam, tidos como homens de extrema confiança, respeito, moral e boa conduta nos negócios. Esses eram honrados, literalmente, pelo fio do bigode, arrancado e colado nos documentos. No código de ética que seguiam, algumas regras eram sagradas: “Nunca deixar uma porteira aberta; Respeitar a propriedade alheia; Saudar a todos que encontrar no caminho; Nunca entrar na casa de alguém pela porta da cozinha, bater sempre na porta da frente; Respeitar as mulheres; Ser leal aos companheiros; Ser correto nos negócios; Honrar a palavra dada”.
Ser tropeiro na época era o sonho de todo menino. Iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais, alimentos, tecidos etc.), o condutor da tropa
Em cada tropa, havia três posições disputadas entre os tropeiros: o madrinheiro, o tocador e o arreador. Não havia mulheres. Ressalta-se aqui o trabalho dos madrinheiros eram meninos de até 15 anos que encabeçavam as tropas e iam montados numa mula onde se pendurava uma espécie de sino que conduzia os outros animais, durante as viagens. Nos pousos, eram os responsáveis pela comida. A culinária tropeira é considerada berço da comida paulista, mineira, goiana e gaúcha, por preservar a identidade das tradições indígenas, portuguesas e espanholas, que se misturaram para formar um complexo patrimônio cultural. Culinária, ainda hoje tão apreciada, era a especialidade dos meninos madrinheiros. Os pequenos cozinheiros preparavam o famoso feijão tropeiro, o virado, o arroz de carreteiro, a paçoca de carne (feita de farinha de milho e carne seca), couve picada, a jacuba (refresco de água, farinha de milho, adoçado com rapadura) e o café. Tudo feito em uma fogueira chamada trempe, formada por três estacas de madeira fincadas no chão em forma de triângulo, onde se penduravam as panelas. O tucuruvá, fogão improvisado sobre um cupinzeiro, até hoje utilizado nas roças do interior paulista, também foi hábito divulgado pelo tropeirismo.
No trajeto, os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios e envolvia várias semanas, ou meses. Dominavam o cálculo das distâncias em léguas. O pouso em geral ficava em fazendas, nada mais do que um rancho rudimentar coberto de sapé e o potreiro, uma espécie de curral e sempre localizado perto de um riacho. É interessante notar que, dezenas de cidades do interior na região sul e sudeste do Brasil atribuem sua origem ao tropeirismo. O declínio da atividade tropeira começou com a chegada das linhas férreas, finalizando com o desenvolvimento do transporte rodoviário (caminhões).

1.3 Cafeicultura

O café chegou ao norte do Brasil, mais precisamente em Belém, em 1727, trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranhão e Grão Pará, que o enviara às Guianas com essa missão. Já naquela época o café possuía grande valor comercial na Europa, onde era bastante consumido nas cortes e pela elite da sociedade da época.
Palheta aproximou-se da esposa do governador de Caiena, capital da Guiana Francesa, conseguindo conquistar sua confiança. Assim, uma pequena muda de café Arábica foi oferecida clandestinamente e trazida escondida na bagagem desse brasileiro.
O plantio encontrou condições climáticas adequadas e foi se espalhando pelos estados do Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Inicialmente, a produção de café atendia o consumo interno.
Num espaço de tempo até que curto, o café passou de uma posição relativamente secundária para a de produto-base da economia brasileira. Desenvolveu-se com total independência de Portugal, ou seja, apenas com recursos nacionais e visava produzir de riquezas.
Mas, foi na província de São Paulo, a partir do Vale do Paraíba, em 1825, que a cultura encontrou condições privilegiadas iniciando um novo ciclo econômico no Brasil: ciclo do café.
Foi nessa época que São Paulo passou a assumir uma posição de destaque no cenário nacional, com o avanço dos cafezais, que encontraram na terra roxa do norte da província o solo ideal. A princípio a produção era escoada até o porto de Santos, através das tropas de muares. Mas, a expansão da cultura do café exigiu a multiplicação das estradas de ferro, iniciando-se então (1860-1861) entre Santos e São Paulo os trabalhos da construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, a São Paulo Railway, responsável pelo primeiro trem a ligar as duas cidades.
Esse foi um período de grandes transformações, marcado pela crise do sistema escravocrata, que levaria à Abolição em 1888 e que daria lugar, entre outros fatos, à chegada em massa de imigrantes, principal alternativa de solução ao problema da mão-de-obra na lavoura cafeeira. Tanto a capital como cidades do interior da província de São Paulo prosperam muito a partir de então.

 (Porto de Santos , início do séc.XX)


1.4 São João da Boa Vista

Poucos anos antes da fundação de Vargem Grande, São João viveu um período de estagnação econômica por conta da Guerra do Paraguai (1864 a 1870), que consumia boa parte das receitas municipais com os pedidos do governo para compra de armas, viveres, transporte para as tropas. Durante o período da guerra, a cidade não conseguiu nenhum melhoramento significativo, apenas reparos e consertos de ruas e estradas.
Finda a Guerra, as terras da região passaram a ser valorizadas com a chegada das primeiras plantações de café.
A cultura do café em áreas com declive acentuado e falta de manejo adequado quanto à preservação do solo gerou erosão devastadora. As terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou para outras regiões: oeste da província de São Paulo, centralizando-se em Campinas e estendendo-se até Ribeirão Preto, em largas superfícies, formando os famosos "mares de café". Aqui, os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos e o relevo também facilitava ainda a comunicação, o transporte e proporcionava concentração da riqueza.
A região de Campinas, incluindo São João da Boa Vista e povoados vizinhos, passa a ser o novo pólo produtor, sendo toda produção enviada a São Paulo e depois exportada através do porto da cidade de Santos, onde ficava também a Bolsa do Café.
Nem bem acabava a guerra do Paraguai, o País entrava na campanha abolicionista. O Imperador Dom Pedro II era favorável ao fim da escravidão, mas sua intenção era fazê-la em etapas, com indenizações, de modo que a transição para trabalhadores pagos não fosse traumática à economia da época.

A chegada de milhares de imigrantes, além de resolver o problema da mão-de-obra da lavoura cafeeira, permitiu maior ocupação do interior do Estado. Criaram-se as condições necessárias para que pequenas fábricas, subsidiárias do café, dessem os primeiros passos em direção à industrialização. Com o interior já integrado ao cenário do rápido crescimento da província, começou haver a preocupação com a construção de novas estradas.

1.5 Fundação de Vargem Grande

Em 1874, o Coronel Francisco Mariano Parreira obtém licença para erigir uma capela dedicada à Santana, no pequeno povoado Bairro da Porteira (primeiro nome de Vargem Grande do Sul). Nesse mesmo ano, com a divisão da Fazenda “Várzea Grande”, com 3.146 hectares, em várias outras fazendas e sítios, os herdeiros Antônio Rodrigues do Prado, José Moreira e D. Antônia, doaram parte das terras ao patrimônio da futura cidade.
De acordo com pesquisa sobre a fundação de Vargem Grande levantada pelo doutor e professor Osvaldo Pereira (jornal “A Imprensa”, 29.09.1974), e também registrada por Mário Póggio:
“Em 1849, José Alves da Cunha e sua mulher Tereza Alves da Cunha requerem ao Juiz de Casa Branca uma audiência para, juntamente com os demais herdeiros, tratarem da divisão da Fazenda Vargem Grande (talvez por morte de Dona Izabel Maria de Candeias?).
Em 1854, executou-se a divisão havendo o aparecimento de beneficiados, Surgiram então da primitiva fazenda 50 sítios e pequenas fazendas. Com isto a região ia povoando-se, No ano de 1873 a pedido de Antonio Rodrigues do Prado, sua mulher e demais herdeiros inicia-se nova divisão da fazenda “Várzea Grande” terminada em 26 de setembro de 1874. Foram feitos 65 pagamentos e entre eles o pagamento a Santana, por doação de Antonio Rodrigues do Prado, José Moreira e Dona Maria Antonia Flauzina Alves, para formação de patrimônio. Eis o pagamento à Santana (ortografia da época):
“Pagamento a Santana do quinhão que lhe coube e que importou em trezentos mil reis (300$000). Haverá para seu pagamento o terreno de Campos e Mattos no valor de trezentos mil reis compreendido dentro das seguintes demarcações: tem principio em uma cova que se fez na beira do brejo acima da estrada e desta em rumo a várzea em uma cova, e neste mesmo rumo em uma laje de pedra em frente à casa de Francisco Vicente, e seguindo o mesmo rumo em um marco que se fez acima da estrada que vae para Dona Mariana, e desta a esquerda em rumo ao Rio Verde em uma cova ao pé de um pau de muxoco que se fez marca e pelo Rio Verde abaixo até frontear um olio (sic) verde e deste a uma cova junto a um pau Soita Cavallo (sic), e deste a esquerda a um toco de Jequitibá, e deste em rumo a uma cova no alto do Campo, junto a um Jacarandá, e deste a esquerda em rumo a outra cova perto de um angico e desta a esquerda a cova onde teve principio devizando (sic) com Antonio Borges, com Francisco Antonio da Silva, Francisco Vicente, e com as ausentes. E por esta forma houveram o Juiz e Louvados por feito o pagamento que assignaram (sic), Eu Aureliano Gonçalves dos Santos, Escrivão, escrevi. Ribeiro de Loyola - Luiz Antonio da Silva – Lourenço Antonio Ferreira da Costa”.
Com a formação do patrimônio, foi celebrada neste mesmo ano de 1874 a primeira missa pelo Padre José Valeriano de Souza, vigário de São João da Boa Vista. Como não havia templo, a missa foi celebrada na casa de João Carneiro, o Boiadeiro, às “margens de um córrego que ia desaguar no Rio Verde” (Córrego da Grama), aproximadamente onde depois situou-se a sede do Capitão Manoel Nogueira de Carvalho, Capitão Manéco Nogueira.
No alto da colina havia apenas um cruzeiro, talvez por se encontrarem ali o caminho que ia para S. Sebastião da Grama (Estrada da Mata), continuação da estrada que vinha de Casa Branca (atual Rua do Comércio), o caminho que ia para S. João da Boa Vista e que o levava para os lados da atual Vila Polar e Itobi, onde havia algumas fazendas.
Ainda em 1874, o Coronel Francisco Mariano Parreira consegue licença para erigir uma capela, construída onde hoje é o jardim público, aproximadamente onde está a fonte luminosa, por uma comissão formada pelos Srs. Ildefonso Garcia Leal, José Gregório de Carvalho, Francisco José da Costa, João Batista Figueiredo e outros.
De construção muito simples, a pequena capela, voltada para o lado da atual Matriz, media apenas 6,60 metros por 4,40, mas foi ela o núcleo em torno do qual aglutinaram-se aos poucos os moradores e deu origem à povoação”.
Em sessão de 17 de janeiro de 1876, na Câmara de São João, o Coronel Francisco Mariano Parreira apresentou a planta da divisão da fazenda “Casa Branca”, lavrada a 26 de setembro de 1874, em que figurava o quinhão do terreno demarcado pelos condôminos, para nele ser erguida a capela dedicada à “Santa Ana”, que se tornaria patrimônio da futura povoação (Bairro da Porteira). O Coronel Parreira, considerado um dos fundadores de Vargem Grande do Sul, também apresentou requerimento para que a planta e petição fossem arquivadas como documentos.
Em sessão da Câmara de São João, em 14 de julho de 1882, com base nesses documentos, apresentados pelo Coronel Francisco Mariano Parreira, fixaram-se os limites da povoação. Limites estes, ampliados quando da criação do Distrito Policial, em 1888.  A povoação foi também conhecida como Santana do Rio Verde (Almanaque de Jorge Seckler, edição de 1888, pag.672) – artigo do Dr. Theophilo Ribeiro de Andrade – A Cidade de São João, 24.02.1953.
São considerados fundadores de Vargem Grande do Sul, além dos herdeiros que fizeram a doação, o Coronel Francisco Mariano Parreira e Christiano Garcia Leal. Desde a fundação até os dias de hoje, a localidade
foi conhecida pelas seguintes denominações: Bairro da Porteira,  Sant’Ana do Rio Verde, Sant’Ana de Vargem Grande, Vargem Grande. Na década de 40, do século passado, o governo federal cogitou mudar o nome da cidade para Guaraú, mas enfrentou forte resistência da população local, que expressava sua indignação nas páginas de “A Imprensa”, dirigida por Walter Tatoni.
Em 1944, definitivamente, o município passou a ser denominado Vargem Grande do Sul.
 Durante a monarquia os vereadores que representavam o Distrito de Paz de Santana de Vargem Grande, viajavam até São João da Boa Vista onde participavam das sessões da Câmara Municipal.
Em 1889, por volta da Proclamação da República, Vargem Grande contava com cerca de 70 casas, agência de correio, um fiscal e armador, já com algumas ruas conservadas, uma farmácia, algumas casas comerciais, um hotel e outras atividades, ressaltando que à época, a maioria da população residia na zona rural.
Com a Proclamação da República (Decreto Nº 1, de 15 de novembro de 1889), foi decretada a dissolução das câmaras municipais.


1.6 Os Intendentes de Vargem Grande

Pelo Decreto Estadual Nº125, de 23 de janeiro de 1891, Vargem Grande é elevada a categoria de Distrito de Paz. A 03 de fevereiro do mesmo ano, a Câmara Municipal de São João da Boa Vista dá posse aos três juízes de paz do novo distrito, pela ordem: Francisco Mariano Parreira, Francisco José da Costa e Lúcio Bernardino da Costa. O primeiro escrivão de paz nomeado foi João Marçal Lemos. 
No período do sistema de “Conselhos de Intendências”, de 1891 a 1907, foram intendentes de Vargem Grande: Antônio de Pádua Fleury, José Umbelino de Andrade, João Batista de Andrade, Júlio Parreira, Manoel Camargo Regato, José Avelino Ferreira de Lima, Joaquim Otávio de Andrade (Quinzinho Otávio) e Vitor Manoel de Andrade Dias. Um vereador era escolhido para ocupar o cargo de Intendente

1.6.1 ANTÔNIO DE PÁDUA FLEURY
1892

Residiu por muitos anos em Vargem Grande e prestou relevantes serviços ao desenvolvimento do distrito, posteriormente, mudou-se para São João da Boa Vista. Seu filho, também chamado Antônio de Pádua Fleury foi escriturário e professor e faleceu em Santo André, onde residida há alguns anos.
Em 29 de setembro de 1892 deu-se a posse dos vereadores eleitos, por voto direto do povo (somente os cidadãos de bens votavam), para a primeira câmara municipal republicana de São João da Boa Vista. Com dois vereadores representando Vargem Grande: Coronel Lúcio Bernardino da Costa e Cap. Antônio de Pádua Fleury. Como ambos foram eleitos com o mesmo número de votos (157), por ser o mais velho, Pádua Fleury foi escolhido para o cargo de  Intendente (uma espécie de prefeito) do distrito de Paz de Vargem Grande. Na mesma sessão, conforme legislação da época, a Câmara Municipal de São João da Boa Vista tomou o compromisso dos juízes de paz para o triênio que se iniciava. Para Vargem Grande foram designados: 1º Juiz: Christiano Garcia Leal; 2º Juiz Francisco José da Costa e 3º Juiz João Domingos da Costa. Eram eleitos e empossados três juízes, na ausência do primeiro, o segundo substituía, na ausência do segundo, o terceiro, só na ausência do terceiro que se convocava um suplente. Em 1º de agosto de 1893, Lúcio Bernardino da Costa e Antônio de Pádua Fleury apresentaram ofícios renunciando aos cargos por motivo de saúde.

1.6.2 JÚLIO PARREIRA
1893/1894

Entre a renúncia de Pádua Fleury (1893/1894)e a posse de João Baptista Peixoto, ficou administrando o distrito o senhor Júlio Parreira, foi vereador e secretariou vários intendentes. Personalidade da nossa história de eficientes serviços prestados a Vargem Grande. Secretariou os serviços da câmara, dos tempos dos intendentes até a emancipação do Município. No Livro de Atas nº 02, do Arquivo Municipal, há registros de que teria se aposentado no serviço público municipal em 1922. Filho do Coronel Francisco Mariano Parreira, considerado um dos fundadores de Vargem Grande. Faleceu em Araraquara em 1952.

1.6.3 JOÃO BAPTISTA DE ANDRADE
1894

Somente em junho de 1894 foram eleitos os vereadores substitutos: Elias José Ferreira (irmão de Oscar Ferreira Varzim) e João Baptista de Andrade, que logo adoeceu (faleceu no ano seguinte), foi convocado João Baptista Peixoto.

1.6.4 JOÃO BAPTISTA PEIXOTO
1894
Em sessão de 02 de julho de 1894, após a posse dos vereadores diplomados, foi eleito para intendente do distrito de Vargem Grande o senhor João Baptista Peixoto, pois, aqui era domiciliado e residente, substituindo João Baptista de Andrade que não chegou a tomar posse, por motivo de doença. O intendente Peixoto também ficou poucos meses no cargo.

1.6.5 JOSÉ UMBELINO DE ANDRADE

1895
Tomando posse como vereador, na vaga de João Baptista Peixoto, Umbelino foi eleito Intendente de Vargem Grande, em sessão do dia 1º de março de 1895. No ano seguinte, José Umbelino de Andrade optou pelo cargo de Juiz de Paz. Posteriormente, mudou-se para Cascavel (Aguaí). No final da legislatura da primeira câmara, pós Proclamação da República, em sessão realizada em 15 de outubro de 1895, foi aprovada proposta do vereador Gabriel Guimarães para que as rendas dos distritos de Vargem Grande e Cascavel (Aguaí) fossem destinadas às melhorias desses distritos. Abrindo mão dos recursos que aqui eram arrecadados, São João da Boa Vista possibilitou grande impulso na urbanização, com abertura de ruas, abaulamento, colocação de sarjetas, iluminação (com lampiões), serviço de águas servidas, etc.

1.6.6 CORONEL FRANCISCO MARIANO PARREIRA

Na sessão extraordinária da Câmara de 26 de outubro de 1896, foi eleito intendente do Distrito de Vargem Grande, Mas, nessa época teve que se transferir para São João da Boa Vista e em seu lugar, assumiu Manoel Rodrigues de Camargo Regato. Mesmo não residindo em Vargem Grande, Coronel Parreira sempre acompanhava os passos do distrito (futuro município), onde era considerado um dos fundadores. Recentemente (ano 2010), a Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul foi procurada por um pesquisador ligado à Igreja Católica, que questionava se havia alguma justificativa especial para a sepultura do Coronel Francisco Mariano Parreira estar junto à sepultura do Padre Donizete Tavares de Lima, em Tambaú- SP. Posteriormente, a Câmara obteve, junto ao Diretor de Cultura daquela cidade, a informação de que o Sr. Mariano Parreira, faleceu em Tambaú, no dia 02 de Dezembro de 1932, aos 97 anos de idade, onde foi sepultado (sepultura nº 840).

1.6.7 MANOEL RODRIGUES DE CAMARGO REGATO
1896
A partir 26 de outubro de 1896, o distrito Santana de Vargem Grande tem como intendente Manuel Rodrigues de Camargo Regato, que faz várias obras de urbanização e construção no novo cemitério (Cemitério da Saudade, terreno havia sido doado em 1891), em substituição ao que existia onde é hoje a Igreja São Benedito. Também promoveu a instalação de postes de iluminação pública por meio de lampiões.  Em 15 de dezembro de 1897, é criada a Freguesia de Sant’Ana de Vargem Grande.


1.6.8 CORONEL JOSÉ AVELINO FERREIRA LIMA
1899

Vereador da Câmara Municipal de São João da Boa Vista é eleito para o cargo de Intendente (não há registro fotográfico). No final do século XIX e início do XX, as cidades do interior, graças às riquezas do café, começam a se preocupar e investir em infraestrutura.  No livro de nº 12, do Arquivo Municipal de Vargem Grande do Sul, encontramos o seguinte registro de contrato para prestação de serviços, firmado em 26 de fevereiro de 1901: “Contrato que fazem a Câmara Municipal de São João da Boa Vista, representada pelo seu Intendente cidadão José Fernandes da Silva Campos e Augusto Brant (contratado), para serviço de remoção de lixo, águas servidas e iluminação pública desta Freguesia” (Vargem Grande). Cem anos depois, algumas cláusulas são no mínimo curiosas: “Clausula 3ª – O serviço de iluminação pública será feito nas noites escuras, devendo o empresário conservar acesos os lampiões até dez horas da noite no inverno e às onze horas da noite no verão. As noites escuras compreendem aquelas em que não houver luar. Cláusula 4ª- O tempo de acender os lampiões será do terceiro dia de Lua cheia, até o quarto dia da Lua nova”. Curiosamente romântico! A natureza a serviço do homem.  Mais adiante há clausula que regulamenta a coleta de lixo: “Cláusula 11ª para o serviço de remoção de lixo e águas servidas a Câmara fornecerá um (1) burro e uma (1) carroça, e, para as águas servidas uma carroça com a competente pipa”.
Mas o que seriam “águas servidas”? Numa época em que o sistema de esgotos ainda não existia, o que fazer com os dejetos e águas sujas – ou “águas servidas” –, produzidos diariamente pela população? “Nas ruas e nos becos estreitos, os maus cheiros se confundiam. Nas praças, vísceras de animais e restos de vegetais estragados compunham um ambiente insalubre. Dentro das casas, cozinhas sem ventilação tornavam o ar viciado, com exalações pútridas de matérias orgânicas em decomposição. Nos quartos, poeira e mofo se misturavam ao cheiro dos penicos. Todo dia de manhã, eles eram esvaziados em barris de madeira que ficavam embaixo das escadas ou em um canto mais recolhido da casa. Quando o tonel já estava quase transbordando, recorria-se ao “préstimo” do escravo! (Revista de História da Biblioteca Nacional)”.
Com a abolição, as cidades e lugarejos passaram a oferecer serviços públicos de coleta de água suja, ou “águas servidas”, nos domicílio. Outro detalhe, não se fala em prefeitura, fala-se da Câmara, o Intendente era um vereador que cumpria o papel de executar e fiscalizar o que era decidido pela Câmara Municipal de São João da Boa Vista.


1.6.9  CAP. JOAQUIM OTAVIANO DE ANDRADE
1903 A 1906

Quinzinho Otávio, eleito para o conselho, assume o cargo de Intendente de 1903 a 1906. Também fizeram parte do Conselho de Intendentes por Vargem Grande, neste mesmo período: Antônio de Oliveira Fontão, José Otaviano Ribeiro da Silva, João Cândido da Costa, Antônio de Abreu Lima, Antônio de Pádua Filho, Antônio Urias de Barros, Heitor Manoel de Andrade Dias, Salvador Olympio Pamponetti, Júlio Pasmani, Christiana Garcia Leal, Theophilo Ribeiro da Costa, Aurélio Alvez de Andrade. Um período de grandes conquistas para o distrito. Nesse período foi construído o prédio da Cadeia Pública (1904). Posteriormente, em 1915, passou a abrigar as Escolas Reunidas. O mesmo prédio com pequenas reformas abrigou a delegacia de polícia entre as décadas de 40 e 60. Em 1970, após a instalação da Comarca (1969), foi o endereço do Fórum, a partir de 1988, no governo do prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio o prédio passa a ser a Casa da Cultura de Vargem Grande do Sul. Recentemente, foi reformada e retomou detalhes arquitetônicos da sua construção original em 1904.



1.6.10 VITOR MANOEL DE ANDRADE DIAS
1906-1907
Eleito vereador para a 5ª Câmara Republicana (Câmara Municipal de São João da Boa Vista), de 1905 a 1907, foi escolhido por seus pares como Intendente de Vargem Grande. De tradicional família de sesmeiros e fazendeiros (Cap. João Thomaz de Andrade que possuía terras da Serra da Fartura seguindo até São José do Rio Pardo), nasceu a 02 de fevereiro de 1870, em Paraguaçu-MG, e, faleceu em São João da Boa Vista em 28 de abril de 1930. Casou-se duas vezes. Em primeiras núpcias com sua parente Máxima Laurentina de Andrade, com quem teve cinco filhos. Em segundas núpcias casou com sua prima Elvira Gabriela da Silva Dias, com quem teve 14 filhos. (Família Junqueira: sua história e genealogia, p.916). A residência do Capitão Vitor Manoel é um marco arquitetônico na cidade de São João da Boa Vista, posteriormente, passou a ser sede do Clube Palmeiras em São João d a Boa Vista, com fachada bastante preservada.

1.7 Subprefeitura

As subprefeituras são criadas por lei federal em 1907. O primeiro subprefeito escolhido pela Câmara, foi o vereador Coronel Lúcio Bernardino da Costa, em 1908. No seu governo a cidade passa a contar com os serviços de energia elétrica, que é inaugurada em 1910.  Também foram subprefeitos: Cap. Quinzinho Otávio Major Antônio de Oliveira Fontão (1914/1915) e Cap. Belarmino Rodrigues Peres (1916/1921). Os subprefeitos eram escolhidos entre os vereadores eleitos
Entre 1912 e 1915, foram vereadores da Vila de Santana de Vargem Grande: Francisco Thomaz de Andrade (Presidente em 1912), Felippe Nery de Campos, José de Oliveira Costa, Augusto Ferreira Lima, Aurélio Alvez de Andrade. Em 1913, Manoel Rodrigues de Camargo Regatto (presidente), Lydio Leal, João Francisco Ribeiro, José Junqueira da Costa. José Carlos Vargas de Barros. Em 1915, João Pinto Fontão (Presidente), Herculano da Costa, Francisco Thomaz de Andrade, Antônio Federighi. Em 1916, Lúcio Bernardino da Costa (presidente), João Batista de Barros, Lydio Leal, João de Deus Ferreira Lima, Francisco Junqueira da Costa.


1.8 A chegada dos Imigrantes

Embora freqüentemente não seja vista como uma imigração, a escravidão africana no Brasil foi um movimento imigratório, todavia, foi realizado de forma forçada. Seu início ocorreu na segunda metade do século 16, e desenvolveu-se até o século 18, quando passa a ser proibida em 1850. Ao todo, entraram no Brasil aproximadamente três milhões de africanos.
A opção pela imigração em massa foi a forma de se substituir o trabalhador negro escravo, diante da crise do sistema escravista e da abolição da escravatura (1888). Ao mesmo tempo, essa opção se inseria no quadro de um enorme deslocamento transoceânico de populações que ocorreu em toda a Europa, a partir de meados do século XIX, perdurando até o início da Primeira Guerra Mundial. A onda imigratória foi impulsionada, de um lado, pelas transformações sócio-econômicas que estavam ocorrendo em alguns países da Europa e, de outro, pela maior facilidade dos transportes, advinda da generalização da navegação a vapor e do barateamento das passagens. A partir das primeiras levas, a imigração em cadeia, ou seja, a atração exercida por pessoas estabelecidas nas novas terras, chamando familiares ou amigos, desempenhou papel relevante. Nas Américas, pela ordem, os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil foram os principais países receptores de imigrantes. Portugueses, espanhóis, italianos, alemães, austríacos, entre outros povos, são atraídos pelas propagandas divulgadas em seus países, que acenam com uma vida melhor para quem quisesse se aventurar nos trópicos. É da Itália, porém, que vem a maioria dos imigrantes. Fogem da falta de empregos e da fome generalizada. A maioria dos imigrantes vem para as lavouras de café de São Paulo. Um número expressivo dirige-se ao Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde se desenvolve uma colonização baseada na pequena propriedade agrícola. Muitos ficam nos núcleos urbanos, como operários ou artesãos autônomos. O recenseamento de 1900 registra 1,2 milhão de estrangeiros no Brasil, ou cerca de 7% da população. Destes, cerca de 500 mil estão em São Paulo, 200 mil no Rio de Janeiro, mais de 140 mil no Rio Grande do Sul.

1.8.1 Portugueses

Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte, esse número aumentou: 600 mil imigrantes portugueses. O ápice do fluxo migratório ocorreu na primeira metade do século XX, entre 1901 e 1930: a média anual ultrapassou a barreira dos 25 mil. A origem sócio-econômica do português imigrante é muito diversificada: de uma próspera elite nos primeiros séculos de colonização, passou-se a um fluxo crescente de imigrantes pobres a partir da segunda metade do século XIX. Imigração de massa (1851-1930). As mulheres passaram a representar parcelas cada vez maiores dos grupos de imigrantes, e as crianças menores de 14 anos pobres, órfãs ou abandonadas, chegaram a representar 20% do total.  Alguns acontecimentos contribuíram para a mudança:
- o aumento expressivo da população portuguesa: a taxa de crescimento que em 1835 foi 0,08% pulou para 0,75% em 1854 e para 0,94% em 1878.
 - a mecanização de algumas atividades agrícolas, com excedente de trabalhadores;
- empobrecimento dos pequenos proprietários rurais que se multiplicaram e engrossaram as fileiras dos candidatos à imigração. O aumento foi de tal ordem que permitiu um significativo fluxo de emigrantes não apenas para o Brasil, mas também rumo aos Estados Unidos e, posteriormente, em direção à África.
Descendentes de imigrantes portugueses residem em Vargem Grande do Sul.  Antes mesmo dos grandes movimentos de imigrações e da fundação de Vargem Grande, já havia famílias de origem portuguesa aqui residindo: Amaral, Ribeiro, Melo, Fontão, Junqueira, Fonseca, Figueiredo, Mesquita, Silva, Miranda, Costa, Siqueira, Leal, Andrade, Soares, Pereira entre outros.  Segundo levantamentos editados por Ângelo Fasanella, o Livro de Registro de Estrangeiros cita que os primeiros imigrantes portugueses foram: José Teixeira, vindo em 1887 com os pais, Silvestre Teixeira e Feliciana de Jesus; Ventura Teixeira, em 1890; Albertina de Jesus em 1891, com os pais Francisco Lopes e Matilde de Jesus; Júlio Gomes Martins, em 1893; Manoel Ferreira e sua esposa Inês Rosa, em 1896; Gesuína Marques e seu irmão José Francicso de Freitas, em 1898; Ernesto Corrêa, em 1898, com seus pais Manoel Corrêa e Maria Moreira. Algumas famílias:

ALMEIDA – Várias famílias com este sobrenome, descendentes de imigrantes que se dirigiram primeiramente para outras regiões, antes de se estabelecerem aqui. No Livro Registro de Estrangeiros há apenas o padre Antônio de Almeida, que veio para o Brasil no ano de 1912. Natural da Freguesia de Espinho, nascido em 1888, foi pároco da Vargem Grande a partir de 1931, o primeiro a residir na Casa Paroquial.

COSTA – Manoel da Costa e sua esposa Ermínia de Jesus desembarcaram em Santos, no ano de 1921. Tiveram duas filhas,  Maria da Costa casou-se com José Matielo , com quem teve uma filha Maria Luiza Vicente. Aoutra filha de nome Virgínia, casou-se com Fernando Rui.
José Figueiredo Costa e Guilhermina Costa oriundos de Trás-os-Montes, Portugal, vieram casados para trabalhar na lavoura de café. Aqui nasceram seus sete filhos: Antônio, Maria, Alzira, Neide, José que não deixaram descentes na cidade. Enquanto que o filho Alfredo casou-se com Suzana Pinho e tiveram três filhos, e a filha, Josephina casou-se com Antônio Zamora e tiveram cinco filhos. Netos e bisnetos do patriarca José Figueiredo Costa, aqui residem.

DUQUE – No livro de Registro de Estrangeiros constam três irmãos da família Duque, portugueses, oriundos de Estremadura, aqui chegaram por volta de 1920 e, se casaram com três irmãs da família Jesus. Antônio Dias Duque casou-se com Maria de Jesus, cujos descendentes aqui residem. Manoel Dias Duque que se casou com Umbelina de Jesus, tem  um neto que reside na cidade. João Duque casou com Constantina de Jesus.

FRANÇA – Bento da Cruz França, vindo do Alentejo, desembarcou no Rio de janeiro em 1911, para trabalhar na Fazenda Cidreira, posteriormente foi jardineiro da Prefeitura Municipal e sacristão da igreja Matriz, por 35 anos.  Em primeiras núpcias casou com Maria Vitorino e tiveram os filhos: Maria de Lourdes França Tacili, José Vicente e Geraldo França. Casou-se em segundas núpcias com Maria Moneda, com quem teve as filhas Maria da Glória e Ana Maria. Bento tem filhos, netos e bisnetos residindo em Vargem Grande do Sul

MARTINS – Quase cem famílias têm o sobrenome Martins em Vargem Grande do Sul, segundo os levantamentos do Ângelo Fasanella, o sobrenome tem origem em Portugal e Espanha (Martinez). De Portugal, destaca-se a família descendente do imigrante Júlio Gomes Martins, natural de Beira Alta, que aqui chegou em 1893, casou-se com Francisca Piedade e teve 13 filhos: Júlio, Alfredo, João, Francisco, Estácio, Maria, Conceição, Lucila, Leontina, Otélia, Olívia, José e Antônio. Descentes do patriarca na cidade estão doze netos filhos de Estácio , que se casou com a espanhola Matilde Toledano: Luiz Carlos, Ednei, Antônio Renato, Marilene, Maria Inês, Eudácio Ruiz, Sônia Regina, Vilma Terezinha, Vera Lúcia, Estácio, Eli Regina e Luciana Cristina. Esses netos deram ao patriarca cerca de 30 bisnetos.
 
1.8.2 Italianos

Os imigrantes que se dirigiram para a região de Vargem Grande do Sul, quase todos desembarcaram em Santos. De lá, vinham por estrada de ferro para São Paulo. Daí, dirigiam-se às fazendas, ainda por ramais ferroviários ou em carroças.


Segundo estudos do “Circolo Italiano” (texto e pesquisas de Adélia Regina Vidale Fontão) local, para Vargem Grande do Sul vieram aproximadamente 900 pessoas. A maior parte delas está registrada no LIVRO DE REGISTRO DE ESTRANGEIROS, de acordo com o Decreto de nº 3.010, em seu artigo 149, datado de 20/08/1938. Este decreto obrigava, em função da guerra, todos os estrangeiros vivos e maiores de 18 anos a se registrar nas cidades onde morassem e trabalhassem. Nem todos os imigrantes se registraram, pois: 1) alguns imigrantes já tinham falecido na época do registro, e seus filhos, aqui nascidos, não tinham a obrigatoriedade do registro; 2) alguns outros imigrantes já tinham mudado para outra região, quando da época da obrigatoriedade do registro; 3) imigrantes que vieram para a cidade após o término da guerra vieram da Itália diretamente para Vargem Grande do Sul, aproximadamente 600 pessoas e indiretamente outras 300 pessoas. Entre os anos de 1895 e 1900 a população do município (1.300 habitantes) aumentou em 50%, por causa da vinda dos imigrantes italianos. Vargem Grande do Sul possui, atualmente, mais de 3.000 famílias descendentes de italianos, o que corresponde a mais de 40% das pessoas aqui residentes. Ressalte-se que, na década de 70, os descendentes de italianos perfaziam 60% da população total. Os 600 imigrantes diretos que vieram para a cidade tiveram uma descendência de aproximadamente 2.600 filhos, dos quais, 1.900 são falecidos; os outros 700, ainda vivos, estão distribuídos entre Vargem Grande do Sul (cerca de 40%), outras cidades do estado e outros estados. Do norte da Itália - especialmente das regiões do Veneto, da Lombardia e do Piemonte – veio 65% dos imigrantes italianos. As cidades eram Veneza, Verona, Treviso, Rovigo, Bergamo e Mantova. Do sul da Itália e da Sicilia, basicamente das cidades de Napoli, Caserta e Caltanisseta, veio 15% da população imigrante. O restante (20%) veio das cidades de Lucca, Roma e Aquila, localizadas nas regiões da Toscana, Lazio e Abruzzo. Itaguassu, Boa Vista, Barro Preto, Santa Cristina, Cafundó, Três Barras, Conquista, Monte Alto, Fartura, Boa Esperança, Chapadão, Barreirinho, Santana, Graminha eram as Fazendas de café que recebiam os imigrantes italianos. Seus proprietários levavam os sobrenomes de Costa, Garcia, Fontão, Parreira, Carvalho, Figueiredo, Ribeiro, Lima, Leal, entre outros. As fazendas de café e a imigração foram responsáveis pelo desenvolvimento sócio-econômico do pequeno Distrito de Paz, depois Vila e finalmente município de Vargem Grande do Sul. O fluxo de imigrantes italianos para a cidade foi mais intenso entre os anos de 1890 e 1900 - 60% dos imigrantes vieram nesta época. Porém, os italianos já se faziam presentes na década anterior (principalmente entre os anos de 1888 e 1889): Paolo Cossi, Domingos Passoni, Luiz Indrigo, Rosa Rigamonte, Emilio Baizi, João e Angela Canal, Antonio e Luiza Longhini, Augusto Chiavegati, Angelo e Davi Bedin, Luiz e Anibal Mazetto, Carlos e Josefa Maltempi. Estas pessoas são consideradas como os primeiros imigrantes italianos que vieram para Vargem Grande do Sul.
"Longe da pátria-mãe, os imigrantes defrontavam-se com situações novas que deveriam resolver, e sozinhos. Sentindo-se sós, juntavam-se as diferentes famílias, para ajudar-se mutuamente. E exatamente por isso, nasceria a atual SBB (antiga Societá de Mutuo Socorso). Muitos nem sabiam ler e escrever; mas sempre tinha alguém que ajudava, até na contabilidade doméstica. Era o que fazia, por exemplo, o italiano Caetano Cipolla; em troca, preparavam "rua de café" para ele carpir, arruar e tirar mato. Era o sistema italiano de débito e crédito". TEXTO EXTRAIDO DO LIVRO VARGEM GRANDE DO SUL, EM PROSA, VERSO E FOTOS.
Alguns imigrantes não se adaptaram à vida no campo, até porque já saíram da Itália com profissão própria (artesão, carpinteiro, ferreiro). Outros, já familiarizados com a vida no campo, acabaram tornando-se proprietários de terras, casos de Constante Bonvento, Antonio Bovo, Ângelo Cavalheiro, Armando Cachola, Aureliano Franchi, Santo Paluan, José Rinaldi e Aurélio Sandrini.
Aqueles que se transferiram para o núcleo urbano, impulsionaram seu desenvolvimento, atuando nos mais diversos ramos de atividades. Caso dos ferreiros João Bernardelli, Vicente Gadiani e Ângelo Sbardelini; dos carroceiros Paolo Cossi, Luciano Schiavo e Antonio Catini; do pedreiro Luis Gadiani; dos alfaiates Belarmino Fortini e Ranieri Rossi; do sapateiro Raimundo Feminelli; do carpinteiro João Canal; do lustrador de móveis Bernardo Tonin; do fotográfo Virgilio Forlin; do musicista Luiz Malatesta; do contabilista Luis Filipini.Outros imigrantes ainda trabalhariam como operários (Biazi Picone,José Alexandre e Domingas Santoni), como funcionários públicos municipais (Remolo Cherobino, Ernesto Bologna e Antonio Avanzi) e até mesmo como pequenos industriais (Ângelo Sartori, José Avanzi e Domenico Beloni). Não foram poucos também aqueles que trilharam o ramo do comércio, como Iletro Cachola, Caetano Cipola, Oswaldo Corsi, Girolamo Forlin, Vicente Polito, José Rotta, Adolpho Pratali e Alexandre Trevisan.(site Circulo Italino de Vargem Grande do Sul (www.circuloitaliano.com.br).

1.8.3 Espanhóis

A presença espanhola em terras brasileiras acontece desde o início da colonização do Brasil. Porém só se pode falar de uma efetiva imigração de espanhóis para o Brasil a partir do final do século XIX, quando a imigração se intensifica devido ao agravamento dos problemas sócio-econômicos naquele país que não tinha estabilidade política e vivia sob a ameaça de guerras civis. A maior parte dos imigrantes espanhóis se instalou em São Paulo, onde predominaram os andaluzes (60%), seguidos pelos galegos (20%). Os galegos se dirigiram principalmente para os grandes núcleos urbanos e, em sua maioria, chegaram ao Brasil por conta própria. Por outro lado, a maioria dos imigrantes, principalmente andaluzes, veio para as fazendas de café em São Paulo. O maior fator de atração era a possibilidade de viajar de graça. Assim, quem não tinha dinheiro para ir para Argentina, Uruguai ou Cuba, vinha de graça para o Brasil. Existia também outro tipo de imigrante espanhol: os que chegavam com dinheiro para se estabelecerem como pequenos proprietários nos Núcleos Coloniais que o estado havia fundado. Entre 1931 e 1933, a capital de São Paulo contava aproximadamente com 50 mil residentes espanhóis. No mercado de trabalho, os espanhóis dedicavam-se predominantemente a trabalhos manuais. Outros se dedicavam à indústria - eram tecelões, fiandeiros, sapateiros, carpinteiros e mecânicos. Muitos galegos tornaram-se proprietários de cafés, restaurantes e hotéis. No comércio, os espanhóis se destacavam em fundições, serrarias, compra e venda de cereais, frutas frescas e secas, importação de azeite, vinhos etc.
Em Vargem Grande do Sul há muitos descendentes de imigrantes espanhóis evidenciados por sobrenomes de famílias como exemplos: Otero, Fermoselle, Aliende, Garcez, Rodriguez, Peres, Zamora, Gutierrez, Escobar, Morales, Ortega, Maldonado, Martins, Ruiz entre outros. Exemplos:
ALIENDE – o patriarca da família era Francisco Aliende casado com Jula Serrano, com quem teve os filhos: Áurea, Angel, Fidel, Escolástico e Felix. O patriarca, oriundo de Madrid, veio para o Brasil em 1900. Apenas Escolástico deixou descendentes em Vargem Grande do Sul. Casado com Dolores Lopes, com quem teve os filhos Lino, Augusta, Helena, Francisco, Natalino e Ulisses, todos falecidos, Aniceto (reside em São Paulo), Santiago, Olinda, Dulce, os três últimos residem em Vargem Grande do Sul. Lino tem seis filhos que residem na cidade: José Carlos, Antônio Carlos, Roberto, Vera aparecida, Francisco Carlos e Maria Angélica. Dr. Natalino (cirurgião dentista renomado em sua época), tem três filhas residindo na cidade, Natália, Beatriz e Lúcia além de netos.
BERA – A família veio de Sevilha, no ano de 1911, desembarcando no Rio de Janeiro, vieram para Vargem Grande trabalhar na fazenda São José. Francisco Belmonte Bera casou-se com Emília Relvas, e tiveram os filhos: Adelino, José, João e Aparecida, há também netos do patriarca.

CASTROVIEJO – O patriarca, Antolin Castroviejo, veio para o Brasil em 1898 com a esposa Atanásia Ângulo e uma filha Flora Primitiva Castroviejo.  Outra filha, Epifânia Castroviejo nasceu no Brasil e se casou com o português Tosta Martins, foram residir em Casa Branca-SP. Oscar Martins Castroviejo era filho deste casal, portanto, neto de Antolin. Oscar teve 12 filhos e residem em Vargem Grande: Noberto, Marilene e Leonor. Estes bisnetos já proporcionaram tataranetos ao patriarca Antolin Castroviejo.

FERMOSELLI - O casal, Tereza Pires e Clemente Fermoselli, era proprietário de uma fazenda na província de Zamora, Espanha. Atualmente, essa propriedade tornou-se município que leva o nome de Fermoselle. Após desembarcar no porto de Santos, em 1894, a família (o casal e duas filhas:
 Emília e Carmen Fermoselli) fixou residência em São João da Boa Vista, posteriormente, vieram para Vargem Grande, ao todo o casal teve cinco filhos: Antônio que se casou com a também espanhola Josefa Gonçales Esteban, com quem teve os filhos: João, Maria, Tereza, Manoel, Joaquina, Aurora, José, Helena e Clemente. Num primeiro momento trabalharam na Fazenda Barro Preto, posteriormente, estabeleceram-se como comerciantes em São João da Boa Vista e Vargem Grande do Sul (Antônio Fermoselle e Josefa Gonçalez Fermoselli). Seus descendentes são membros atuantes em nossa sociedade com grandes contribuições em várias atividades assistenciais, religiosas, esportivas e políticas.

GARCIA –  Bonifácio Garcia, filho de Firmino Garcia e Margarida Blanco. Região da Galícia, chegou em 1890, aqui se casou com Pura Peregrino, com quem teve os filhos: Izabel, Manoel e Vicente (descendentes na região de Assis, SP), José (com descendentes em São José do Rio Pardo-SP) e Salvador Garcia (o Colinha), eletricista, encanador muito querido aqui em Vargem que, casando-se com Emília Garcia, tiveram dois filhos Nélson (eletricista e encanador, também “Colinha”) e a professora Marilene Garcia Ferreira, ambos têm filhos e netos residentes em Vargem Grande do Sul.

GIMENEZ – Várias famílias com sobrenome Navarro Gimenez (no espanhol o sobrenome  do pai precede o dá mãe, que fica por último). Destaque para o senhor Eugênio Gimenez, natural de Cueva de Vera, casado com a senhora Asssuncion Rojas. Fugindo da Guerra, desembarcaram em Santos no ano de 1911. Viveram alguns anos em São José do Rio Pardo e posteriormente, vieram para Vargem Grande do Sul. O casal teve sete filhos: Antônia, Luzia, Eugênio, Jesus, Luiz, Assuncion e Josefa. Os filhos deixaram numerosa descendência ao patriarca, aqui residem netos, bisnetos e tataranetos.

MARTINS – Manoel Martins (talvez fosse Martinez), veio ao Brasil em 1911, oriundo de Granada, filho de Francisco Martins e Joana Caramez. Em entrevista para “Nossa Gente” (Gazeta de Vargem Grande – 1989), senhor Manoel relatou que após viver alguns anos na capital paulista, voltou com a família para Espanha, pois, lá possuíam propriedades. Retornou ao Brasil anos depois, casou-se com Catarina Gadiani e tiveram onze filhos: Átila, Élio, Moreli, Eneida, Arcélia, Aliberti, Iolanda, Jenny, Anor, Miriam e Sara. Manoel Martins foi respeitado mestre de obras aqui na cidade, entre várias construções, destaca-se a do prédio da E.E. “ Prof. Benjamin Bastos”. Há numerosa descendência do senhor Manoel aqui em Vargem: filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

RODRIGUES – Vários ramos da família Rodrigues, uma imigrante de destaque na nossa comunidade foi a senhora ARLINDA RODRIGUES, nascida em Goyan, no ano de 1910, filha de Anastácio Rodrigues e Ramona Sobrera, tinha cerca de um ano de idade quando a família imigrou. Dos sete irmãos, apenas ela e seu irmão Ivo Rodrigues (Ivo do Cartório) aqui permaneceram. O pai veio da Espanha a convite de outro imigrante espanhol Severino Rodrigues Carreira (pai do Cap. Belarmino Rodrigues Peres), para trabalhar na construção civil e nos cafezais. Arlinda Rodrigues casou-se com o Prof. Henrique de Brito Novaes (professor e diretor do “Benjamin Bastos”, foi vereador e presidente da Câmara municipal), com quem teve os filhos: Regina Maura, Washington Novaes (jornalista e ambientalista reconhecido mundialmente), Luiz Henrique, Sílvia Aparecida, e Paulo Roberto. Modista talentosa, Dona Arlinda tinha clientes de várias localidades e por décadas foi referência da alta costura na região. Amava seu trabalho, freqüentava os principais pontos de vendas de tecidos e aviamentos de São Paulo e do Rio de Janeiro, sempre atualizada. Em meio à montanha de tecidos a serem confeccionados, não pensava duas vezes em pegar um ônibus até a capital e subir e descer a Rua 25 de março e a Porto Geral, a procura de miçangas, cristais, pérolas, plumas, paetês  para atender aos pedidos das clientes. Foi assim, incansável, até que problemas de visão a impediram de trabalhar aos 90 anos de idade. Faleceu em 2006, aos 96 anos. Deixou filhos, netos e bisnetos.

1.8.4 Alemães

Durante muitas décadas do século XIX, os alemães chegaram a ser o maior grupo de imigrantes a entrar no Brasil, superando inclusive os portugueses. A concentração da colonização alemã no Sul do Brasil possui uma explicação: grande parte da região estava despovoada e as fronteiras com as ex-colônias espanholas ainda não estavam bem definidas. Em conseqüência, a falta de povoadores na região poderia culminar numa fácil invasão estrangeira. Os alemães que imigraram para o Brasil eram normalmente camponeses insatisfeitos com a perda de suas terras, ex-artesãos, trabalhadores livres e empreendedores desejando exercer livremente suas atividades, perseguidos políticos, pessoas que perderam tudo e estavam em dificuldades, pessoas que eram "contratadas" através de incentivos para administrarem as colônias ou pessoas que eram contratadas pelo governo brasileiro para trabalhos de níveis intelectuais ou tecnológicos. Em Vargem Grande a imigração alemã foi muito pequena, mas não menos importante. As famílias mais antigas são Bergander, Hattnher e Kemp. Theodor Bergander, natural de Kiel, cidade ao norte da Alemanha, às margens do Mar Báltico, imigrou para o Brasil aos 12 anos de idade, em 1918. Veio com a mãe e o irmão (Ernest Bergander). Seu pai, Silvester Bergander, já estava trabalhando aqui na construção de uma estrada de ferro no Estado de Pernambuco e trouxe a família para o Brasil, assim que a I Guerra Mundial (1914-1918) terminou. Theodor completou seus estudos no Rio de Janeiro e mudou-se para a capital paulista. Na década de 30, era proprietário de um lacticínio que tinha filial aqui na cidade. Veio residir, definitivamente, em Vargem Grande nos anos 40, juntamente com a esposa a também alemã Gertrudes Bergander (Antona, Hamburgo, chegou ao Brasil em 1927) e as filhas Karin, Ingrid e Gisela (falecida a 31.08.2010). Em “Grandes nomes da Terra Vargengrandense” Mário Póggio Júnior registrou: “O Senhor Theodor Bergander foi um grande exemplo para os vargengrandenses, pois mostrou que a determinação supera barreiras, vez que pelo estudo por meio de livros desenvolveu uma indústria que até hoje é símbolo da região.” Theodor teve a Fábrica de Manteiga Sublime, com sua matriz na Capital Paulista, e tinha filiais nas cidades mineiras de Caxambu, Guaxupé e Cabo Verde, mas para felicidade de nossa terra, em 02 de outubro de 1942, inaugurou uma filial em Vargem Grande do Sul, localizada na Rua José Bonifácio, nº 618 (antiga sede da Gazeta de Vargem Grande), que tinha como gerente o Senhor Pedro Rosenfeld e produzia manteiga e mussarela. Após, com o encerramento das atividades de laticínio, quando o Sr. Theodor já morava em nossa cidade, começou a estudar mecânica por meio de livros, fundou uma oficina de torno no quintal de sua residência, situada na Rua José Bonifácio, nº 418, teve como cliente a Tecelagem Santa Catharina (manutenção de teares) e outros de São João da Boa Vista. Graças a sua competência, o negócio prosperou, fundou a Fábrica das Bombas Thebe, por volta de 1947, onde aperfeiçoou turbinas para puxar água com o objetivo de irrigação de plantação de batatas na serra, o que muito auxiliou a produção. No início dos anos “1950”, adquiriu barracão localizado na Rua José Bonifácio, nº 445, ampliou a indústria (atual prédio da Gazeta de vargem grande), com consequente contratação de mão de obra local (empregou o Guaracy Lupetti, com 11 ou 12 anos, Davi Lupetti, Marta Rocha, Tinin Fortini e outros). Além dos benefícios citados, divulgou o nome da cidade, por meio da comercialização dos produtos para clientes localizados em outras cidades e estados, tais como: Paraná e Ceará (Fortaleza). Faleceu em 1958, aos 52 anos. Na sessão ordinária de 10.12.1958, o presidente da Câmara, Walter Tatoni homenageou este imigrante, com emocionante discurso (publicado na íntegra, A Imprensa, 15.12.1958, Nº506). Filhas, netos e bisnetos deste imigrante aqui residem.

1.8.5 Árabes

Ao contrário de outros grandes grupos, a imigração sírio-libanesa aconteceu de forma espontânea e individual. Os imigrantes árabes preferiram permanecer nas zonas urbanas, como comerciantes autônomos. O que não os impediam de embrenhar-se pelas regiões mais remotas para vender, de porta em porta, seus produtos: aviamentos, tecidos, calçados, chapéus, relógios, jóias, etc. Eram os mascates. Segundo levantamento de 1934, 80% dos árabes viviam em centros urbanos, contra 20% no campo. Aos poucos, abriam uma lojinha, atacado, e os bem sucedidos, uma indústria. Em Vargem Grande não foi diferente, os imigrantes árabes chegaram como mascates, posteriormente, trouxeram a família e amigos. Estabeleceram-se no comércio (loja de armarinhos, tecidos e empórios), alguns se tornaram proprietários de indústrias (Tecelagem Santa Catarina, por exemplo), sempre investindo na educação dos filhos, que trilharam as melhores escolas e faculdades da época. Famílias árabes: Abrahão, Abdalla, Halla, Gebara, Farah, Mourkazel, Maaz, Coury, Chiachiri, Hage, Zarif, entre outras.
ABDALLA - De acordo com publicação de autoria do pesquisador Mário Póggio Júnior (Recordar é Viver, jornal “Gazeta de Vargem”), Antônio Abdalla Jacob nasceu em Beirute, capital do Líbano, veio para o Brasil em 1912. Casou em primeiras núpcias com a Sarah Abdalla, com quem teve os filhos: Mariana (esposa do Senhor Antônio Coury), Vitória, João e Anísio. Após o falecimento de sua primeira esposa, casou com  Júlia David com quem teve os filhos: Helim, Kemil (faleceu na infância), Leonor Abdala Coracini (falecida) e Ivete Abdalla Ferreira. Fundou a Casa Abdalla (secos, molhados, armarinhos e tecidos) que primeiramente funcionava na Praça Washington Luís (nº 499/503). Tempos depois, transferiu seu armazém para o “Bairro da Onça”, próximo a Fazenda Boa Vista (hoje denominada “Haras OJC”). Posteriormente, retornou ao antigo endereço na cidade, para que seus filhos pudessem prosseguir nos estudos, passando seu estabelecimento aos cuidados do filho Anísio Abdalla (falecido) que o manteve por vários anos. Aqui residem netos e bisnetos do patriarca árabe.
MOURKAZEL – Jorge Mourkazel, comerciante, agricultor e industrial, era de origem libanesa, tem netos que são empreendedores de destaque e  estão estabelecidos na cidade. Em 1932, em sociedade com os também árabes José Gebara e Fuad Gebara, Jorge Mourkazel funda a Tecelagem Santa Catarina, que empregou centenas de operários, principalmente mulheres, por várias décadas em Vargem grande do Sul. Jorge Mourkazel auxiliou na fundação do Hospital de Caridade e foi um grande colaborador para que o mesmo continuasse em funcionamento. Foi um dos doadores do terreno onde foi construído o Posto de Puericultura (1950), hoje SASP “Ernani de Andrade”.


1.8.6 Japoneses

A imigração japonesa no Brasil começou no inicio do século XX, como um acordo entre o governo brasileiro e o do Japão. Os primeiros japoneses chegaram no dia 18 de junho de 1908. Nesta data, o navio Kasato Maru aportou em Santos com as primeiras 165 famílias, que vieram para trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Pesquisas indicam que de 1918 até 1940, aproximadamente 160 mil japoneses vieram morar em terras brasileiras. A maioria dos imigrantes preferia o estado de São Paulo, pois nesta região já estavam formados bairros e até mesmo colônias com um grande número de japoneses. Porém, algumas famílias espalharam-se por outras regiões como, por exemplo, Paraná, Pará, Amazônia, entre outras. Atualmente, o Brasil tem a maior população japonesa fora do Japão. São cerca de 1,5 milhão de pessoas, das quais, aproximadamente 1 milhão vivem no Estado de São Paulo. Em Vargem Grande do Sul, as primeiras famílias de imigrantes japoneses chegaram na década de 60, do século 20, vieram trabalhar na agricultura, trazendo novas técnicas e conhecimentos. Muitos já em condições financeiras para comprar suas próprias terras. Atualmente, a maioria dos descendentes está estabelecida no comércio e prestação de serviços. Algumas famílias: Hayashi, Hirata, Hiromoto, Sakamoto, Ish, Ishimoto, Kato, Koga, Mori, Nako, Nozawa, Tomo, Teruki.





2 EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA - 1922

“Não há no Estado, muitos distritos que valham Vargem Grande, presa a sede do município (São João da Boa Vista) por um cordão umbilical já crônico...” jornal “A Imprensa”, 1911.

Pouco tempo depois do Distrito de Santana de Vargem Grande ser elevado à categoria de Vila, em 1908, ainda no governo do Coronel Lúcio Bernardino da Costa (Cel. Lúcio), iniciou-se o movimento para a emancipação política.
Já sob a direção do vereador Capitão Belarmino Rodrigues Peres, a criação do Município deixa de ser apenas assunto nas rodas de políticos, amigos e jornais da Vila. Época em que se envia ao Congresso Estadual (Assembléia Legislativa) uma primeira representação assinada pelos políticos locais solicitando a criação do município de Vargem Grande, aventou-se também a necessidade de incorporação de terras dos municípios vizinhos.  Fato que alongou as discussões e adiou o sonho da emancipação.
Capitão Belarmino, um administrador visionário, empenha-se em várias obras preparando a mudança de Vila para Município. Em 29 de junho de 1918, foi inaugurado o edifício da Sub-Prefeitura (onde hoje funciona a Câmara e vários departamentos da Prefeitura), com grandes festejos (alvorada, passeata, sessão cívica, baile), bênçãos do Padre Donizete Tavares de Lima e a colocação de fotografias em reconhecimento aos grandes benfeitores da terra: Capitão João Pinto Fontão, Capitão Belarmino Peres, Capitão Joaquim Otaviano de Andrade (Quinzinho Otávio) e Dr. Cândido Libânio. O orador oficial foi o Professor Benjamin Bastos, que poucos meses depois faleceria, vítima da Epidemia de Gripe Espanhola de 1918. Na mesma data foram inaugurados os Jardins Públicos (Praça da Matriz e Praça da Sub_Prefeitura, que posteriormente seria Praça Municipal e, logo depois, Praça Washington Luís).

Em 16 de agosto de 1919, reúnem-se, para discutir as divisas do novo município, diversos representantes políticos da região: Dr. Cândido Libânio, Cap. Quinzinho Otávio, Cap. João Pinto Fontão, Cap. Belarmino Peres, Cap. Luis O. de Oliveira (Casa Branca) e Tenente Teófilo Rodrigues da Costa. O Cap. Belarmino Peres foi incansável, em 30 de agosto de 1919, assina os quesitos do minucioso relatório que a Assembleia Legislativa havia mandado para a Câmara Municipal de São João da Boa Vista, com  vistas à elevação do distrito de Vargem Grande à categoria de município. Vários proprietários de terras de Casa Branca, que faziam divisa com Vargem Grande assinaram uma moção endereçada à Assembleia. Na moção, ressaltavam a importância da emancipação e sugeriam a inclusão, na área do novo município, de todas as fazendas, sítios distantes até 12 km da Vila de Vargem Grande e foi assinada por João Cândido da Costa, Luiz Leandrini, F. Ribeiro da Costa, Exordina Borges, Rafael José, Andrade Borges & Irmãos, Francisco Costa e mais 51 pequenos sitiantes .No início, de 1921, o ilustre sanjoanense deputado Dr. Theophilo Ribeiro de Andrade é quem leva ao Congresso Estadual a representação vargengrandense e passa a ser o seu maior defensor na tribuna daquela assembléia. Num dos seus discursos declarou: “São João da Boa Vista não se opõe à emancipação política pedida, por achá-la justa e oportuna e mesmo porque, seguindo os princípios democráticos, vem há mais de 20 anos adotando uma política de liberalismo nos distritos”. Neste mesmo memorável discurso, Dr. Theophilo Ribeiro de Andrade passa a defender novas e maiores divisas pleiteadas pelo novo município. A 27 de novembro de 1921, após passar por três discussões e três votações, o projeto finalmente foi aprovado. Em 1º de dezembro de 1921, o presidente do Estado de São Paulo, Dr. Washington Luís Pereira de Souza assina o Decreto-Lei nº 1804, que cria o município de Vargem Grande do Sul. A vitória foi comemorada por todos, oposição, situação e o povo vargengrandense. Grandes festividades foram programadas para a instalação do Município que ocorreu no dia 24 de fevereiro de 1922, coincidindo com o ano em que se celebrava o Centenário da Independência Brasil-Portugal (07.09.1822). Alvorada, missa (celebrada pelo Padre Donizete), banquete, baile, etc. Neste mesmo dia, ocorreu a solenidade da posse da primeira Câmara Municipal, com as escolhas do Presidente e Prefeito, que comandariam o Município somente naquele ano de 1922. Também foram homenageados os fundadores, vanguardeiros, empreendedores e cooperadores. Dos primeiros aos últimos administradores, intendentes, vereadores, subprefeitos e prefeito. 


2.1 PATRONOS DA EMANCIPAÇÃO


JOÃO PINTO FONTÃO, CAPITÃO
Republicano tal como o pai (Cap. Antônio Pinto Fontão), foi vereador e presidente, na época da Vila de Vargem Grande. Dirigente do diretório do partido republicano por mais de trinta anos, até a revolução de 1930, quando Getúlio dissolveu os partidos. Atas da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul registram a presença marcante e decisiva do comandante político, mediador, conciliador em todos os grandes momentos do Município.  Era natural de São João da Boa Vista nascido a 30 de março de 1868, filho do Capitão Antônio Pinto Fontão (fazendeiro, tropeiro, político conceituado e vereador em São João da Boa Vista, nos meados do século XIX) e dona Placidina de Oliveira Fontão (descendente do sargento-mor José Garcia Leal, proprietário da Sesmaria de Várzea Grande). Casou-se com Maria Cândida de Andrade Fontão e tiveram onze filhos:
 José de Andrade Fontão (Zezé Fontão), Palmira Fontão Godoy, Heitor de Andrade Fontão, Iracema Fontão Carril, Maria Fontão Peres, Ana de Andrade Fontão, Odete de Andrade Fontão, Ofélia Fontão Costa, Antônio Pinto Fontão, João Pinto Fontão Júnior, e Dirce de Andrade Fontão.
Além de fazendeiro e dirigente político, Cap. João Pinto Fontão foi proprietário do jornal “A Imprensa” e fundou a “Casa Bancária J.P. Fontão & Cia.”, primeiro estabelecimento bancário de Vargem Grande.
Faleceu em nossa terra no dia 16 de janeiro de 1934. Com a Câmara Municipal fechada por conta do ditador Getúlio Vargas, as homenagens se restringiram a aquisição de uma placa, a denominação de Praça Capitão João Pinto Fontão à antiga Praça Central, conforme decisão dos interventores que dirigiam o Município à época.

MANOEL RODRIGUES DE CAMARGO REGATO

Também foi Intendente do ainda distrito, presidente da Câmara nos tempos da subprefeitura (1913/1914). Grande incentivador do progresso local. Não temos registro sobre seu nascimento, falecimento, ou se teria deixado familiares na cidade. Mas na sua intendência, em 1896, foi construído o cemitério atual, e, instalada a iluminação pública: postes de madeira com lampiões a querosene, que eram acesos, um a um, todas as noites até 22horas. Segundo crônicas publicadas no início do século XX, Regato morava nas imediações da Praça da Matriz. Sua bela residência contava com jardins e caramanchões que ele abria ao público, para passeios e saraus. “Vamos ao parque do Regato. Os portões estão abertos ao público. Ruas alinhadas, ladeadas de caramanchões de maracujás, em que se vêem mesas e cadeiras, moças falam dos namorados, crianças brincam nos balanços. Muitas flores, muitas frutas. Lá em cima, o moinho de vento está puxando água pra tratar o jardim. A Banda não vem hoje tocar aqui. Vai para o jardim público”... Memórias de Vargem de antigamente de Nery Campos, jornal “O Vargengrandense”, 1943. Posteriormente, teria doado parte desse terreno para a ligação das ruas Cel. Lúcio e Major Antônio de Oliveira Fontão. Mário Póggio Júnior, em “Grandes Nomes da Terra Vargengrandense”, relata: “O Senhor Manoel Camargo Regato retornou a Vargem Grande, após ser mal sucedido em negócios no Rio de Janeiro. Comprou terras ribeirinhas, brejais do Rio Verde, a baixo preço (quase de graça), pois o conceito era de que não prestavam, trocou as roupas de comerciante pelas de roceiro, entrou na água e no brejo, e chefiou turmas. Drenou, esgotou os terrenos alagadiços, rasgou-os de arados, repicou-os de enxadão, nivelou-os, dividiu-os em planos. A seguir barrou o curso do Rio Verde, com estaqueamento arrojado, pedra e cimento, de forma a obrigá-lo a racionar o fornecimento de seu precioso líquido, carregado de adubos e que foi distribuído através de comportas, canais e ladrões adequados à obra em vista. Construiu a Casa de máquina, instalou-a, levantou ranchão e foi morar ali. Muitos diziam que estava louco, pois o arroz não era planta de nossa região, ainda mais no brejo. Para nossa felicidade o intento deu certo, pois o arroz foi durante muito tempo um dos nossos principais produtos, inclusive consta no brasão da cidade”



ANTÔNIO DE OLIVEIRA FONTÃO (Major)
Foi intendente, vereador e subprefeito. Nasceu em São João da Boa Vista em 17 de fevereiro de 1864, filho do Capitão Antônio Pinto Fontão e de dona Placidina de Oliveira Fontão e irmão do Capitão João Pinto Fontão. Faleceu em 07 de julho de 1916. Nos livros de contratos da Subprefeitura, há um último ato assinado pelo vereador e Subprefeito Major Antônio de Oliveira Fontão, datado em 13 de junho de 1915. Trata-se de um contrato firmado entre a subprefeitura da Vila de Vargem Grande e o engenheiro Guilherme Sandeville, para reparos e novos serviços no aqueduto do abastecimento de água (Fazenda Laçadinho). Durante sua passagem pela Câmara é que o prédio do Posto Policial, inaugurado em 1904, passa a ser ocupado pelas Escolas Reunidas (Grupo Escolar, hoje abriga a Casa da Cultura).  No mesmo livro, há um registro com data de dia 16 de novembro de 1917, em que a viúva, Maria Theresa Ribeiro Fontão apresenta requerimento solicitando a aquisição de um terreno devoluto, onde foi erigido o túmulo do Major Antônio de Oliveira Fontão, no Cemitério Municipal. Era pai de Antônio de Oliveira Fontão, que também foi vereador e prefeito, e de José de Oliveira Fontão vereador e presidente da Câmara também. Major foi presidente da Câmara e prefeito municipal.

CEL LÚCIO BERNARDINO DA COSTA

Em 1908, elevada à categoria de Vila, foi nomeado o primeiro Subprefeito: Coronel Lúcio Bernardino da Costa. Primeiro Sub-Prefeito 1908/1910,  representou Vargem Grande na Câmara Municipal de São João por diversos mandatos. Aqui, também foi presidente entre 1916 a 1921.Nascido em Andradas Minas Gerais, veio criança residir em São João da Boa Vista. Segundo Dr. Theophilo Ribeiro de Andrade, em artigo publicado em 18.06.1953, Lúcio Bernardino da Costa era lavrador, muito estimado e acatado pelos seus concidadãos, pela afabilidade do trato social, sinceridade, integridade e justeza de seus conselhos, das apreciações e opiniões em casos particulares e de ordem geral. Foi um dos chefes políticos de Vargem Grande, moderado e conciliador. Representou a Vila de Vargem Grande na Câmara Municipal de São João da Boa Vista. Segundo artigo do Dr. Theophilo Ribeiro de Andrade, tanto no cargo de vereador como de sub-Prefeito, Cel Lúcio agiu “com inteligência, dedicação e competência, cooperando em todos os trabalhos de modo eficaz e com serenidade” (17.01.1952). Sob seu comando, em 1910, instalou-se a energia elétrica em Vargem Grande, um grande salto no desenvolvimento da pequena Vila. Deixou ilustres filhos, entre os quais o Dr. João Baptista Figueiredo Costa, que se diplomou em medicina na Suíça, servindo na Cruz Vermelha, durante a 1ª Guerra Mundial. O Cel. Lúcio custeou seus estudos enviando-lhe uma saca de café por mês, através da exportadora do seu primo Cel. Christiano Osório, pai de Beloca (Gabriella de Oliveira Costa), com quem o Dr. João Baptista se casaria em 1921. O Capitão Belarmino Peres, indicou o nome do Coronel Lúcio para denominar a até então Rua Nova, centro, lembrando que se tratar de “um homem que tanto prestou serviços à causa pública”.

EUSTÁQUIO FERREIRA LIMA, MAJOR

Comerciante, pessoa de alto conceito dentro da comunidade e na política regional. Nasceu em Villa Rezende, no estado de Sergipe, em 1859, chegou a Vargem Grande em 10 de maio de 1892. Era casado com Etelvina Maria de Lima, pais de: Alvino Ferreira Lima advogado e juiz na Comarca de Casa Branca; Augusto Ferreira Lima funcionário do Telégrafo Nacional (sogro de Neusa Patarro Pereira Lima); Arnaldo Ferreira Lima, advogado; de Alzira e Hercília Ferreira Lima, ambas professoras e de  Alcebíades  Ferreira Lima que não se diplomou, mas era comerciante talentoso e esteio da família, que também ocupou cargos de vereador, presidente da Câmara e de juiz de paz.
Major Eustáquio Ferreira Lima muito batalhou para que Vargem Grande se tornasse município, quase não viu seu sonho realizado, muito doente, não assumiu sua cadeira na segunda Câmara, faleceu a 17 de junho de 1923. Na ocasião, Capitão Belarmino Peres fez o discurso em sua homenagem e o Dr. Francisco Alvarez Florence indicou que fosse colocado um quadro com sua fotografia em homenagem ao homem público austero e probo que sempre foi.

DR. THEOPHILO RIBEIRO DE ANDRADE

Dr. Theóphilo Ribeiro de Andrade é personagem de grande importância na história de Vargem Grande do Sul. Na tribuna da Assembléia Legislativa, entre 1918 e 1921, foi o defensor da causa da emancipação política de Vargem Grande, que até então não era município e sim uma Vila que pertencia a São João da Boa Vista.
Theophilo Ribeiro de Andrade nasceu em Cristina, (MG), a 18 de março de 1873, filho de José Procópio de Andrade e Mariana Ribeiro de Andrade. Em 1879, o pai adquiriu a Fazenda Boa Vista no município de São João da Boa Vista, aonde a família veio a residir. Fez seus primeiros estudos com os professores José e João Pires de Aguiar naquela cidade e posteriormente, transferiu-se para o ensino médio do Colégio Ivahy, na capital paulista. Colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Academia de Direito, como era conhecida a Faculdade do Largo São Francisco, em 1894. Principiou a advocacia na capital, mas logo veio para São João, onde, a partir de 1896, passou a residir e advogar, até sua morte, em 20 de dezembro de 1953.
Casou com Sylvia da Costa Oliveira, filha de João Joaquim de Oliveira e Antônia Junqueira da Costa, em 1900. O casal teve dez filhos.
Militante político, Dr. Theophilo exerceu diversos mandatos de vereador, e, por duas vezes, eleito presidente da Câmara de São João da Boa Vista. Durante a Primeira República foi eleito deputado estadual para os mandatos de 1912/1915, 1916/1918, 1919/1921, 1922/1924, 1925/1927. Durante seus mandatos de deputado estadual trabalhou incansavelmente pela região, principalmente nas áreas da agricultura, saúde e educação. Com mais de 70 anos, 1941/1945, foi presidente da Caixa Econômica Estadual.
Recentemente, a Prefeitura Municipal de São João da Boa Vista anunciou que a casa que pertenceu ao Dr. Theophilo, tombada pelo patrimônio histórico local em 2006, será revitalizada, perpetuando a memória deste grande homem. Segundo o documento de tombamento, quando se casou com Sylvia de Oliveira, o advogado comprou e demoliu a casa que pertencia ao pai da pianista Guiomar Novaes, contratando o mestre de obras Ermette Piocchi (nascido em 1850, falecido em Roma, em 1920). Para surpresa de pesquisadores, embora não fosse arquiteto, na construção, Ermette reproduziu o “Tratado de Vignola” (‘Arquitetura do Renascimento’ ou Renascentista, séculos XIV, XV e XVI). Residem em Vargem Grande do Sul, bisnetos e tataranetos deste genial construtor.

REPÚBLICA VELHA (1889 a 1930)

2.1 A Primeira Câmara do Município

Ponto alto das comemorações da emancipação político-administrativa foi a constituição da Primeira Câmara do novo Município. Com poucas mudanças, os vereadores, que exerciam o mandato no distrito desde 1919, foram convidados e aceitaram ficar até a realização das eleições no final daquele ano de 1922:
Presidente: Joaquim Otávio de Andrade (Cap.); Vice-Presidente: Francisco Thomaz de Andrade; Belarmino Rodrigues Peres (Cap.) – Vereador que ocupava o cargo de sub-prefeito, foi escolhido para ocupar o cargo de Prefeito; Eustáquio Ferreira Lima (Major); Joaquim Maciel de Godoy e Antônio de Oliveira Fontão.


JOAQUIM OCTÁVIO DE ANDRADE - 1922

Capitão Quinzinho Otávio como era mais conhecido, era neto do guarda-mor Capitão João Thomaz de Andrade proprietário de uma das sesmarias (se estendia da Serra da Fartura até São José do Rio Pardo) que constituíam as terras que deram origem a São João da Boa Vista e outras cidades da região. Casou-se com dona Amélia Ribeiro e pai de José Ribeiro de Andrade ( Zecão), Gabriela Cândida de Andrade Margotto,  Osvaldo de Andrade, Geraldo Ribeiro de Andrade, Joaquim Otávio Ribeiro de Andrade  Era fazendeiro, líder ativo na vida política, social, agrícola que muito contribuiu para o desenvolvimento do distrito, da vila e também do Município que se iniciava. Segundo informações do seu neto, Roberto de Andrade Margoto, médico na ativa até seu falecimento aos 82 anos (julho de 2010), Quinzinho Otávio era um homem preocupado com a preservação da natureza, do meio ambiente, quando não havia nenhuma preocupação com desmatamento ou extinção de biomas. Proprietário de fazendas na serra, terras consideradas nobres, mas sua fazenda no campo (cerrado), era a sua favorita, embora de pouco valor comercial na época. Era comum ele contratar os serviços do Ditinho Motorista (Ditinho Chauffeur) para levá-lo junto com o neto para passear e admirar a paisagem do campo.  

2.2 A Segunda Câmara 1923 -1925

Em 15 de fevereiro de 1923, toma posse a segunda Câmara, e, a primeira eleita no Município já emancipado: Francisco Thomaz de Andrade, Antônio de Oliveira Fontão, Dr. Francisco Álvares Florence, Carino da Gama Corrêa, João Thomaz de Andrade, Heitor de Andrade Fontão. Na mesma sessão, os novos vereadores se reuniram para eleger os ocupantes dos cargos de Presidente, Vice-Presidente, Prefeito e Vice-Prefeito. Francisco Thomaz de Andrade foi eleito Presidente com cinco votos. João Thomaz de Andrade foi eleito Vice com cinco votos. Para o cargo de prefeito municipal Antônio de Oliveira Fontão com três votos e Vice-Prefeito Heitor de Andrade Fontão com quatro votos.  Dias depois, em 23.01.1923, com grande pompa, Vargem Grande recebeu a primeira visita de uma alta autoridade política, foi a do Presidente do Estado de São Paulo (governador) Dr. Washington Luis Pereira de Souza. Em homenagem a tão ilustre visita, o vereador Carino da Gama Corrêa fez indicação para que a Praça Municipal passasse a se denominar Praça Washington Luís, imediatamente aprovada pelos vereadores. Em abril, João Thomaz de Andrade renúncia ao mandato por estar transferindo residência para a capital paulista. Sem outros suplentes, a 14 de junho de 1923, Capitão Belarmino Rodrigues Peres é eleito e toma posse. No seu discurso exalta que “pela quinta vez” era eleito para prestar serviços a Vargem Grande.

FRANCISCO THOMAZ DE ANDRADE

1923 a 1925

Natural de Divinolândia- SP (antiga Sapecado), onde nasceu no ano de 1876. Filho de José Peixoto de Andrade e de Francisca Leopoldina da Costa. Em 02 de outubro de 1896, casou com Claudemira de Oliveira Brandão. Da união nasceram: José Higino de Andrade (Dr. Juca Dentista, pai de Anésia A. Cossi, dr. José Carlos, Dr. Haroldo, Dr. Renato, Maria Imaculada), Delmira de Andrade Westin; Higino de Andrade (Sr. Gino farmacêutico pai do Dr. Gláucio); Ernani de Andrade (farmacêutico e juiz  paz, pai do Dr. Francisquinho e Profa. Áurea A. Sbardelini ); Breno de Andrade (farmacêutico, pai da Profa. Terezinha Zago e Dr. Edward); Jacira de Andrade dos Santos, Zizinha de Andrade Corrêa e Albertina de Andrade. Fazendeiro e comerciante respeitado por todos, deixou uma história de serviços prestados à história do Município. Aqui residem muitos dos seus descendentes: netos, bisnetos e tataranetos. Faleceu em 11 de setembro de 1958.
Foi vereador do ainda distrito de Vargem Grande em 1912/1913, quando também assumiu a presidência da Câmara. Eleito vereador na primeira eleição realizada no recém criado município de Vargem Grande, foi conduzido ao cargo de Presidente por dois biênios consecutivos.
Homem culto, bastante respeitado entre seus pares, contribuiu em muito para o desenvolvimento do distrito e sua emancipação política administrativa (Lei 1804, de 01.12.1921). Sob a sua presidência, a Câmara autoriza a expansão dos serviços telefônicos, cuja concessão era da “Empresa Thelephonica Oeste Paulista”, gerenciada por Ângelo Gabrioli. Também em 1923, a Câmara compra (um conto e oitocentos mil réis) três terrenos pertencentes a Quinzinho Otávio (Joaquim Otávio de Andrade), onde se constroem a primeira Caixa D’Água, na Rua Silva Jardim esquina com Major Antônio de Oliveira Fontão (hoje torre de telefonia celular, etc.). Junto a este terreno o Município já possuía barracões, depósitos e baias, pois, os veículos (carroças, carros de bois) eram de tração animal (cavalos, burros, bois). Ainda em 1923, o Presidente consegue aumentar o perímetro da Praça Municipal e realizar os prolongamentos das ruas adjacentes, com a doação de terrenos feita pelos senhores: José de Andrade Fontão, Francisco Ribeiro Carril e Heitor de Andrade Fontão. No mesmo ano, após a visita do governador Washington Luiz Pereira de Souza, a Praça Municipal, passou a ser denominada Washington Luiz. Em 03.09.1923, autoriza a formação de uma comissão para o levantamento de dados visando a criação da Comarca de Vargem Grande do Sul. A comissão era composta pelos vereadores Álvares Florence, Carino da Gama Corrêa e o cidadão José Amaro Rangel Corrêa (Major Corrêa, farmacêutico, natural de Petrópolis-RJ, casado com Ignácia da Gama. Faleceu em Vargem, a 20.10.1928)



2.2.1 Um ilustre personagem


DR. FRANCISCO ÁLVAREZ FLORENCE
Entre os vereadores eleitos para a 2ª Câmara, do recém criado município de Vargem Grande, havia um jovem médico que se tornaria grande personagem da história política do Estado de São Paulo. Tratava-se de Francisco Álvares Florence.
Nascido na cidade de Espírito Santo do Pinhal - SP, a 20 de fevereiro de 1896. Formou-se em medicina na Faculdade Nacional de Medicina, da Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Em 1920, casou-se com Angelina Motta Florence e transferiu sua residência para Vargem Grande, onde se tornou o popular Dr. Chico. Membro do Partido Republicano (PRL), elegeu-se vereador e foi conduzido por seus pares à Vice-Presidência no biênio de 23/24, e, por várias vezes substituiu o presidente Francisco Thomaz de Andrade. Em 03 de setembro de 1923, é indicado para a comissão de estudos e levantamentos de dados que visavam elevar o município à condição de Comarca, conforme a legislação da época.
Francisco Álvares Florence, além de médico dedicado, principalmente à população carente, foi um grande empreendedor, incentivando a vocação do município para o ramo cerâmico. Desde os primórdios do bairro da Porteira, havia relatos da existência de rústicas fábricas de telhas (moldadas nas coxas de escravos) e olarias que exploravam o barro, comum às regiões de várzea. Dr. Álvares Florence participou do grupo de empresários que fundou a primeira cerâmica de Vargem Grande, a Sociedade Oeste Paulista Industrial – SOPIL, em 1923. Inaugurava-se também, a história da industrialização de Vargem Grande. Os fundadores foram Luiz Malatesta, Francisco Ribeiro da Costa e Dr. Francisco Alvarez Florence. No início a cerâmica denominava-se Malatesta & Cia Ltda., e Luiz Malatesta era o diretor técnico. A cerâmica estava localizada às margens da Estrada de Ferro Mogiana, perto da estação de trem, o que facilitava o escoamento dos produtos para várias regiões. Em 20 de setembro de 1924, a empresa Malatesta & Cia Ltda, passou a denominar-se Sociedade Oeste Paulista Industrial Ltda – SOPIL, tendo como sócios Cap. Francisco Ribeiro da Costa, sua esposa Maria Querubina e o Dr. Francisco Alvarez Florence.
Em 1926, Dr. Alvarez Florence retorna a sua cidade natal. Em Pinhal, no ano de 1930, funda o Ginásio Pinhalense. Em 1940 é nomeado prefeito de cidade, cargo que ocupou por sete anos, com obras que privilegiaram as áreas da educação, saúde, cultura e lazer. Com o fim do Estado Novo e o restabelecimento da democracia, elege-se deputado estadual em 1947, com expressiva votação. Em 1948, disputando com o deputado Mário Beni, é eleito presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Mas um acidente de automóvel, em julho de 1948, interrompeu a carreira deste político tão brilhante. Faleceu a 31 de julho de 1948. Em dezembro do mesmo ano, seu nome foi atribuído ao hoje município de Alvarez Florence, SP.

2.3 A TERCEIRA CÂMARA

1926 a 1928

No início de 1926, eram empossados os eleitos para a terceira Câmara: Francisco Ribeiro da Costa, Alcebíades Ferreira Lima, Antônio Ricardo da Costa, Joaquim Manoel de Godoy, Ernani da Gama Corrêa, Antônio Oliveira Fontão. Pouco tempo depois, três vereadores apresentam carta de renúncia: Alcebíades, Ernani e Joaquim. É realizada nova eleição e são eleitos e empossados os seguintes vereadores: Belarmino Rodrigues Peres, Christiano Dutra do Nascimento e João Junqueira da Costa.  Antônio Oliveira Fontão é escolhido para Prefeito, e Francisco Ribeiro da Costa ficava com o cargo de Presidente da Câmara. Em 16 de janeiro de 1927, Antônio de Oliveira Fontão e Francisco Ribeiro, são eleitos respectivamente presidente e vice presidente da Câmara. Francisco Ribeiro da Costa assume a mesa por várias sessões, em substituição a Antônio de Oliveira Fontão, nos anos de 1927 e 1928.

ANTÔNIO DE OLIVEIRA FONTÃO
1927-1928

Nascido a 20 de novembro de 1895, em São João da Boa Vista, filho do Major Antônio de Oliveira Fontão e Maria Theresa Ribeiro. Casado com dona Josephina Dias Fontão. Faleceu a 06 de março de 1953. Foi vereador e prefeito de Vargem Grande do Sul.


FRANCISCO RIBEIRO DA COSTA
1928/  1948
1948 A 08/1949
Vereador ocupou a Presidência da Câmara por várias gestões e o cargo prefeito municipal, inclusive durante a intervenção da ditadura do Presidente Getúlio Vargas. Casado com dona Maria Querubina Rocha Ribeiro, tios da professora Bina Cossi (falecida), primeira esposa de Hermenegildo Cossi Filho (Didi). Era fazendeiro, político respeitado, e um dos pioneiros na industrialização de Vargem Grande do Sul. Segundo consta em documentos, a SOPIL foi fundada em 19 de setembro de 1923 por Luiz Malatesta, Cap. Francisco Ribeiro da Costa e Dr. Francisco Alvarez Florence. No princípio a cerâmica chamou-se Malatesta & Cia Ltda, localizada junto à estação de trem (Mogiana).  Francisco Ribeiro da Costa, ou Chico Ribeiro, como era mais conhecido, ocupava o cargo de prefeito (nomeado pelo interventor estadual- cargo de confiança do ditador) em julho de 1932, mas lutou como soldado constitucionalista contra as tropas do ditador Getúlio Vargas. Faleceu em 20.06.1973

REVOLUÇÃO DE 1930 (Era Vargas)

2.4 A Quarta Câmara

1929-1930
O mandato desses vereadores seria para a legislatura de 1929 a 1932, que foi interrompida pela Revolução de 1930. A 15 de janeiro de 1929 tomam posse os eleitos: Olavo Navarro, Belarmino Rodrigues Perez, Amadeu de Oliveira Fontão, Lourenço Senofonte Staffa e Adolpho Lemes, e, diplomados os suplentes João Jacyntho Pereira, Christiano Dutra, Arthur Ribeiro, Jose de Andrade Fontão. Belarmino Rodrigues Peres é eleito presidente.
O "crack" da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, provocou a falência de milhares de empresas norte-americanas, arruinou a produção agrícola e provocou um brutal desemprego. A depressão econômica repercutiu imediatamente no mercado mundial, levando o capitalismo internacional à maior crise da história, até então. A economia brasileira na época era predominantemente agrário-exportadora. A retração do mercado internacional provocou uma violenta queda nas exportações e a crise econômica se alastrou por todo o país. A parcial falência da cafeicultura levou, entre outras coisas, ao aumento das tensões políticas internas, devendo ser vista como uma das causas imediatas da Revolução de 1930 (fim da política do “café com leite”). Em Vargem Grande, Belarmino Rodrigues Peres fica no cargo de presidente até 28 de outubro de 1930, quando ocorre o golpe militar de Getúlio Vargas, que instaura a ditadura e fecha todas as casas legislativas: Congresso, assembléias estaduais e câmaras municipais. Numa última tentativa de demonstrar resistência, a Câmara Municipal de Vargem Grande, presidida em por Belarmino Rodrigues Peres, apresenta uma Moção de Solidariedade. Em sessão extraordinária realizada em 08 de outubro de 1930: “A Câmara de Vargem Grande, reunida em sessão extraordinária, revoltada contra o assalto à honra e dignidade do Brasil, pelos estados de Minas e Rio Grande do Sul, por unanimidade, hipoteca aos governos da República e do Estado (São Paulo), inteira solidariedade e está completamente ao lado dos poderes constituídos para defesa da República e do Estado de São Paulo”. Sala das Comissões, Belarmino Rodrigues Peres, Lourenço Senofante Staffa, José de Andrade Fontão e Amadeu de Oliveira Andrade. De nada adiantou, no dia 29 de outubro, há o  terrível registro da “ Ata de entrega da Câmara Municipal à Junta Governativa, por ordem do ditador Getúlio Vargas”. A primeira junta governativa (29.10.1930 a 1935) era composta por membros do diretório democrático. Fechada a Câmara, foi a vez de a Prefeitura ser entregue às decisões dos interventores. Instaura-se a censura, perseguições, torturas, prisões e mortes. Conflitos com as tropas federais passam a ser rotineiros.

BELARMINO RODRIGUES PERES

1929-1930

Fazendeiro, natural da Espanha, filho de Severino Rodrigues Carreira e Joana Gonçalves Peres. Eram seus irmãos: farmacêutico José Rodrigues Peres, Dr. João Peres, Milica Peres Rodrigues que se casou com Patrocínio Rodrigues; Olinda Peres Bonvicino; Carola Peres Mesquita e Purificação Rodrigues Peres. Casou-se com a senhora Flora Troncoso Peres, e tiveram os filhos: Dr. Moacir Troncoso Peres (falecido num acidente em Santos, aos vinte e poucos anos), Profa. Darcy Troncoso Peres, casada com Luiz de Castro Carvalho; Dr. Aristides Troncoso Peres, casado co Zezé Andrade Peres; Dr. Waldir Troncoso Peres, casado com Carminha Andrade Peres. Aqui residem netos, bisnetos e sobrinhos do Capitão Belarmino Peres.
Um homem com o poder de influenciar multidões, graças à sua postura sólida de cidadão, suas convicções e compromissos com a ética. Orador, administrador e político ímpar. Décadas após sua morte, foi o mais citado como o político do século, numa pesquisa feita pelo jornal Gazeta de Vargem Grande. Tem história de vida dedicada a Vargem Grande, desde os tempos do distrito, Vila e depois ao município. Empreendedor e com grande preocupação com a urbanização, infraestrutura, embelezamento da vila, suas obras não apenas atendiam as necessidades dos moradores da época, mas visavam o futuro Município. Há registros de que, sendo vereador, ocupava o cargo de Subprefeito em janeiro de 1917 (Arquivo Municipal, Livro de Contratos, 1901-1918) e, em apenas um ano (1917 a 1918) construiu o prédio onde ainda hoje funciona a Câmara Municipal e vários departamentos da Prefeitura, e também abrigou o Fórum logo após a instalação da Comarca de Vargem Grande do Sul (1969). Passados 92 anos da sua inauguração, o prédio é um marco arquitetura institucional da cidade e um símbolo da importância desse cidadão para a história local. Sob a sua direção política, o movimento prol emancipação política de Vargem Grande é formalizado com uma representação na Assembleia Legislativa do Estado. Nessa representação, já se demonstrava a necessidade de incorporação de parte das terras de cidades vizinhas, para que Vargem Grande obtivesse dimensão territorial que permitisse a criação do Município. Essa incorporação de áreas vizinha alimentou longas discussões que retardaram a aprovação na Assembleia. Mas, com a diplomacia exercida por Belarmino Rodrigues Peres, e a defesa do deputado estadual Dr. Theophilo Ribeiro de Andrade, esses obstáculos foram superados (v. emancipação política administrativa). Foi aclamado prefeito pela Primeira Câmara, em 1922. Afastou-se dos cargos políticos por conta da ditadura imposta por Getúlio Vargas, porém, sempre participativo e procurado para opinar em decisões, ou momentos importantes da municipalidade. Quando do seu falecimento, aos 80 anos incompletos, a 18 de julho de 1958, na capital paulista, a Câmara prestou-lhe várias homenagens e na Ata da Sessão de 28.07.1958, o presidente Walter Tatoni exaltou as inúmeras virtudes cívicas, morais do extinto que deixava uma profunda lacuna em nossa sociedade, embora não mais residisse nesta cidade. Homem estimado, digno da maior confiança e respeito. Walter Tatoni também relembrou a grande obra administrativa do primeiro prefeito de Vargem Grande do Sul. Por indicação do vereador Turíbio dos Santos, em 10.10.1958, parte da Rua Batista Figueiredo, no trecho que sai da Praça Capitão João Pinto Fontão e segue até a Praça Nossa Senhora Aparecida, passou a ser denominada de Cap. Belarmino Rodrigues Peres.

2.4.1 Revolução Constitucionalista de 1932


 “Doce é morrer pela Pátria”



Num conflito entre estudantes e tropas federias, no dia 23 de maio de 1932, na Praça da República, São Paulo, capital, morreram quatro jovens: Euclides Bueno Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Almeida e Antônio de Camargo Andrade. A título de ilustração: este último foi o único que deixou descendência e era avô de Antônio de Camargo Andrade Neto, casado com a vargengrandense Maria Stela Godoy de Camargo Andrade, pais de Saulo Godoy de Camargo Andrade e Álvaro Godoy de Camargo Andrade, residentes em Vargem Grande do Sul. Retomando, a morte dos quatro jovens (dos nomes por que eram conhecidos, Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, surgiria a sigla M.M.D.C.), foi o estopim para a reação paulista contra a ditadura Vargas: culminando com a Revolução Constitucionalista de 1932.  O movimento reivindicava o cumprimento dos ideais da Aliança Liberal: constituição, eleições e o fim do “governo provisório”.

2.4.2 Noticiário da Revolução

Manchetes dos jornais da época demonstram que a Revolução Constitucionalista não ficou reduzida ao Estado de São Paulo, houve movimentos de apoio aos paulistas em vários estados brasileiros, violentamente contidos pelo ditador Getúlio Vargas, comandante do exército brasileiro.  Mais de 35 mil paulistas lutaram contra 100 mil soldados aliados ao Governo Federal. O resultado não poderia ser pior, mais de 850 pessoas vieram a falecer pelo ideal constitucionalista, quase o dobro dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira que perderam a vida nos campos da Itália durante a Segunda Guerra Mundial.
Com base nos noticiários de 1932, resumidamente, os principais acontecimentos durante os oitenta e dois dias de luta pela Lei (Ed. Especial do jornal santista “A Tribuna”, 09.07.1954):

9 de julho - Nas primeiras horas da noite, um grupo de homens armados aproxima-se do Q.G . da 2ª Região, para assaltá-la. A guarda não oferece resistência e confraterniza-se com a tropa assaltante. O general Euclides Figueiredo assume o comando da 2ª R.M. O cel. Marcondes Salgado, comandante da Força Policial de São Paulo, une seus homens às tropas federais daquela região militar. Estão formadas as forças revolucionárias. É enviado um ultimatum ao governo: renunciar ou ser deposto!

10 de julho - O general Isidoro Dias Lopes dirige um manifesto ao povo paulista - Pedro de Toledo renuncia ao cargo de interventor e é aclamado governador de São Paulo. - O 6º Regimento de Cavalaria de Santos adere ao movimento constitucionalista. - Mato Grosso, Minas, Paraná, Santa Catarina hipotecam solidariedade aos revolucionários.
11 de julho - A Tribuna entra em circulação, com a seguinte manchete: "São Paulo, numa demonstração de vibrante civismo, levanta-se coeso por um Brasil forte e livre".

12 de julho - A ditadura proíbe as navegações para todos os portos do Estado paulista. - Forma-se em Santos a Milícia Civil. - Chega a São Paulo o general Klinger, comandante da R. M. de Mato Grosso.

13 de julho - As mulheres paulistas se congregam para apoiar a luta pela lei. Trezentas senhoras reúnem-se na Cruz Vermelha e oferecem-se para trabalhar no campo da luta. - Tropas mineiras e paranaenses rumam para São Paulo e aderem à revolução.

14 de julho - A primeira luta é travada, em Cunha, entre forças civis e fuzileiros navais vindos de Parati. - Santos Dumont lança um apelo em favor da constitucionalização do país.

15 de julho - O general Isidoro Lopes percorre as zonas de operações. - Há intensa animação e entusiasmo. - Todos dispostos a morrer pela lei e pela liberdade. - Momentos iniciais da grande epopéia.

16 de julho - A condessa Álvares Penteado faz um donativo de dois mil contos à revolução. - São organizados em Santos os batalhões dos reservistas, dos operários e a "Legião Negra".

17 de julho - No Rio Grande do Sul o P. L. rompe com o interventor e iniciam-se fortes agitações políticas. - Ibrahim Nobre fala ao povo de Santos, pelo microfone da Rádio Clube. - O Exército Constitucionalista já conta com cem mil homens e avança em direção de Pinhal, Bragança, Piquete e Itajubá.

18 de julho - Trezentos rapazes santistas seguem para São Paulo. - O exército paulista avança nas frentes fluminense, mineira e paranaense. - Chegam notícias de que a Marinha não hostilizará a revolução constitucionalista.

19 de julho - Destróiers enviados pela ditadura nada atentaram contra o porto de Santos. Parecem confirmadas as notícias sobre a decisão da Armada. - Chegam a São Paulo as tropas do 11º B. C. de Mato Grosso.

20 de julho - No Rio de Janeiro, as tropas ditatoriais são vaiadas na rua. Há enérgica intervenção da polícia governista, chefiada por João Alberto.

21 de julho - Entram em circulação os bônus pró-constituinte. - A ditadura inicia a propaganda, em todo o território nacional, dizendo que se trata de uma revolução comunista e que São Paulo se encontra em poder de estrangeiros, principalmente comunistas italianos.

22 de julho - Tropas paulistas tomam Itajubá. - Os estudantes do Rio realizam um comício e são espancados pela polícia. - Isidoro Dias Lopes visita Santos.

23 de julho - Morre em Santo Amaro, no campo de treinamento, vítima de uma explosão de morteiros, o coronel Júlio Marcondes Salgado. - Herculano de Carvalho assume o comando da Força Pública. - Morre, no Guarujá, o inventor Santos Dumont.
24 de julho - Debandam as tropas ditatoriais em Cunha e no Túnel da Mantiqueira. - Estudantes paranaenses chegam a São Paulo, viajando a pé. - Realiza-se em Santos uma gigantesca passeata cívica. - O sr. João Neves da Fontoura chega a São Paulo, prometendo a solidariedade do Rio Grande do Sul.

25 de julho - Trezentos soldados governistas passam para as forças revolucionárias. - Há uma forte esperança de que a revolução estará vitoriosa dentro de poucos dias.

26 de julho - Chegam notícias de que o 12º R. I. de Belo Horizonte havia aderido à revolução. - Reina, em Minas, entusiasmo a favor da causa esposada por São Paulo.

27 de julho - Tornam-se sangrentas as batalhas do Túnel da Mantiqueira (local em que, mais tarde, seria consagrado o heroísmo do soldado revolucionário).

28 de julho - Repetem-se, com freqüência, terríveis combates na serra da Bocaina. - Aviões da ditadura voam sobre Santos, sem provocar alarme na população. Tentam bombardear, sem sucesso, os centros fabris do Cubatão. - O major Lísias Rodrigues assume o comando das Forças Aéreas de São Paulo.

29 de julho - Não se realiza a anunciada adesão do Paraná. - Tropas paulistas se empenham em duros combates nas fronteiras paranaenses.

30 de julho - Em todas as frentes a situação é favorável aos soldados da lei. - Recuam as tropas ditatoriais. - Santos envia mais um contingente de tropas, formado de reservistas do Tiro Naval, Falange Acadêmica, Batalhão de Reserva e Voluntários.

31 de julho - Anuncia-se um comício monstro no Rio. João Alberto ameaça metralhar a população.

1 de agosto - A ditadura recua em Itararé e ataca violentamente em Cunha. - O comandante do couraçado São Paulo recusa-se a transportar tropas ditatoriais. - Força e violência são empregadas contra as manifestações populares no Rio.

2 de agosto - Estudantes cariocas protestam contra a atitude de João Alberto. - Apenas São Paulo e Mato Grosso continuam pegando em armas.

3 de agosto - Klinger e Isidoro dirigem novo ultimatum à ditadura. - Há tréguas em todas as frentes de batalha.

4 de agosto - Reiniciam-se as lutas. - São Paulo trabalha intensamente pela revolução. - Todas as indústrias restringem-se à fabricação de materiais de guerra.

5 de agosto - A Cruz Vermelha de Santos segue para a linha de frente. - Inicia-se, em nossa cidade, a subscrição para a campanha do "Capacete de Aço".

6 de agosto - Batem em retirada as tropas governistas do Sul. - Os paulistas são recebidos em triunfo nas cidades do Norte do Paraná. - Começam a chegar as primeiras notícias das façanhas do trem blindado.

7 de agosto - Dia calmo nas frentes de batalha. - Pedro de Toledo dirige a palavra ao povo. - Há grande confiança e ardor no ânimo paulista.

8 de agosto - Realiza-se no Rio de Janeiro a "Parada do Silêncio". - Milhares de pessoas desfilaram pela Av. Rio Branco, em protesto mudo contra a ditadura.

9 de agosto - É lançada a campanha do "Ouro para a vitória". - O general Klinger fala ao povo de São Paulo. - Cresce, com intensidade espantosa, a campanha do Capacete de Aço.

10 de agosto - O sr. Artur Bernardes, de Minas, manifesta-se a favor da revolução. - O general Isidoro Dias Lopes fala à imprensa e afirma que, após a vitória, a primeira providência será o voto secreto.

11 de agosto - É inteiramente mobilizado o parque industrial paulista. - No Túnel, a luta torna-se cada vez mais sangrenta. - Chegam reforços ditatoriais.

12 de agosto - Os constitucionalistas conseguem repelir violentos ataques dos ditatoriais, mas sofrem grandes baixas em Queluz. - De Santos para São Paulo, segue a 1ª Companhia do Batalhão Operário.

13 de agosto - Na fazenda "Pedro Morais", os soldados santistas travam violento combate com as forças do Catete. - Esportistas de Santos entregam a São Paulo suas medalhas de ouro. - No Ceará a imprensa afirma: "São Paulo é um braseiro de civismo".

14 de agosto - Os constitucionalistas atacam em todas as frentes. - No Rio há novo choque entre polícia e estudantes. - Entra em experiência o primeiro material bélico fabricado em São Paulo.

15 de agosto - Presos 39 soldados da polícia de Pernambuco, declararam, em São Paulo, estar convencidos de que combatiam comunistas e estrangeiros. - É impressionante a dedicação da mulher paulista na retaguarda. Estão incansavelmente em todas as partes: oficinas de costura, nas indústrias e nos hospitais.

16 de agosto - Góes Monteiro, comandante-em-chefe das tropas da ditadura, telegrafa a Klinger condenando a revolução constitucionalista. - Aumenta o entusiasmo dos paulistas - Cresce a campanha do ouro - O Clube Internacional de Regatas de Santos oferece, ao governo do Estado, todo o seu arquivo de medalhas.

17 de agosto - As tropas do Catete atacam violentamente os setores de Cunha e Queluz. É comovente o heroísmo com que os paulistas defendem suas posições. - Na zona do Porto de Taboado é destroçado um batalhão ditatorial.

18 de agosto - Em Silveiras, o Batalhão da Reserva Naval de Santos resiste a um violentíssimo bombardeio da artilharia do Catete. - São abatidas as primeiras forças goianas que marcharam contra Mato Grosso. - O Clube Saldanha da Gama, de Santos, oferece todas as suas medalhas à campanha do Ouro para a Vitória.

19 de agosto - É grande o entusiasmo em todas as linhas onde se encontram os soldados que se batem pela lei. - Artur Bernardes se esforça para levantar o movimento constitucionalista em Minas. - Há pânico no Rio. - Inicia-se em São Paulo o que viria a ser o aspecto mais comovente da revolução: os batalhões infantis.

20 de agosto - Revolta-se a guarnição do forte de Óbidos, no Pará. - O cap. Otelo Franco, do estado maior das forças ditatoriais, adere à luta pela lei. - Cunha e Queimada são violentamente atacadas pela Ditadura.

21 de agosto - Há encarniçados combates na frente fluminense. Os rapazes paulistas e matogrossenses combatem com heroísmo inédito. Em São Paulo, mulheres e crianças trabalham, dia e noite, na confecção de capacetes de aço.

22 de agosto - É realizado, no Rio, novo comício pró-constituição. A polícia encarrega-se de desfazê-lo com o emprego de gás lacrimogênio. - Chegam notícias de que haverá levante na capital federal, mas apenas São Paulo e Mato Grosso continuam pegando em armas.

23 de agosto - Sangrentos combates em Cunha. - Há equilíbrio de posições. - A campanha do Capacete de Aço atinge a 1.187:676$500, equivalentes a 79.179 capacetes. - Inicia-se a mobilização agrícola. Em Santos, a população assiste ao comovente desfile de batalhões infantis angariando donativos para os soldados da lei.

24 de agosto - Em Rifaina, soldados mineiros aderem ao Exército constitucionalista, levando todo o material de que dispunham - A ditadura ataca forte nas regiões sulinas de Fundão, Guapiara e Capão Bonito.

25 de agosto - No Rio generaliza-se o uso da gravata preta, o que queria dizer: "Estou com São Paulo". - Não há levante.

26 de agosto - As tropas ditatoriais avançam em direção de São José do Rio Pardo e Mococa. - Em Cunha, os constitucionalistas destroem os novos contingentes de tropas da ditadura. - O Catete lança "bônus" para financiar sua defesa.

27 de agosto - Grande vitória paulista em Cunha. - Em Eleutério e Itapira as forças ditatoriais pressionam violentamente.

28 de agosto - A aviação paulista castiga rudemente as tropas de Getúlio. Chegam a atacar o Q. G. de Góis Monteiro. - Os batalhões infantis continuam desfilando pelas ruas: a população assiste de lágrimas nos olhos.

29 de agosto - A campanha do ouro para a vitória é reconhecida de utilidade pública. - Em Coxim, em Mato Grosso, os constitucionalistas avançam. - São Paulo suporta ataques fortíssimos em Mococa e Caconde.

30 de agosto - A ditadura aumenta seus ataques no setor Oeste. - Itapira é objeto de constantes e sangrentas investidas. - A valentia dos constitucionalistas é uma página épica. - O governo paulista adota o Brasão de Armas de São Paulo.

31 de agosto - Os chefes militares constitucionalistas começam a inquietar-se, pois as tropas revolucionárias entram em defensiva. - Em todas as frentes recrudescem-se os ataques da ditadura. - Entretanto chegam notícias de que rebentou um levante constitucionalista no Rio Grande do Sul. - Não se realiza o movimento promovido em Minas Gerais.

1 de setembro - As forças de São Paulo conseguem avançar em Itapira. - Há duras batalhas na zona do Fundão, onde os paulistas sofrem terríveis baixas. - A campanha do capacete de aço atinge a 1.430:210$000.

2 de setembro - Novas notícias chegam do Rio Grande do Sul, afirmando que lá se processa o levante contra a ditadura. - As tropas paulistas continuam combatendo com maravilhoso entusiasmo.

3 de setembro - De Minas nada mais se diz. - Apenas alguns boatos sobre inquietações em Juiz de Fora. - Do Rio Grande do Sul continuam chegando notícias de que os gaúchos se levantaram sob o comando de Raul Pila, Borges de Medeiros, Batista Luzardo e Lindolfo Color.

4 de setembro - Em São José do Rio Pardo, as forças do Catete atacam violentamente. - Os paulistas se percebem inferiores em número e em armas. E não recuam. São superiores em ideal.

5 de setembro - Minas se manifesta mais uma vez. Estudantes mineiros solidarizam-se com seus colegas de São Paulo. - Enquanto isto, em Santos, o forte de Itaipu é bombardeado.

6 de setembro - Novas notícias chegam a São Paulo, afirmando que o movimento constitucionalista toma vulto no Pará.

7 de setembro - Nas trincheiras festeja-se o Dia da Independência. Em Silveiras aviões do Catete cometem um crime bárbaro, metralhando mulheres e crianças nas praças, nas ruas e nos quintais.

8 de setembro - A ditadura avança em Mogi-Mirim. Há combates encarniçados. - Em Casa Branca os paulistas resistem, num esforço sobre-humano, às investidas incessantes das tropas do Catete. - Em Cunha e em Buri, há combates encarniçados.

9 de setembro - O dr. Pedro de Toledo e o general Klinger falam ao povo através da Rádio Record. Palavras de confiança, esperança e fé na causa esposada por São Paulo. - No túnel da Mantiqueira, Sampaio, com 2 mil homens, resiste a uma tropa de sete mil homens comandados por Eurico Dutra.

10 de setembro - Em Amparo, as forças do Catete são violentamente atacadas. Num só combate, os paulistas fizeram 400 prisioneiros. - Em Batedor, travou-se um combate a arma branca que durou a noite inteira.

11 de setembro - Os paulistas retomam São João da Boa Vista. - Os ditatoriais perdem Porto Murtinho, em Mato Grosso. - Chegam notícias sobre o movimento no R. G. do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais. - Mas apenas São Paulo e Mato Groso continuam lutando.

12 de setembro - Num esforço acima das possibilidades militares, os paulistas retomam Cascavel (Aguaí) e Mococa. - Em todas as frentes a ditadura pressiona com violentos ataques.

13 de setembro - As tropas do Catete atacam, cerradamente, toda a zona da Mogiana. - Recuam os soldados paulistas. - Notícias de Minas afirmam que Artur Bernardes prepara tropas para atacar o Rio.

14 de setembro - Há um fortíssimo contra-ataque dos constitucionalistas na Zona da Mogiana. - Os ditatoriais retiram-se para Minas, nas cidades de Guaxupé, Arceburgo e Guaranésia. - Realiza-se uma trégua inexplicável no Vale do Paraíba.

15 de setembro - A ditadura bombardeia Jundiaí e Campinas para causar pânico à população civil. - Suspeita-se que alguns oficiais da Força Pública de São Paulo, sob o comando de Herculano de Carvalho, mantêm ligações com o general Góis Monteiro.

16 de setembro - Em Capão Bonito dá-se o combate mais renhido do dia. - Tropas paulistas conseguem infiltrar-se nas fronteiras de Minas.

17 de setembro - Chegam notícias de que, no Rio Grande do Sul, o general Zeca Neto entrou em luta com as tropas da ditadura. - São Paulo continua a ser "um braseiro de civismo". Homens, mulheres e crianças, incansáveis.

18 de setembro - Campinas é rudemente bombardeada. Os paulistas avançam em Amparo. - A ditadura ataca na zona fluminense. O Túnel da Mantiqueira resiste e ninguém passa.

19 de setembro - Em Piquete, os ditatoriais pressionam violentamente. - Escasseiam as munições dos constitucionalistas. - O governador Pedro de Toledo torna a dizer às tropas: "Sustentai o fogo, que a vitória é nossa!"

20 de setembro - A ditadura reforça suas tropas nas fronteiras de Minas. - Em Amparo, já quase sem munições, os paulistas empregam artimanhas militares e conseguem deter o avanço dos ditatoriais.

21 de setembro - Causa repulsa no Brasil inteiro o fato de que aviões da ditadura bombardeiam cidades abertas, sem objetivo militar, sacrificando mulheres e crianças. - Herculano de Carvalho, em completo segredo, ultima os entendimentos com o Q. G. de Góis Monteiro.

22 de setembro - A ditadura bombardeia Campinas, Casa Branca e Limeira. Aviadores paulistas, revoltados, atacam o campo de pouso dos aviões ditatoriais, destruindo os aparelhos que bombardearam Campinas.

23 de setembro - Guaratinguetá é rudemente bombardeada pela ditadura. Não há notícias dos movimentos constitucionalistas nos outros Estados. - Apenas São Paulo continua se batendo pela lei.

24 de setembro - A ditadura avança em Amparo. É impressionante a bravura dos defensores da lei: morrem e não recuam. - Nada mais se diz do Rio Grande do Sul.
25 de setembro - Tropas paulistas, numa dedicação suprema, conseguem deter o avanço dos ditatoriais em Amparo. - Enquanto isto, o comandante Herculano de Carvalho conclui as negociações com Góis Monteiro.

26 de setembro - Reina em Campinas o temor de que os ditatoriais possam invadir a cidade, pois sabe-se que os contingentes da Força Pública deixaram de combater por ordem de seu superior.

27 de setembro - Todas as forças paulistas estão com o mesmo entusiasmo inicial. Apenas a Força Pública se retraiu inexplicavelmente.

28 de setembro - Herculano de Carvalho finalmente revela suas negociações com Góis Monteiro. - Cessa-se a luta. - Negocia-se o armistício. - Falam em paz digna para São Paulo e Klinger assina um documento que é mais uma escritura de escravo do que um trato entre forças militares.


Para homenagear esta epopéia paulista, em 1942 iniciou-se a construção do Obelisco dos Heróis de 1932, inaugurada em 1955, mas somente finalizada em 1970. Projetado pelo escultor italiano Galileo Emendabili (1898-1974) o Obelisco possui 70 metros. No seu interior, estão os restos mortais de muitos combatentes tornando-se um Obelisco Mausoléu. Ultima morada de diversos paulistanos ilustres que contribuíram pelo ideal constitucionalista como o poeta Guilherme de Almeida, e, os mártires; Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo (MMDC).

Estado Novo (1937 a 1945)

2.5 A Quinta Câmara

Por um breve período, de março de 1936 a outubro de 1937, o Brasil respirou democracia, em 15 de março de 1936, houve eleições municipais. Votaram 1087 eleitores, e, 306 abstinências. Em 12 de junho de 1936, os eleitos foram empossados: Francisco José de Azevedo, Alcebíades Ferreira Lima , Dr. João Batista de Alencar, Walter Tatoni, Cap. Francisco Ribeiro da Costa, Cap. Joaquim Otávio de Andrade e Edmundo Dante Calió. A Mesa da Câmara ficou constituída da seguinte forma: Presidente  Dr. João Batista de Alencar (advogado); Vice-Presidente Alcebíades Ferreira Lima (comerciante) e Secretário Walter Tatoni (jornalista). Após a posse, o Presidente pediu afastamento do cargo por seis meses para tratamento de saúde no exterior. A Presidência foi exercida por Alcebíades Ferreira Lima, comerciante, filho de Etelvina Maria e Major Eustáquio Ferreira Lima.  Seu pai foi homem público e um dos grandes incentivadores da elevação de Vargem Grande a município. Era irmão de Alvino Ferreira Lima advogado e juiz na Comarca de Casa Branca; Augusto Ferreira Lima funcionário do Telégrafo Nacional (sogro de Neusa Patarro Pereira Lima); Arnaldo Ferreira Lima, advogado e de Alzira e Hercília Ferreira Lima, ambas professoras. Alcebíades não se diplomou, mas era comerciante talentoso e esteio da família. Ocupou cargos de vereador e juiz de paz. Há descendentes da família Ferreira Lima em Vargem Grande do Sul.
Em 10 de novembro de 1937, através do rádio, o ditador e presidente Getúlio Vargas dissolve todas as câmaras municipais, assembléias estaduais, câmara e senado da República e instala o Estado Novo, uma grande derrota à democracia e ao estado de direito.

 A República Nova (1945-1964)

Preocupados com o desejo continuísta de Getúlio Vargas, os militares trataram de golpeá-lo em outubro de 1945.
Somente com a restauração da democracia e a promulgação da Constituição Federal de 1946, as câmaras municipais são reabertas e começam a tomar a forma que hoje possuem.         

3 PRIMEIRA LEGISLATURA

01.01.1948 A 31.12.1951
Foram eleitos 11 vereadores: Francisco Ribeiro da Costa, Achiles Rodrigues, Benedito Bedin, Henrique de Brito Novaes, Nestor Bolonha, Gabriel Mesquita (apresenta carta de renúncia dois meses após a posse em 04.03.1948), José de Oliveira Fontão, Eduíno Sbardelini, Antônio Longuinho, José Ribeiro de Andrade, Alcino Alves Rosa. A legislação sobre o número de vereadores se modifica várias vezes nessa legislatura. Em agosto de 1948, havia 13 cadeiras na Câmara. De agosto de 1949 a setembro de 1949, as vagas foram reduzidas para oito vereadores. Em outubro de 1949, através de lei federal, o número de vereadores passa a ser 13 e são chamados os suplentes: Felício Misurini, Joaquim Andrade Dias, Alexandre de Oliveira, Pedro Cipola e Benedito Siqueira. Além dessa inconstância no número de cadeiras na Câmara, os vereadores percebem que em 17 anos de ditadura, o Executivo passou a centralizar poderes, inclusive o de legislar. Mesmo com a democratização a participação do povo e dos seus representantes era muito pequena. Aqui em Vargem Grande do Sul entre muitos debates, o prefeito Francisco Carril enfrenta forte oposição no legislativo. Foram árduas as discussões sobre o local de onde seria a captação de água para fornecimento público e também com os custos de obras e serviços. Mas, consegue realizar grandes obras para o Município: Estação de Captação de Água no Rio Verde, Estação de Tratamento de Água – ETA Pacaembu, Depósito de água, rede de distribuição de água, rede de esgoto, melhoria das vias públicas, posto de saúde com especialidade em Pediatria (Posto de Puericultura), além de outros atendimentos médicos. O início dos anos 50, além dessas discussões democráticas, Vargem Grande do Sul consegue a instalação do curso ginasial (Alexandre Fleming), com a participação ativa dos vereadores. Um avanço na área educacional e esperança de um futuro melhor para crianças e jovens da época, que até então, ao terminarem a quarta série do ensino fundamental eram obrigados a estudar em colégios internos, ou mudar de cidade para continuar os estudos em escolas públicas ou particulares, as famílias dos que não tinham condições financeiras para tanto, viam seus filhos encerrarem os estudos na quarta série do ensino fundamental.



JOSÉ DE OLIVEIRA FONTÃO
Agosto de 1948 a Dezembro de 1949
1954-1955
José de Oliveira Fontão, Zé Almofadinha. Filho do Major Antônio de Oliveira Fontão e de Maria Theresa Ribeiro. Nascido a 17 de setembro de 1901 e falecido a 30 de novembro de 1959. Foi o dono do cartório antes do senhor Ivo Rodrigues, a quem ensinou todas as normas pertinentes ao trabalho. Foi proprietário do Cine Glória, cinema que funcionou até o final dos 50, do século XX. Homem de vasta cultura, amante das artes, sua residência ainda é um símbolo arquitetônico da história da cidade (sobrado na esquina da Avenida Regato com a Coronel Lúcio).  O apelido José Almofadinha definia a elegância e esmero ao se vestir. Não saía de casa sem o traje completo: camisa, gravata, colete e terno, todos os dias. Um dos heróis da Coluna do Major Romão Gomes (a última a se render), na Revolução de 1932, idealizador da estratégia que fez bater em retirada a tropa de soldados favoráveis à ditadura, que havia tomado a cidade. Caracterizou-se como cidadão e político dedicado às causas públicas e à cidade de Vargem Grande do Sul. Era casado com Maria Costa Fontão (Maria Bonita), com quem teve os filhos: Maria Elisa esposa do prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio, Gabriel, José Carlos, todos falecidos, e, Fausto Fontão residente em São João da Boa Vista. Sua neta, Bete Fontão, filha de Maria Elisa e Alfeu Rodrigues do Patrocínio, aqui reside.
ALCINO ALVES ROSA
1950-1951

Chefe de família exemplar e cidadão de raras qualidades, Alcino Alves Rosa era vargengrandense, nascido a 16 de julho de 1910. Filho de Angelina Castanharo e José Cândido Alves. Alcino casou-se com a Profª  Idati Dutra do Nascimento, pais do conceituado neurocirurgião Dr. Rubens Alcino Dutra Alves, residente em Jundiaí – SP.
Respeitado contador, era formado pela antiga Escola de Comércio São Luiz, também foi professor e diretor da Escola “Dom Pedro II”. Foi prefeito, vereador e presidente da Câmara em 1950/1951. Orador fluente, culto, homem de partido, defendia ardorosamente seus pontos de vista e os assuntos do interesse da municipalidade. Seu falecimento, 30 de janeiro de 1967, provocou grande comoção na cidade, uma fanfarra, composta alunos e ex-alunos da escola Dom Pedro II , homenageou-lhe durante o féretro.

4 SEGUNDA LEGISLATURA
01.01.1952 A 31.12.55

Eleitos, diplomados e empossados : Alcino Alves Rosa, Alcino Ferrari, Antôno Longuini Neto, Antero do Patrocínio Rodrigues, Ernani de Andrade, Henrique de Brito Novaes, Ivo Rodrigues, João Toesca, José Ferreira Varzim, José Oliveira Fontão, José Ribeiro de Andrade (Zecão), Antônio Gomes Martins. O professor Henrique de Brito Novaes é eleito presidente para 1952/53 e José de Oliveira Fontão ocupou a Presidência em 1954/1955.
Em 1950, Vargas voltou ao poder através do voto popular.  Neste governo continuou a prática de sua política nacionalista e populista. Criou a campanha do "Petróleo é Nosso" que resultaria na criação da Petrobrás. O presidente Vargas iria permitir o capital estrangeiro no Brasil, mas não admitia a desnacionalização da economia. Em 1952, cria BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. programa de investimentos do governo.
Vargas autoriza um aumento de 100% no salário mínimo. Era proposta do ministro do Trabalho João Goulart, que, futuramente (1961), ocuparia o cargo de vice-presidente. Aumentar o salário mínimo causou uma enorme revolta entre os empresários, contrários à medida. No dia 5 de agosto de 1954, houve a tentativa de assassinato ao político e jornalista Carlos Lacerda, que culminou com a morte do major da aeronáutica Rubens Florentino Vaz. A Aeronáutica instala inquérito, e o resultado não agradou ao governo. A Aeronáutica pressiona, exigindo a renúncia de Getúlio Vargas. O Presidente responde que não deixa o governo: “Se vêm para me depor, encontrarão meu cadáver”. Em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito. Deixou uma carta testamento com uma frase que entrou para a história: "Deixo a vida para entrar na História."  Até hoje o suicídio de Vargas gera polêmicas. O que sabemos é que seus últimos dias de governo foram marcados por forte pressão política por parte da imprensa e dos militares. A situação econômica do país não era positiva, o que gerava muito descontentamento entre a população. Getúlio, execrado até a véspera, passara, de repente, a ser visto como santo, sua morte revoltou o povo, provocou grandes manifestações e saques pelo Brasil a fora, paralisando os golpistas anti-populistas.  Em Vargem Grande do Sul, como em muitas cidades do estado de São Paulo, a morte de Getúlio Vargas, foi recebida sem grande consternação. Na memória paulista, os eventos de 1932, ainda não havia se apagado. Somente nos meados dos anos 80, foi dada a denominação de Getúlio Vargas a uma rua do município.


HENRIQUE DE BRITO NOVAES
1952 a 1954
1960-1961

Natural de Mogi-Mirim, SP. Nasceu a 10 de maio de 1900. Filho de Joaquim da Luz Novaes e Francisca de Brito Fez seus estudos primários na sua terra natal. Diplomou-se professor na tradicional Escola Normal de Campinas. Em 1926, veio lecionar no Grupo Escolar (Benjamin Bastos), onde também foi diretor, até aposentar-se. Casou-se com Arlinda Rodrigues Novaes e são seus filhos: Washington Novaes (renomado jornalista e ambientalista – editor de “O Estado de São Paulo” e Repórter Eco, TV Cultura), Regina Maura Fontão (falecida), Luis Henrique, Paulo Roberto e Prof.ª Silvia Novaes Filippini. Mestre, cultíssimo, esportista, político, orador fluente e inflamado. “Inconfundível, marcante, figura de homem público com notável bagagem de trabalho em prol da terra”, escreveu o jornalista Walter Tatoni. Eleito vereador em duas legislaturas, em ambas foi conduzido ao cargo de Presidente da Câmara. Seu nome está marcado em fatos e conquistas históricas do Município: voluntário na Revolução Constitucionalista de 1932 serviu na coluna de Romão Gomes (Mantiqueira); anexação da Vila Polar (pertencia a Casa Branca até 1939) ao Município de Vargem Grande; trabalho em prol da criação e instalação do ginásio estadual (colégio Alexandre Fleming); criação da Comarca, que não viu ser instalada em 1969, entre outras contribuições. De princípios éticos rígidos, teve uma grande decepção com a política segundo declarações do seu filho jornalista Washington Novaes: “O professor Henrique lutou na revolução Constitucionalista e foi vereador da pequena Vargem Grande por mais de um mandato, chegando a assumir a prefeitura, como presidente da Câmara Municipal. Nesta ocasião, presenciou o episódio que o faria abandonar a política e que o marcaria com certa amargura até a morte. Convidado ao Palácio dos Bandeirantes para uma solenidade ao lado do então governador Adhemar de Barros, sua referência política, ouviu, em tom de galhofa, da boca de seu ídolo e líder, a afirmação de que seu contador fugira com as sobras do caixa dois de sua última campanha. Retornou a Vargem Grande do Sul desiludido e anunciou à esposa que abandonaria a vida política”. Em sessão solene de 18 de abril de 1964, Prof. Henrique de Brito Novaes recebeu o “Título de Cidadão Vargengrandense”. Faleceu a 04 de maio de 1966.

5 TERCEIRA LEGISLATURA
01.01.1956 A 31.12.1959

Constam como vereadores dessa época: Walter Tatoni, (presidente), Antero Rodrigues do Patrocínio, Arlindo Carmineti, Antônio Longuini Neto, José Ferreira Varzim, Hermeti Piochi de Oliveira, Turíbio dos Santos, Cândido Aleixo Pereira Neto (Zinho), Vicente Cipola, Genésio Cipola, Gabriel Mesquita, Antônio Garrido Garcia, José Médicis, Felício Misurini, Gregório Cruz, Osvaldo Ferreira e Militão Nogueira. Walter Tatoni é eleito presidente para os dois biênios: 1956/1957 e 1958/1959.
A morte de Vargas, que traumatizou profundamente o País, foi sucedida pela bem-aventurança do governo de Juscelino Kubistschek, ex-governador do Estado de Minas Gerais. Eleito em 1955, Juscelino realizou um dos melhores governos da história republicana. A criação do parque industrial de bens de consumo, especialmente os automóveis, a transferência da capital para o interior do Brasil, foram destaques deste governo. As profundas modificações que causou na estrutura social e econômica do Brasil foram os verdadeiros legados daquele governo. Com ele o Brasil saltou em definitivo rumo à industrialização e à internacionalização da sua economia. Em Vargem Grande do Sul entre 1956 a 1959, a cidade passa por grandes conquistas: em 1958 é inaugurado o novo prédio do então ginásio “Alexandre Fleming”, e o prédio da primeira escola primária construída num bairro, foi concluído no final daquela legislatura, sendo o prefeito municipal o senhor Alfeu Rodrigues do Patrocínio. Tratava-se do então Grupo Escolar “Prof. Gilberto Giraldi”. Para o próximo prefeito ficou apenas providenciar junto ao Estado, os móveis e equipamentos necessários. Também em 1958, é inaugurada a Cerâmica Vargengrandense (depois Bologna), do empresário Nestor Bolonha.

 
WALTER TATONI
1956 a 1959
1964 a 1965

Natural da cidade de Amparo-SP, nascido a 02 de dezembro de 1904, filho dos imigrantes italianos Pedro Tatoni e Maria Nassaro Tatoni. Em fins de 1914, a família mudou-se para Vargem Grande. Aqui freqüentou as Escolas Reunidas e um curso noturno do Professor Benjamim Bastos. Ainda menino Walter Tatoni foi trabalhar como aprendiz de tipógrafo e entregador de jornais, nas oficinas do jornal “O Comércio”, editado por Antônio Federighi. Ali conviveu com o combativo redator Jerônimo da natividade Silva ( Dinda), Adolfo Pratali e Olimpio Federighi.
Já em 1917, passou a trabalhar no jornal “A Imprensa”, na época pertencente ao Capitão João Pinto Fontão e Lindolfo Barbosa.
Após a morte do pai, vitimado pela epidemia de gripe espanhola em 1918, Walter foi residir em São Paulo. trabalhou numa tipografia e depois foi passou para a Companhia Melhoramentos, ainda dos irmãos Weisflog. Só em 1923 retorna ao interior do estado. Primeiro no jornal “O Município” de São João da Boa Vista (Luise Luhmann). Em 1924, mudou-se para Tambaú
Indo trabalhar nas oficinas de “O Tambaú”. Foi nesse jornal, revisando textos, que se iniciou no jornalismo. Casou-se em Tambaú, com Maria Aparecida Castro dos Santos (dona Titã), em 1928, sendo a cerimônia realizada pelo Padre Donizetti Tavares de Lima. Tiveram um filho: Pedro dos Santos Tatoni.
De 1930 a 1937, fundou e dirigiu o jornal “O Liberal”, em Vargem Grande.
Em 1947, ao lado de Benedito Bedin e Antônio Pinto Fontão, restabelece o funcionamento do jornal “A Imprensa”. Convidado pelo ex-prefeito Francisco José de Azevedo (Dr. Tito) participa da reestruturação do jornal “Gazeta do Rio Pardo” (1950 a 1951), onde ocupou o cargo de diretor. Na mesma época foi gerente da rádio Difusora de São José do Rio Pardo. Em fins de 1951, adquire as oficinas do jornal “A Imprensa”.

Vida Política

Em 1933, integrou o diretório municipal “Chapa Única”, organizado para lutar pela reconstitucionalização do país. Em 1935, fez parte do conselho Consultivo Municipal, que substituiu as câmaras municipais dissolvidas por Getúlio Vargas. O Conselho, nomeado pelo governador, era composto por três membros: Walter, Rogério Oliveira Fontão e Jorge Moukarzel. Foi eleito vereador e secretário Mesa da Câmara, no pleito de abril de 1936, até Getúlio Vargas dissolver novamente as câmaras em 1937: Estado Novo. Convidado pelo prefeito Edmundo Dante Calió, Walter Tatoni aceita o cargo de secretário da prefeitura e secretário da Junta de Alistamento Militar, cargos que ocupou de 1942 a 1950. Foi presidente da União Democrática Nacional – UDN desde a sua fundação em 1955, sendo eleito vereador na legislatura de 1956/1959, obtendo o voto unânime da edilidade para ocupar a presidência nos quatro anos. Em 1963, é eleito vereador e ocupou a presidência da Câmara 1964 e 1965.

Vida Pública

O jornalista Walter Tatoni embora fosse um empresário de muitos afazeres e responsabilidades, sempre dedicou parte do seu tempo nas diretorias de entidades filantrópicas de Vargem Grande do Sul. Presidiu e secretariou a Sociedade Humanitária de 1955 a 1972. Na sua gestão toda a área do asilo foi murada, e a direção interna foi confiada às Irmãs de Caridade. Sócio-fundador do Rotary Club local, sendo que e ocupava o cargo de secretário e havia sido eleito para o biênio 73/74, quando faleceu em outubro de 1972.  Batalhou incansavelmente pela criação e  instalação da comarca da cidade. Apoiou a fundação do Albergue Noturno “Heitor de Andrade Fontão”.  Em reconhecimento às inúmeras campanhas que empreendeu no interesse da coletividade, tanto no jornalismo, como na política, Walter Tatoni recebeu o “Título de Cidadão Vargengrandense”, a partir de propositura do então presidente da Câmara, prof. Henrique de Brito Novaes.

6 QUARTA LEGISLATURA
01.01.1960 A 31.12.1963

Constam como vereadores dessa legislatura: Antero do Patrocínio Rodrigues, Antônio Avanzi Sobrinho, Cândido Aleixo Pereira Neto, Christiano Dutra do Nascimento, Gregório Pasquini, Geraldo Gadiani, Henrique de Brito Novaes, Janor Costa, Job Ferreira de Andrade, Lúcio Cossi, Laércio Milan, Natalino Lopes Aliende, Pedro Ferrari. Em 1962, houve alterações e constam também: Vicente Cipola, Walter Tatoni, Alcino Alves Rosa e Luís Lodi Neto. Em 1963, Pedro Ferrari, Turíbio dos Santos e Evaristo Fortini. Professor Henrique de Brito Novaes é eleito presidente em 1960/1962.
O cenário político nacional no início dos anos 60, por pior que fosse não chegava aos pés das grandes tragédias que abalariam o Brasil nas décadas subsequentes. Jânio da Silva Quadros (nascido em 25.01.1917, falecido em São Paulo, em 16.02.1992), após uma carreira política meteórica, vence a eleição direta para presidente da república em 1960, com quase seis milhões de votos. Assume a presidência em 31 de janeiro de 1961. Logo de início, lança um programa antiinflacionário, que previa a reforma do sistema cambial, com a desvalorização do cruzeiro em 100% e a redução dos subsídios às importações de produtos como trigo e gasolina. O plano fora aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), credenciando o governo à renegociação da dívida externa brasileira. Essa política teve um alto custo para a população, com o aumento do custo de vida, com agravamento da situação social. Enfrentando oposição dos partidos políticos dominantes, Jânio não conseguia aprovação dos ajustes necessários na política e na economia.  A sua política externa "independente" indicava a tentativa de aproximação comercial e cultural com os diversos blocos do mundo pós-guerra, o que provocou a desconfiança de setores que defendiam o alinhamento automático apenas com os Estados Unidos.  A 25 de agosto de 1961, oito meses após tomar posse, Jânio apresenta sua carta de renúncia.  Com o vice-presidente João Goulart – Jango, em viagem à China, esse gesto abriu uma grave crise política. Embora tivesse apoio da classe trabalhadora, pois prometia reformas trabalhistas, Jango não contava com o apoio da imprensa, elites, militares e dos maiores partidos políticos. O país afundou numa crise sem precedentes. Politicamente, o quadro no governo municipal em Vargem Grande do Sul não era muito diferente. Embora o detentor do cargo de prefeito fosse pessoa querida da população, no âmbito administrativo a cidade não ia nada bem e a Câmara, praticamente de mãos atadas, pouco podia fazer. Por exemplo: enquanto os alunos do curso primário (fundamental) superlotavam as salas do Grupo Escolar Benjamin Bastos, e vários professores vargengrandenses davam aulas em cidades vizinhas ou mais distantes, por falta de classes em Vargem Grande, a escola Gilberto Giraldi, concluída no final da última gestão, permanecia fechada. Depois de muitos protestos e providências tomadas pelos próprios cidadãos (pais e professores) interessados, é que a escola foi aberta aos alunos, em 1961.
A Prefeitura atrasava pagamentos aos fornecedores, funcionários e não cumpria com obrigações patronais (previdência, imposto de renda, etc.). Os servidores municipais ficavam até seis meses sem receber nenhum salário, a situação social era grave, beirava à mendicância. No plenário, vereadores combatiam a administração, mas tinham poderes limitados.


LAÉRCIO MILAN
1962 A 1963
Filho de Arthur Milan e Maria Milan, nasceu a 19 de fevereiro de 1931, em Vargem Grande do Sul. Cirurgião-dentista, advogado, empresário, administrador de fazenda, professor e também vereador.
Laércio Milan fez seus estudos primários no Grupo Escolar Benjamin Bastos. Depois foi aluno interno no Colégio Irmãos Marista de Poços de Caldas, MG, onde cursou o ginasial e o colegial. Diplomou-se em Odontologia pela Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto. Posteriormente, cursou Direito na Fundação Otávio Bastos de São João da Boa Vista, tendo pertencido a primeira turma de formandos daquela unidade de ensino. Todavia, nunca exerceu nenhuma das profissões de seus cursos de nível superior. Exerceu as mesmas atividades de seu pai durante muitos anos: administração de fazenda e comércio de café. Eleito vereador para a legislatura de 1960 a 1964, presidiu a Câmara no biênio 1963/1964, e, em várias ausências do Prefeito da época, ocupou também o cargo de prefeito Municipal.
Incentivador dos esportes, Laércio colaborou com a fundação e construção do Tênis Clube local. Faleceu em 12 de dezembro de 2000.

 Regime Militar (1964-1985)

7 QUINTA LEGISLATURA
1.01.1964 A 31.01.69 (prorrogada)

Assumem em 1964: Walter Tatoni (Presidente), Sebastião Navarro, Alcino Alves Rosa, Arlindo Carminetti, Germano Kemp, Janor Costa, João Cipola, João Gasparini Filho, José Ribeiro de Andrade, José Aleixo, Osvaldo Marti Cavalheiro. Em 1965, os suplentes Alfeu Rodrigues do Patrocínio e Homero Correia Leite assumem por alguns meses, no lugar dos vereadores licenciados, José Ribeiro de Andrade e Germano Kemp. Em 1967, Eduíno Sbardelini e José Bruno substituem Arlindo Carmineti e Alcino Alves Rosa.  O vereador Sebastião Navarro é eleito para o segundo biênio 1966/68.
O Supremo Comando Revolucionário, que assumiu o poder em 1964 (Revolução de 31 de março de 1964), decretou através do ato Institucional nº 01, a escolha de um novo presidente para o Congresso Nacional, que deveria governar até 31 de janeiro de 1966. O escolhido, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, teve seu mandato prorrogado até 15 de março de 1967. O Ato Institucional nº 1 permitia também a suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão durante dez anos e a cassação de mandatos parlamentares. Castelo Branco pregava o respeito à Constituição de 1946. No entanto, durante o seu governo, foram criados vários instrumentos de controle, como o Serviço Nacional de Informações (SNI - órgão de inteligência ligado às Forças Armadas) e uma lei de greve que, na prática, impedia a realização de greves de qualquer natureza. Em fins de 1966, o Congresso Nacional foi fechado e, no inicio do ano seguinte, foi convocado para aprovar uma nova Constituição, promulgada em 24 de janeiro de 1967.
Em Vargem Grande do Sul, assim que assume a Prefeitura (01.01.1964), o empresário Nestor Bolonha depara-se com o caos administrativo. Já de início é formada uma comissão de vereadores e respeitados membros da sociedade (Walter Tatoni, Antônio Coury, Ângelo Cipola, Roberto Chiachiri entre outros) para um levantamento na contabilidade, tesouraria, patrimônio, da Prefeitura  etc. O presidente da Câmara contrata o contador Walter Filippini para secretariar os serviços. Segundo relatos dos funcionários da época e do senhor Antônio Coury (entrevista à Gazeta de Vargem Grande, Nossa Gente), nos primeiros meses de governo, as folhas de pagamentos do funcionalismo foram pagas com recursos financeiros, do próprio prefeito e do vice, Ivo Rodrigues. Em junho, a Câmara reprova as contas do executivo relativas aos exercícios de 1962 e 1963 (Resolução Nº 03, de 10.06.1964), autorizando a Prefeitura a constituir advogado para o ajuizamento adequado contra os responsáveis, no sentido de obter reparação dos eventuais danos causados ao erário público.



SEBASTIÃO NAVARRO
1966 A 1968 – 1972
1973 A 1974
Servidor público foi vereador três vezes eleito e presidente do legislativo nas legislaturas de 1966 a 1968, e, de 1973 a 1975. Natural de Mococa-SP, filho de Francisca da Silva e Luiz Navarro Júnior. Em 1933, casou-se com Maria Busato Navarro e tiveram os filhos: Luiz Ricardo, Sally, Humberto Paulo e Fernando.
Foi membro de diretorias e conselhos de entidades filantrópicas e associações recreativas e esportivas, prestando relevantes serviços a Vargem Grande do Sul – SP.
No legislativo exerceu vários cargos da Mesa Diretora e nas comissões permanentes, sempre com a retidão e a seriedade que lhe eram peculiares. Segundo a ex-vereadora Beatriz Defácio Corrêa Leite, que conviveu com Sebastião Navarro, os colegas o tratavam pelo carinhoso apelido de “professor”, uma deferência aos seus grandes conhecimentos de todo processo legislativo, administração pública etc.
Vítima de um infarto agudo do miocárdio, Sebastião Navarro morreu, durante sessão da Câmara, enquanto escrevia um parecer na sala das comissões, às 21h30min, do dia 18 de junho de 1979, aos 74 anos. Seu corpo foi velado no auditório da Câmara. Posteriormente, em sua homenagem, o plenário passou a ser denominado “Plenário Sebastião Navarro.

8 SEXTA LEGISLATURA
01.02.1969 A 31.01.73

Assumem os vereadores: Aristóteles Dias de Carvalho (Tóte), Francisco Barticioti Júnior, Janor Costa, José Aleixo, João Kemp, Oscar Martins Castroviejo, Roberto Alexandre Ferrari, Sebastião Navarro, Turíbio dos Santos, Walter Fillipini. No primeiro biênio Walter Fillipini foi eleito presidente. Para o segundo foi eleito João Kemp, mas ficou até agosto de 1971, quando se licenciou e foi substituído por Sebastião Navarro.
Em 1968, o presidente Costa e Silva decretou o Ato Institucional número 5, o AI- 5, que deu plenos poderes ao governo. O Congresso foi fechado e diversos parlamentares tiveram seus direitos cassados. Partidos políticos foram extintos e o bipartidarismo foi adotado no País: foram criados a Arena, que reunia partidos do governo, e o MDB, que aglutinava as "oposições".
WALTER FILIPPINI
1969 A 1970

Presidiu a Câmara Municipal no biênio de 1969/1970. Filiado ao partido de Alfeu do Patrocínio Rodrigues, político local mais influente da época, foi eleito vereador no mandato de 1969 a 1972. Respondendo a um convite da Câmara, compareceu para dar o presente depoimento.
Walter Filippine nasceu a 04 de abril de 1928, no então distrito de Posse de Ressaca, hoje município de Santo Antônio de Posse. Filho de Dolores Stefanini e d o guarda-livros Luiz Filippine. São seus irmãos: Gumercindo, Edmur, Neli, Edite, Iracema (Gilioli) e Ivonete (Bidin).
Em 1938, a família mudou-se para Vargem Grande do Sul, onde o pai veio gerenciar uma filial da Casa Finazzi (armazém de secos e molhados). Posteriormente, abriu a própria empresa, um depósito de bebidas (sociedade com João Coracini).
Aqui em Vargem o menino Walter prosseguiu seus estudos no Grupo Escolar, ajudava o pai, fazendo entregas a domicílio, e, aos poucos aprendendo a escrituração contábil. Trabalhou e estudou com Alcino Alves Rosa. Cursou a escola de comércio e Técnico em Contabilidade. Foi contador das empresas dos irmãos Longhini, dos lacticínios Puglia. Até que em 1960, abriu seu escritório de Contabilidade.
Walter Filippine sempre teve participação atuante no desenvolvimento da comunidade. Foi um dos sócios fundadores do Tênis Clube e do Rotary Clube locais. Fez parte da diretoria da Sociedade Humanitária. Presidiu a Sociedade Beneficente Brasileira-SBB.
Entusiasta dos esportes, sua grande paixão foi o futebol. Foi jogador da Associação Atlética Vargeana, amador e profissional, e, participou da fundação do Rio Branco.
Em 1953, casou-se com Olga Ferreira (falecida em 1989). Da união nasceram os filhos: Luis Ricardo, José Renato e Rita de Cássia. Em 1972, a família mudou-se para Casa Branca, onde Walter Filippine adquiriu escritório de contabilidade com importante carteira de clientes, preservando em Vargem Grande do Sul muitos amigos e familiares.

Vida Política

Walter Filippine confessa que nunca teve ambições políticas. Gostava mais das articulações partidárias, dos bastidores. Candidatou-se a vereador atendendo pedido do senhor Alfeu Rodrigues do Patrocínio que disputava o seu segundo mandato para o cargo de prefeito. Ambos foram eleitos.
Na época os vereadores não eram remunerados, somente o Presidente recebia uma verba de representação. Mas, conforme declarou, nunca fez uso dessa verba, para não suscitar qualquer tipo de comentário. Representou o prefeito Alfeu em diversas audiências em secretarias do Estado, sempre viajando com recursos próprios.
O senhor Walter explicou que, a maior parte dos recursos (receitas) para se administrar uma cidade, era oriunda da arrecadação de impostos e taxas do próprio município. Pouquíssimas verbas vinham do governo federal e estadual. Vereadores e prefeitos trabalhavam juntos para manter receitas e despesas equilibradas.
Um fato curioso, mas nada engraçado, ocorreu em sua gestão. O País vivia o regime de ditadura militar (1964 a 1985). Em 13 de dezembro de 1968, o presidente da República general Costa e Silva decreta o  Ato Institucional nº 5 (AI-5). O AI-5, como ficou mais conhecido, acentuou o caráter ditatorial do governo militar instalado em 1964 no Brasil. Com ele, o Congresso Nacional e as Assembléias Legislativas estaduais foram colocados em recesso. O presidente general Costa e Silva, passou a ter plenos poderes para cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e outros funcionários públicos, suspender o habeas-corpus em crimes contra a segurança nacional, legislar por decreto, julgar crimes políticos em tribunais militares, dentre outras medidas autoritárias. Paralelamente, nos porões do regime, generalizava-se o uso da tortura, do assassinato e de outros desmandos. Tudo em nome da "segurança nacional". Foi neste cenário que Walter Filippine eleito vereador, assumiu a Presidência da Câmara no início de 1969. No decorrer da legislatura, cumprindo o dever previsto nas normas do Regimento Interno da Câmara, o presidente cassou o mandato de dois vereadores que faltaram a seguidas sessões sem apresentar justificativa (norma existente até hoje).
Certo dia, Walter recebeu um telegrama de um órgão ligado ao regime militar convocando-o para estar em determinado endereço da Capital paulista, com data e hora aprazadas. Lá foi Walter Filippine, dentro de sua pasta de documentos colocou um exemplar do Regimento Interno da Câmara, foi sua sorte e a dos vereadores cassados também.
Enquanto aguardava sua vez, num corredor um tanto sombrio, o soldado que fazia a segurança, caminhava de um lado a outro e, de vez em quando, repetia, em tom ameaçador: “Hoje vai ter...” Deixando a todos nervosos. Um general, com cara de pouquíssimos amigos, foi quem o entrevistou. Perguntado, repetiu muitas vezes o motivo da cassação dos dois vereadores. O general insistia sobre a possibilidade de serem subversivos ao regime militar. Lançando mão do Regimento Interno que levara, conseguiu convencer o general de maus bofes, que os vereadores perderam o mandato apenas por não terem comparecido a três sessões sucessivas, sem nenhuma motivação política da parte dele ou dos dois.

JOÃO KEMP
1971

Filho de Brigida e Germano Kemp. No início dos anos 50, toda a família migrou de Andradas, Minas Gerais, para Vargem Grande do Sul. Aqui o pai, industrisl Germano Kemp adquiriu a “Fábrica de Enxadas Paulista”, localizada na Rua Maneco Nogueira. A empresa prosperou, chegando a empregar os membros da família e mais 32 operários, com produção de 3.200 enxadas/dia. Ainda adolescente João Kemp foi trabalhar com Theodoro Bergander, proprietário e fundador da fábrica de bombas Thebe. Adquiriu a Thebe, logo após o falecimento do fundador, ampliando sua produção de bombas. Casou-se em primeiras núpcias com a professora Ivete Silva, com quem teve os filhos João, Kênia, Brigina e Ernesto. Grande empreendedor João Kemp, muito respeitado na sociedade vargengrandense, acabou aceitando o desafio da vida política. Eleito vereador para o mandato de 1969 a 1972, foi eleito presidente para o biênio 1971/1972. No ano seguinte, vendeu a Thebe e mudou-se para Campinas. Posteriormente, instalou-se em Recife, PE, onde residiu por longos anos, casou-se pela segunda vez e teve outros filhos, e, lá faleceu.

9 SÉTIMA LEGISLATURA
01.02.1973 a 31.01.1977

Assumem seus mandatos: Beatriz D. Correa Leite (primeira mulher eleita vereadora em Vargem grande do Sul), Janor Costa, Jesus Simões Botelho, José Fernandes Toledo, José Aleixo Osmar Martins Castroviejo, Roberto Alexandre Ferrari , Roberto Fermoselli, Sebastião Navarro, Turíbio dos Santos, Vicente Cipola. O vereador Sebastião Navarro assume a presidência de 01.02.1973 a 01.02.1975, quando assume Roberto Alexandre Ferrari (até 31.01.1977). Os chamados anos de chumbo desgastaram a imagem dos governos militares, que em 1974 assistiram ao crescimento do MDB (partido de oposição ao regime militar) nas urnas. Na tentativa de calar a oposição, o governo baixou em 1976 o decreto apelidado de “Lei Falcão”, em referência ao ministro da Justiça Armando Falcão. Na propaganda eleitoral, foram permitidas apenas fotos dos candidatos e a voz de um locutor (não era a do candidato) anunciando seu currículo. Na economia, o Brasil vive o “milagre econômico”, denominação para o período 1968-73 que se caracterizou pelas maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na história até então, com relativa estabilidade de preços. A taxa média de crescimento do produto situou-se acima de 10% a.a., com destaque para o produto industrial, enquanto a taxa de inflação permaneceu entre 15 e 20% a.a. no período. Este desempenho foi decorrência das reformas institucionais e da recessão do período anterior, que geraram uma capacidade ociosa no setor industrial e as condições necessárias para a retomada da demanda. Além disso, o crescimento da economia mundial também permitiu a superação das taxas históricas de crescimento. Os setores mais dinâmicos são as indústrias da construção civil e de bens de consumo duráveis voltados para classes de alta renda, como automóveis e eletrodomésticos. Expandem-se também a pecuária e os produtos agrícolas de exportação. Os bens de consumo não-duráveis, como calçados, vestuário, têxteis e produtos alimentícios destinados à população de baixa renda têm crescimento reduzido ou até negativo. A distância da renda entre ricos e pobres era cada vez mais acentuada.
No início dos anos 70, Vargem Grande do Sul vive período de grande impulso da indústria cerâmica. Além da Cerâmica Vargengrandense, com cerca de 500 empregados e que exportava seus produtos para vários países, outras também começam a prosperar, gerando empregos, movimentando o comércio, com aumento nas receitas do Município. Nessa época a cidade atraiu novos moradores, vindos das cidades vizinhas, principalmente de São Sebastião da Grama, Divinolândia, Caconde e Itobi. É nessa legislatura que se institui o Parque Industrial de Vargem Grande do Sul em parte das terras conhecidas pelo nome de campo de aviação. Ali se estabeleceram empresários antigos que não tinham como se expandir em suas instalações no centro urbano, e, também novas empresas de vários ramos.  

9.1 O voto feminino

Durante a constituinte que elaborou e aprovou a Constituição de 1891, houve propostas para incluir o voto e a participação feminina na política. Mas, as emendas foram rejeitadas com a justificativa de que: “A maioria do Congresso Constituinte, apesar da brilhante e vigorosa dialética exibida em prol da mulher-votante, não quis a responsabilidade de arrastar para o turbilhão das paixões políticas a parte serena e angélica do gênero humano”. A sociedade era paternalista e machista ao extremo, tratando a mulher praticamente como incapaz de tomar decisões por si. Somente após a promulgação Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais. Mesmo assim, a conquista não foi completa. O código permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar. Havia restrições às propostas de emancipação feminina, considerando-as uma ameaça à estabilidade familiar. Alguns empecilhos ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminados no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser obrigatório em 1946.
Dados estatísticos mostram que, embora a mulher represente a maioria do eleitorado brasileiro, ela ainda é a minoria no Congresso Nacional e nas câmaras municipais.  Um dos maiores avanços na participação da mulher na política foi a inclusão por sistemas de cotas (projeto de iniciativa de uma mulher, Deputada Marta Suplicy), instituído pela Lei nº 9.100/1995, obrigando a reserva de vagas nas candidaturas às eleições proporcionais em níveis federal, estadual e municipal para mulheres, no mínimo, de 20% das vagas. No ano seguinte, o sistema foi revisado e o mínimo passou a ser de 30%, a Lei das Eleições de 1997, manteve o percentual (mínimo 30%).

Neide Castilho, Beatriz Correa Leite e Dona Zinha

Em 88 anos de Município, Vargem Grande do Sul elegeu apenas quatro vereadoras: Profa. Beatriz Defácio Corrêa Leite, Maria Pereira da Fonseca (Dona Zinha), Neide Fonseca Castilho e Sandra Regina da Silva Picinato (atual legislatura). No Dia Internacional da Mulher de 2010, a Câmara Municipal prestou homenagem as ex- vereadoras, no seu discurso o presidente enalteceu: “As três homenageadas na presente solenidade, Dona Beatriz, Dona Zinha e Dona Neide, são mulheres que já eram realizadas na sua vida profissional, mães e esposas exemplares, era mulheres atuantes na nossa sociedade, mas aceitaram o desafio de concorrer e exercer cargos eletivos de vereadores, um meio, até então, tradicionalmente masculino. Elas trouxeram para a Câmara, o olhar feminino, a intuição feminina, a inteligência, perspicácia e sensibilidade da mulher.”
Atualmente, a mulher expressa sua opinião política livremente e, obriga os candidatos a pensarem em propostas que atendam o universo feminino.

ROBERTO ALEXANDRE FERRARI
1975 -1976
Nascido em Vargem Grande do Sul, a 25 de junho de 1940. Era filho do contador Alcino Ferrari, que também foi vereador nos anos 50, e da senhora Julieta Bedin Ferrari. Eram seus irmãos o advogado Ivo Antônio Ferrari, a professora Cleide Ferrari Navarro e a professora Zuleica Ferrari Ferreira. Formou-se em Direito na Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 1966. Em 1969, casou com Vera Lúcia Aparecida Bartichoti, da união nasceu Marcus Vinicius Bartichoti Ferrari. Regressando a Vargem Grande do Sul abre seu escritório de advocacia e começa a participar ativamente da política local. Elege-se vereador em 1969, sendo reeleito para outro mandato até 1977.
Durante sua carreira de advogado, lutou para conseguir uma subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil em Vargem Grande do Sul, que dependia de São João da Boa Vista e conseguiu ver este sonho realizado, logo após a instalação da Comarca de Vargem Grande do Seul, em janeiro de 1969. Foi presidente da 123ª subsecção da OAB, entre os anos de 1984 a 1991. Encerrou sua carreira em 1992, por motivo de doença que o vitimou a 27 de março de 1995.

10 OITAVA LEGISLATURA
01.02.1977 A 31.01.1983 (prorrogada)

Lei Federal prorrogou os mandatos que por dois anos e foram vereadores nesta legislatura: Arthur Bolonha, Fausto Ferraz, Francisco Maldonado João, Hidelberto Geremias, Idevaldo Nora, José Fernandes Toledo, José Maria Siqueira, Jesus Simões Botelho, Nestor Bolonha, Osvaldo Pereira, Pedro Cipola, Roberto Fermoselli, Sebastião Navarro. Em 1979, assumem os suplentes: Ismael Lodi e Oscar Castroviejo Martins. No cargo de Presidente foram conduzidos os vereadores: José Fernandes Toledo (01.02.77 a 01.02.1979), Osvaldo Pereira (02.02.1979 a 31.01.1981), Jesus Simões Botelho (01.02.1981 a 31.01.1983
Até o ano de 1977, “os vereadores não ganhavam para desempenhar essa função, era um cargo meramente honorífico à exceção das Câmaras das capitais e de cidades com mais de 500 mil habitantes. Após o Pacote de Abril – conjunto de leis outorgado pelo presidente-general Ernesto Geisel em abril de 1977, visando a evitar o avanço da oposição ao regime (ditadura militar) – todos passaram a receber vencimentos, calculados num limite de até 75% dos salários dos deputados estaduais, que, por sua vez, representam 75% do que recebe um deputado federal”. 
Na oitava legislatura os vereadores passaram a analisar com mais freqüência projetos de leis referentes à implantação de novos loteamentos, era a expansão imobiliária que acompanhava o crescimento populacional e econômico do Município. Houve grande preocupação dos vereadores com  leis de zoneamento, plano diretor de desenvolvimento, que ordenasse esse crescimento urbano. São dessa legislatura e estão em vigor até a presente data, o Código de Obras e o Código de Posturas do Município.

JOSÉ FERNANDES TOLEDO
1977-1978 e 1983-1984

José Fernandes Toledo era natural de Carvalhos – MG. Nascido a 03 de agosto de 1927, filho de Autídio Fernandes e Maria Isabel Toledo. Casou-se com Lourdes Américo Fernandes, com quem teve cinco filhos: Alex Justino, José Tarcísio, Dr. Valério Sebastião, Maria Isabel e Cristiane. Foi eleito vereador para três mandatos. Primeiro mandato iniciado em fevereiro de 1973 e findo em 1.02.1977. Em seguida, reelegeu-se para o mandato de fevereiro de 1977 a janeiro de  1983 (eleições municipais previstas para 1980, prorrogadas para 1982). Reeleito também para terceiro e último mandato de 1983 a 1988 (eleições também prorrogadas). Na edilidade, José Fernandes Toledo sempre se “propôs a colaborar com a administração municipal, em tudo que resultasse na melhoria da qualidade de vida da população, consolidando o progresso, o desenvolvimento e a evolução do Município. Esteve permanentemente à disposição dos munícipes, tentando atender suas reivindicações”, foi o que o Presidente declarou  ao anuário “Forças Vivas da Nação”, tomo III, 1983. José Fernandes Toledo faleceu em Vargem Grande do Sul em 29.11.1986. Residem em nossa cidade, sua esposa, filhos, netos e bisnetos.


OSVALDO PEREIRA
1979-1980
Vargengrandense, nascido a 03 de maio de 1939, filho de José Cândido Pereira (Zé Candinho) e Adalgiza Patarro Pereira. Casado com Irienes Milan Pereira, pais de Adalgisa, Cristina e Osvaldo. Formado em Odontologia, aposentou-se como odontopediatra do Estado, e há 50 anos, leciona na escola Dom Pedro II, onde iniciou como professor voluntário, pois, praticamente, não havia recursos para o pagamento de professores.
Osvaldo Pereira é homem culto e ilustrado, confessa ser um apaixonado pela História, embora seja da área de ciências, o que pode ser comprovado na sua biblioteca particular, rica em títulos ligados à História do Brasil e geral.
Estudioso da heráldica, o Brasão e a Bandeira do nosso município são de sua autoria. Por ocasião do Sesquicentenário da Independência do Brasil, 1972, o então prefeito Alfeu do Patrocínio Rodrigues abriu um concurso para a escolha do brasão da cidade, pois, até então não existia. Uma comissão de professores escolheu o apresentado pelo professor Osvaldo. A 08 de março de 1972, foi promulgada a Lei Municipal nº 744, que instituiu o Brasão das Armas do Município de Vargem Grande do Sul. Meses depois, foi instituída a Bandeira do Município, a de sua autoria também foi a escolhida.
Eleito para a legislatura de 1976 a 1980, posteriormente, os mandatos foram prorrogados até 1983, Osvaldo Pereira ocupou a Presidência da câmara no biênio 79/80. Segundo declarações do Prof. Osvaldo à funcionária que o entrevistou, durante a administração do Prefeito Homero Correa Leite (1977 a 1983) a maioria dos vereadores eleitos eram de oposição ao seu governo. Dessa forma, ocupar a presidência da Câmara era um exercício de diplomacia, sem barganhas políticas, mas com muitas discussões em busca do consenso e, nada que fosse benéfico ao Município deixou de ser aprovado. No final do seu mandato na presidência, os ânimos foram se abrandando e no encerramento, até houve uma confraternização em clima amistoso, numa chácara do Nestor Bolonha.
Durante sua presidência, houve progressos: o prédio da Câmara recebeu nova pintura, houve processo licitatório para aquisição de ventiladores e as sessões passaram a ser gravadas, para depois serem transcritas em atas. No final do exercício financeiro, o saldo dos duodécimos (receita) da Câmara era repassado ao Executivo, com a recomendação de que fosse distribuído às entidades filantrópicas da cidade. Recomendação aceita e cumprida pelo então prefeito Homero.
A morte do vereador Sebastião Navarro, a Vítima de um infarto agudo do miocárdio, na noite de 18 de junho de 1979, durante sessão da Câmara, foi o fato que marcou a passagem do prof. Osvaldo. Conforme seus relatos, após discussões plenárias, um tanto ásperas, eles se reuniram na sala dos vereadores e embora fosse presidente, por deferência e muito respeito deixava a poltrona da cabeceira da mesa para o vereador Sebastião, sentando-se à sua direita. Em dado momento ele pediu um cigarro. Em seguida ouviu-se uma espécie de gemido, imediatamente, o Prof Osvaldo o amparou para que não caísse, Sendo da área médica e percebendo que o quadro era sério, começou a lhe aplicar ressucitação. Levado ao hospital em seguida, onde Dr. Ranzani já o aguardava, mas nada pode ser feito. O velório foi realizado no auditório da Câmara, posteriormente, o plenário da Câmara recebeu o seu nome.

JESUS SIMÕES BOTELHO
1981-1982
Vargengrandense, nascido a 25 de agosto de 1927, filho de Francisco Simões Botelho e Palmira Alves Botelho. Casou-se com Terezinha Baiz, com quem teve os filhos Maria Tereza, Lúcia Helena, Ana Maria (Tucá Coracini, já falecida), Carlos Eduardo e Maria Cristina.
Jesus Simões Botelho, ou Zizo Botelho, foi comerciante de destaque na cidade, sempre trabalhou no ramo de autopeças. Empreendedor foi também proprietário da primeira autoescola da cidade (Autoescola Modelo).
Cidadão atuante, também participou dos movimentos que culminaram na instalação da CIRETRAN local; abertura da agência local do Banco do Brasil; fundação da Associação Comercial e Industrial, onde foi conduzido para o cargo de Presidente já no primeiro ano, a 27 de janeiro de 1980.
Sua preocupação com o bem-estar da comunidade, que logo o levou a participar da política municipal. Em novembro de 1972, foi eleito para o mandato de 1973 a 1976. Em seguida foi reeleito para o mandato de 1977 a 1983 (prorrogado por Lei federal). Presidiu a Câmara entre 31 de janeiro de 1981 a 31 de janeiro de 1983. Faleceu em 07.02.2004.

NOVA REPÚBLICA (1985 aos dias de hoje)

11 NONA LEGISLATURA
      01.02.1983 A 31.12.1988 (prorrogada)

Mandato também foi prorrogado, por decisão federal, até que a nova constituição fosse promulgada (outubro de 1988). Foram eleitos Alcir Morandin, Antônio Fermoselli Neto, Dante Antônio Braghetto, Luis Carlos Fermoselli, João Carlos Forti, José Fernandes Toledo, José Maria Siqueira, Nívio Patarro Pereira, Pedro Trevisan, Serbastião Donizete Sanches, Vanderlei Ribeiro e João Garcez que veio a substituir João Carlos Forti. 
José Fernandes Toledo presidiu a Câmara de 01.02.1983 a 31.01.1985, Wanderlei Ribeiro presidiu de 01.02.85 até 31.01.1987, e Sebastião Donizete Sanches foi presidente de 01.02.1987 a 31.12.1988.
Começa o período de transição do governo militar (1964 a 1985) para o governo democrático. No início dos anos 80, o Brasil passava por grave crise econômica. Desde o final da década de 70, o País passou a pagar alto preço pelos anos do “milagre econômico”. A inflação chega a 94,7% ao ano. Em 1980 bate em 110% e, em 1983, em 200%. Nesse ano, a dívida externa ultrapassa os US$ 90 bilhões e 90% da receita das exportações é utilizada para o pagamento dos juros da dívida. O Brasil mergulha em nova recessão e sua principal conseqüência é o desemprego. Em agosto de 1981 há 900 mil desempregados nas regiões metropolitanas do país e a situação se agrava nos anos seguintes. Os militares viam crescer os partidos de oposição e o enfraquecimento do regime. Insatisfeito, com mais de 20 anos de ditadura, o povo aspirava por mais liberdade de expressão e democracia política.  Em 1984, ocorre o grande movimento das Diretas Já, para que o Congresso aprovasse o projeto de emenda constitucional do deputado Dante de Oliveira. Pela emenda, o presidente da República seria eleito por voto direto, e não pelo Colégio Eleitoral – que reunia os congressistas e mais seis membros da bancada majoritária em cada Assembléia Legislativa. A iniciativa ganhou o apoio do grupo oposicionista que incluía o senador Teotônio Vilela e o deputado Ulysses Guimarães.
A grave crise econômica também dá um triste golpe em Vargem Grande do Sul, a Cerâmica Bolonha que apresentava sinais negativos de desempenho, perde seu fundador, Nestor Bolonha (empresário, vereador e ex-prefeito) e, pouco depois, encerra atividades. Centenas de trabalhadores ficaram desempregados, sem outra qualificação profissional, muitos migraram para os serviços ligados à produção de açúcar e álcool, outros se arriscaram na iniciativa privada.





VANDERLEI RIBEIRO
1985 a 1986

Vargengrandense, nascido a 24 de julho de 1948. Filho de João Batista Ribeiro e Olívia Castella Ribeiro. É casado com Sônia Gorini. Com quem teve três filhos: Rosane, Diego e Marise. Foi bancário, comerciante, músico, mas há vários anos é advogado militante.  Desde jovem Vanderlei Ribeiro esteve envolvido na direção ou conselho de várias entidades filantrópicas como Hospital de Caridade e a Casa do Menor Dom Bosco. Daí para a política foi um passo. Eleito vereador para o mandato 1983 a 1985 (prorrogado até 1988), assumiu a presidência da mesa diretora no biênio 1985/86. Na presidência Vanderlei Ribeiro ergueu bandeira de luta pela independência do Legislativo, que durante os anos de ditadura militar perdera muitas prerrogativas para o executivo.  Com esta finalidade a Câmara passou a ter os próprios funcionários. Até sua gestão, funcionários da Prefeitura acumulavam funções também no legislativo. Sua passagem pela Presidência foi um marco divisório, pois, com a diplomacia que lhe é peculiar, pregava a harmonia, ao mesmo tempo em que evitava a ingerência e a submissão de um poder em relação ao outro, no caso prefeitura e câmara.


SEBASTIÃO DONIZETE SANCHES
1987- 1988

Presidiu a Câmara de fevereiro de 1987 a 31.12.1988. Filho de Leonildo Oliva Sanches e Geni Ronqui Sanches, nasceu em 20 de janeiro de 1958, em Vargem Grande do Sul, SP. Casado com Elizabeth de Fátima Batissoco Sanches, com quem teve oito filhos.
Aos 9 anos, começou a trabalhar com o pai, ajudando-o na lavoura. Aos 18 anos, foi trabalhar no comércio, na área de supermercados. Aos 21 anos, casou-se e abriu a sua própria empresa, uma empacotadora de alho. Por ser produtor, empacotador e comerciante de alho, passou a ser conhecido por Tião do Alho. Também foi pecuarista. Ainda jovem e apreciador de esportes, principalmente futebol, participou da diretoria do Esporte Clube 21 de Abril e sócio do Tênis Clube. Posteriormente, tornou-se evangélico e passou a dedicar à religiosidade. Hoje é pastor evangélico.
Aos 24 anos, com grande popularidade, Sebastião Donizete Sanches elegeu-se vereador pelo Partido Movimento Democrático- PMDB, sendo o segundo candidato mais votado na eleição  de 15 de novembro de 1982. Inicialmente, seria um mandato de quatro anos, mas, foi prorrogado, por lei federal, até dezembro de 1988.  Na Câmara exerceu as seguintes  funções: líder da bancada, membro da Comissão de Finanças,  vice- presidente da Comissão de Trânsito, culminando com a eleição à Presidência da Mesa Diretora. Na Câmara, empenhou-se em atender as necessidades do Município em todos os setores da administração: saneamento básico, educação, lazer, saúde, eletrificação rural, iluminação pública, estradas, comunicações, esforçando-se ao máximo para corresponder à confiança lhe foi depositada nas urnas.

12 DÉCIMA  LEGISLATURA
      01.01.1989 A 31,12.1992


Foram eleitos e empossados: Alexandre Tadeu Misurini, Antônio Sérgio da Silva, Benedito Adão, Celso Luís Ribeiro, Celso Itaroti Cancelieri Cerva, Idevaldo Nora, Luis Carlos Fermoselli, José Locatelli Filho, Marçal Daniel de Andrade, Maria Pereira da Fonseca, Neide Castilho, Nivio Patarro Pereira, Roberto AP. Fermoselli, Romualdo Menossi, Tadeu Fernando Ligabue. De 01.01.1989 a 14.02.1991, Celso Luís Ribeiro foi presidente, Romualdo Menossi assumiu em 15.02.1991 até 31.12.1992.

Com a redemocratização do Brasil, principalmente com a Constituição de 1988, as Câmaras Municipais recuperaram, em grande parte, seu papel tradicional de órgãos representativos, colegiados e com funções deliberativas. Tornava-se mais palpável, também, a estreita vinculação entre o processo legislativo e os interesses da população. A apresentação de leis de iniciativa popular passa a ser exercida, com a apresentação à Câmara de projeto de lei ou emenda à lei orgânica, subscrito por, no mínimo, cinco por cento do eleitorado municipal. Garantindo-se também que tais projetos, oriundos de iniciativa popular, tenham o mesmo tratamento dos demais projetos de leis do Executivo ou do legislativo. O Papel da Câmara Municipal é um poder independente. O Poder Legislativo do Município é exercido pela Câmara de Vereadores e exerce quatro funções básicas:
- A função legislativa, que consiste em elaborar as leis sobre matérias de competência exclusiva do município;
- A função fiscalizadora, cujo objetivo é o exercício pelo controle da Administração Pública local, quanto à execução orçamentária e ao julgamento das contas apresentadas pelo Prefeito.
- A função julgadora, que ocorre nas hipóteses de infrações político-administrativas cometidas pelos Administradores Municipais ou pelos próprios vereadores e prevista em lei;
- A quarta função é a administrativa, restringe-se à sua organização interna, estruturação de seu quadro de pessoal, direção de seus serviços auxiliares e elaboração de seu Regimento Interno.
A Câmara de Vereadores funciona com a presença, de no mínimo, da maioria simples de seus membros; as deliberações são tomadas por maioria de votos dos presentes, ou por maioria absoluta dos membros ou maioria qualificada (dois terços dos membros da Casa) conforme os casos previstos na Lei Orgânica do Município e no Regimento Interno da Casa. Vereadores. As sessões da Câmara de Vereadores são públicas, o voto é aberto, salvo disposição regimental e acontecem, quinzenalmente (primeira e terceira segundas-feiras do mês). A Câmara de Vereadores pode criar Comissão Especial de Inquérito sobre fato determinado, nos termos do Regimento Interno, a requerimento de, no mínimo, um terço de seus membros.




CELSO LUIS RIBEIR0
1989-1990
Vargengrandense, nascido a 18 de dezembro de 1958, filho de Emília e Antônio Ribeiro. Casado com a também vargengrandense Micaela Garcia, da união nasceu Laura Garcia Ribeiro. Amigo e companheiro de partido do prefeito Alfeu do Patrocínio Rodrigues, de quem foi assessor, elegeu-se vereador para o mandato de 1989 a 1992. Eleito por seus pares a Presidência da Câmara no biênio 1989/1990 gestão, presidiu a constituinte que elaborou a Lei Orgânica do Município de Vargem Grande do Sul. Sob o comando de Celso Luís Ribeiro a Câmara abriu as portas para ouvir sugestões de todos os segmentos da sociedade local. Uma extraordinária oportunidade de entrar em contato com a realidade e os verdadeiros anseios da população. Foram meses de reuniões, discussões, votações, até a redação final. Com grande expectativa, num evento cívico que reuniu autoridades e população, a nova Lei Orgânica do Município foi promulgada em 20 de abril de 1990, dentro dos princípios da Constituição Federal de 1988, que garantiu maior poder fiscalizador do Legislativo nos atos do Executivo, além da representação popular.  Líder político e realizador contumaz, Celso Luis Ribeiro foi eleito prefeito para dois mandatos consecutivos (2001 a 2008).



ROMUALDO MENOSSI
1991-1992
Comerciante, natural de Jardinópolis, SP, nascido em 01 de agosto de 1948,  filho de Albertina Saraiva e Waldemar Menossi. Casou-se com a professora Cleide Maldonado e tiveram os filhos: Alex (falecido), Fernando, Veridiana e Vicente.  Admirado por sua visão política, homem culto, orador fluente e ponderado. Características que o fortaleceram para o exercício de Presidente num período de conflitos entre o poder legislativo e executivo na política local. Sob a sua Presidência, com o respaldo da nova Lei Orgânica, a Câmara investigou com mais afinco diversas denúncias de irregularidades cometidas no Executivo, através de Comissões Especiais de Inquérito. Todas encaminhadas ao Ministério Público, muitas com transitado em julgado e os acusados já apenados. No período em que foi presidente, a Câmara também aprovou leis importantes como a do Regime Jurídico Único dos servidores municipais (Lei 1.662/92), a criação do fundo de previdência dos servidores municipais (FUPREBEN), plano de carreiras, etc. Até 1992, alguns servidores eram estatutários e tinham estabilidade, mas a maioria era celetista, após a aprovação do Estatuto dos servidores públicos, todos passaram a ser estatutários e com regime previdenciário próprio o Fundo de Previdência e Benefícios - Fupreben.


13 DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA
      01.01.1993 A 31.12.1996

Antônio José de Oliveira, Antônio Sérgio da Silva, Antônio Carlos Bertoleti, Antônio Carlos do Patrocínio Rodrigues, Celso Itaroti Cancelieri Cerva, Cláudio Gadiani, Fernando José Bernardelli, Luis Carlos Fermoselli, José Acássio Mesquita, José Carlos Dias, Marçal Daniel Andrade, Maria Pereira da Fonseca, Pedro Trevisan, Roberto AP. Fermoselli   e Tadeu Fernando Ligabue que renúncia em janeiro de 1994, assume o suplente Felício Misurini.
No apagar das luzes do ano de 1992, Itamar Franco, vice Presidente da República, assumia efetivamente o cargo de Presidente, após a renúncia de Collor. Itamar recebeu o governo em meio à grave crise econômica, tendo a inflação atingido 1.100% em 1992 e chegando a 2.484% no ano seguintes. Em 21 de abril de 1993, realizou-se o plebiscito sobre a forma de sistema de governo. Por 66% contra 10,2%, venceu a República sobre a Monarquia; e por 55,4% contra 24,6%, a proposta presidencialista derrotou a proposta parlamentarista. Em fevereiro de 1994, foi lançado o Plano Real,  plano de estabilização econômica, permitindo que a inflação fosse finalmente controlada.
O principal projeto da décima primeira legislatura de Vargem Grande do Sul foi o Plano Diretor de Desenvolvimento, que monopolizou muitas discussões, estudos e levantamentos técnicos, visando a adequada ordenação (zoneamento) urbana do Município, que já sentia os efeitos da falta de planejamento, do crescimento (“inchaço”) de bairros sem infraestrutura básica, e, um parque industrial estrangulado, cercado de áreas residenciais e sem condições de expansão. Embora houvesse previsão por parte dos legisladores nos anos 80, ao legislador, cabe legislar (fazer as leis) e, na execução de vários loteamentos, pouco foi exigido em termos de infraestrutura urbana. No decorrer dos anos, muito do que caberia ao loteador (empresário) acabou onerando os cofres municipais, pior, por muito tempo causou péssimas condições na qualidade de vida dos moradores: bairros sem iluminação pública, ruas sem asfalto, mal abastecidos por água tratada, serviços de esgoto, etc.



CELSO ITAROTI CANCELIERI CERVA
1993-1994
2005-2006
Nascido a 05 de setembro de 1958. Filho de Lacyr Cancelieri Cerva e Itamar Dela Nina Cerva. É formado em Administração de Empresas e Direito pela Fundação Otávio Bastos.  Ingressou na Polícia Civil, aprovado em concurso público para o cargo de Escrivão. Pouco tempo depois, obteve aprovação no concurso de ingresso à carreira de Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Foi vereador eleito para três legislaturas e também presidente da Câmara em duas legislaturas.  A primeira compreendeu o período de 1989 a 1992, quando também foi vereador constituinte. Na segunda legislatura, 1993 a 1996, foi eleito presidente da Câmara logo no primeiro biênio (1993-94). Foi novamente eleito para a legislatura 2005-2008. Sendo presidente, também no primeiro biênio (2005/2006), época em que reformou as instalações da Câmara, com a finalidade de resgatar detalhes arquitetônicos do prédio construído em 1918. Também propôs mudanças no Plano de Carreiras dos Servidores da Câmara, atualizou vencimentos defasados e realizou concursos para preenchimento de vagas.
Homem de decisões, muito respeitado por seus pares, Celso Itaroti emprestou aos colegas do Legislativo o caráter investigativo e a ordem processual necessárias para se documentar e apurar denúncias de possíveis irregularidades.



FELICIO MIZURINI FILHO
1995-1996
Comerciante, natural desta cidade, nascido em 22 de outubro de 1948. Era filho de Felício Mizurini (que também foi vereador desta Casa), e, da senhora Ana Gutierrez Mizurini. Casou-se com Neusa Aparecida do Amaral, com quem teve os filhos Fabrício e Fernanda, ambos casados e estabelecidos aqui em Vargem Grande do Sul. Gerenciou o Tênis Clube Vargengrandense, entre dezembro de 1990 e fevereiro de 1996, e presidiu a entidade no biênio 2000/2001. Desportista apaixonado por futebol e futebol de salão.
 Suplente de vereador no pleito de outubro de 1992, Felicinho, como era mais conhecido, foi chamado para a vaga de Tadeu Fernando Ligabue, que renunciou em janeiro de 1994. No ano seguinte, Felicinho foi eleito presidente para o biênio 95/96.  Na sua gestão, a Câmara elaborou dezenas de projetos de leis, muitos ligados à área da assistência, em que se concediam auxílios a pessoas de baixa renda para tratamentos ou benefícios não cobertos pelos sistemas de saúde e promoção social. Também apoiou a primeira greve do funcionalismo municipal, que reivindicava 25% de aumento, concedidos por Lei, contestada pelo Executivo. Faleceu em 28 de janeiro de 2008.

14 DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA
      01.01.1997 a 31.12.2000

Foram eleitos e empossados: Antônio Carlos Bertoleti, Antônio Sérgio da Silva, Antônio José de Oliveira, Benedito Garcia Leal, Deolindo de Abreu Filho, Francisco Maldonado João, José Carlos Dias, José Locatelli Filho, José Ferreira Brandão, Júlio Sérgio Vidali, Maria Pereira da Fonseca, Natanael Acosta, Roberto Ap. Fermoselli, Roberto dos Santos Sagiorato, Valdir Ap. Sangiorato, Zaqueu, Naliati Júnior, Marçal Daniel Andrade. Em 1998, Nathanael Acosta faleceu, convocou-se o seu suplente, Zaqueu Naliati Júnior. Ocuparam o cargo de Presidente da Câmara: 1997/1998 Antônio José de Oliveira; fevereiro a outubro de 1999, José Locateli Filho; de outubro de 1999 a outubro de 2000, Dr. Zaqueu Naliati Júnior e de outubro de 2000 a dezembro, Deolindo de Abreu Filho.
Já na eleição e posse do segundo biênio, houve um prenúncio das dificuldades que ocorreriam naquele ano. A primeira eleição da Mesa foi anulada, por não respeitar o princípio constitucional da proporcionalidade dos partidos representados na Câmara. Outra eleição foi realizada e os eleitos tomaram posse, semanas depois.
 Em outubro de 1999, o presidente da Câmara assume o cargo de prefeito e para sua vaga na o vereador Marçal Daniel Andrade foi convocado. Essa legislatura foi marcante na história política do Município. Nas eleições municipais de 1996, Maria Denira Tavares Rossi, graças a popularidade e liderança do seu marido o ex-prefeito José Carlos Rossi (1989-1992), obtém expressiva votação e é eleita prefeita de Vargem Grande do Sul. Sucessivas denúncias de irregularidade acabaram por afastá-la do cargo em outubro de 1999, sendo o processo de cassação concluído em dezembro daquele mesmo ano. O cargo de vice-prefeito, ocupado por José Carlos Rossi já estava vago, pois ele estava com os direitos políticos suspensos por oito anos.


ANTÔNIO JOSE DE OLIVEIRA
 1997-1998
Filho de Wilson de Oliveira e Irene Andreato de Oliveira, nasceu em São Sebastião da Grama, em 16.05.1964. Muito jovem, veio trabalhar na Prefeitura Municipal de Vargem. Por muitos anos, trabalhou num pequeno posto de orientação aos usuários do antigo Instituto Nacional de Previdência Social- INPS, mantido pela prefeitura. Essa função acabou lhe rendendo o apelido de Toninho do INPS e grande popularidade. Foi vereador por dois mandatos consecutivos de 1993 a 1996 e 1997 a 2000. Durante sua presidência, biênio 1997/1998, a Câmara apurou diversas denúncias de irregularidades na administração municipal e um primeiro pedido de cassação da ex-prefeita Maria Denira Tavares Rossi, arquivado. Foi Antônio José quem assinou o decreto que extinguiu o mandato do vice-prefeito José Carlos Rossi. Diplomou-se em Direito pela Fundação de Ensino Otávio Bastos, atualmente trabalha na iniciativa privada.


JOSÉ LOCATELLI FILHO
1998 até 31.10.99
Nasceu em São Sebastião da Grama, em 09.01.1942, filho de José Locateli e Antônia Piovesan Locateli, casou-se com Iolanda Ferreira, com quem teve os filhos José Roberto e Carlos Alberto. Policial Militar seu José Locatelli, apresentador de programa na rádio local, orador inflamado e de espírito combativo, elegeu-se vereador por duas legislaturas, 1989 a 1992 e de 1997 a 1999. Quando no exercício da presidência da Câmara, e, estando vago o cargo de vice-prefeito, assumiu a chefia do Poder Executivo, após o afastamento e a cassação da prefeita Maria Denira Tavares Rossi, em 1999. Ficou no cargo de prefeito até 31 de dezembro de 2000. Faleceu em 2008, seu corpo foi velado no auditório da Câmara Municipal.


ZAQUEU NALIATI JÚNIOR
Outubro de 1999 a outubro de 2000
Cirurgião- dentista, natural de São Bernardo do Campo, SP, filho de Deuselinda Silva e Zaqueu Naliati, nasceu a 09 de dezembro de 1968. Casou-se com Eliana Custódio, com quem teve três filhas. Após sua formatura estabeleceu-se em Vargem Grande. Eleito suplente de vereador para o mandato de 1997 a 2000, foi convocado para a vaga deixada pelo vereador Nathanael Acosta, falecido em 1998. Em 1999, era Vice-Presidente da mesa diretora da Câmara, por ocasião da cassação do mandato da ex-prefeita Maria Denira Rossi, assumiu a vaga do Presidente, que, automaticamente, passou a exercer o cargo de Prefeito. A sua gestão foi curta, apenas um ano, mas, com certeza, o período mais conturbado da história política do Município. Muito se exigiu da Mesa Diretora e dos vereadores dessa legislatura: afastamento da prefeita, comissão processante, culminando com a cassação, propriamente dita em dezembro de 1999, comissão parlamentar de inquérito que apurava o possível envolvimento de vereadores em esquema de propinas, entre outros fatos relevantes. Em 2001, Zaqueu mudou-se de Vargem Grande do Sul e foi cursar Medicina, hoje exerce a profissão de médico na cidade de Jundiaí-SP.

DEOLINDO DE ABREU FILHO
De outubro a dezembro de 2000
Nascido em Pontal, SP, em 21 de agosto de 1941, filho de  Deolindo de Abreu e Regina Merlin de Abreu. Casou-se em Vargem Grande do Sul, com Maria Luisa dos Santos Abreu, com quem teve os filhos Dulcinéa Aparecida e Dener José, que lhe deram quatro netos. Técnico em Contabilidade, advogado, formado em Direito pela Fundação Otávio Bastos,  Policial Militar aposentado, locutor de programa policial na Rádio Cultura, Deolindo de Abreu Filho, pessoa popular e querida na cidade, foi eleito vereador para o mandato de 1997 a 2000. Em 2000, era 1º secretário da Mesa, quando o Presidente Zaqueu Naliati Júnior se licenciou. Na ausência do Vice-Presidente, Deolindo presidiu a Mesa até o fim do mandato, em 31.12.2000.


15 DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA
      01.01.2001 a 31.12.2004

São eleitos: Francisco Maldonado João, Marco Antônio Goulart, Pedro Francisco Pedrilho, Júlio Sérgio Vidali, André Francisco Manzano, Maurício Romano Felipe, Valdir AP. Sangiorato, Romualdo Menossi, Roberto AP. Fermoselli, Valdir AP. Sangiorato.
A desvalorização da moeda em 1999 e o déficit público obrigaram o governo a recorrer aos empréstimos do Fundo Monetário Internacional –FMI, que  exigiu do País  a adoção de algumas medidas drásticas: política cambial mais flexível (câmbio flutuante), metas de inflação e supervávit primário, reforma previdenciária, privatizações no setor de energia elétrica, controle dos gastos públicos e a adoção de uma Lei de Responsabilidade Fiscal severa para União, Estados e Município. Num primeiro momento a Lei de Responsabilidade Fiscal pareceu medida de difícil cumprimento. Mas, em vigor desde 2000, veio atender aos anseios de uma sociedade cansada com os contínuos desmandos de governantes que tratavam a coisa pública, que é de todos, como uma extensão da coisa privada. Sob à égide da LRF,  com suas normas e mandamentos, moralizando a administração pública, limitando os gastos com pessoal e uma gerência financeira eficiente é que assumem os eleitos para a 13ª Legislatura  da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul. No primeiro biênio o Prof. Francisco Maldonado João é eleito presidente, para o segundo biênio, Júlio Sérgio Vidali. Foram quatro anos de muita sintonia entre os poderes Legislativo e Executivo, que trouxeram desenvolvimento em todos os aspectos da administração pública.

FRANCISCO MALDONADO JOÃO
2001-2003

Professor de Educação Física, vargengrandense, nascido a 13 de novembro de 1948. Filho de Ary Antunes João e Dolores Maldonado João. Viúvo da senhora Alice Helena Giovanelli João, com quem teve os filhos Murilo, Marcelo e Matheus. Formou-se em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, especializando-se em vôlei e futebol. Professor muito estimado por colegas e alunos, sempre foi um defensor dos esportes na formação cidadã de crianças e jovens. Eleito vereador para três mandatos, os dois últimos consecutivos. Na sua primeira legislatura de 1977 a 1982, não completou o mandato, pois, em 1980 passou a ocupar cargo na administração do Prefeito Homero Correia Leite. Na segunda legislatura, de 1997 a 2000, desempenhou papel de suma importância nas apurações de denúncias de irregularidades da administração municipal, que após comprovadas, levaram ao afastamento e cassação da então prefeita Maria Denira Tavares Rossi. No seu terceiro mandato de vereador, 2001 a 2004, foi o presidente do primeiro biênio (2001 a 2002).  Durante sua gestão, foi instituído o Plano de Carreiras dos Servidores do Legislativo, e, concursos para novos cargos. Em 2004, foi eleito vice-prefeito junto com Celso Luis Ribeiro, reeleito prefeito para 2005 a 2008.

JÚLIO SÉRGIO VIDALI
2003-2004
Comerciante, vargengrandense, nascido a 18 de julho de 1962. Filho de Lourdes Bertoluci e Romeu Vidali. Casado com Silvana Marta Peluqui Vidali e pai de Natalie, Vinícius e Miguel. De família muita religiosa e respeitada na cidade, Júlio foi eleito para dois mandatos consecutivos, de 1997 a 2000, 2001 a 2004. Em 1999, participou como membro atuante das comissões de inquérito, que investigaram as denúncias de possíveis irregularidades na administração municipal. Efetuou, juntamente com outros vereadores, diversas diligências, dentro e fora do Município, em busca de provas documentais e testemunhais, que levaram à cassação da então prefeita municipal. No seu segundo mandato, num período de muita harmonia na política local, foi eleito presidente para o segundo biênio, 2003-2004.  Em sua gestão, houve reforma no Plano de Carreiras dos Servidores do Legislativo e abertura de novas vagas.


16 DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA
01.01.2005 a 31.12.2008

Eleitos: Antônio Sérgio da Silva, Celso Itaroti Cancelieri Cerva, Iletro Cachola, José Geraldo Ramazotti, José Reinaldo Martins, Dr. Marco Antônio Goulart, Pedro Lemos Ranzani, Ronaldo de Albuquerque Herculano, Valdir AP. Sangiorato. No primeiro biênio pela segunda vez, Celso Itaroti Cancelieri Cerva era eleito para o cargo de presidente. No segundo biênio José Reinaldo Martins, que já havia sido prefeito municipal, assume o comando do Legislativo pela primeira vez.
Logo no início da 14ª Legislatura, os vereadores estavam empenhados nas análises, discussões de um novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, atendendo exigências do Estatuto das Cidades (Ministério das Cidades). O projeto que instituía o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano partiu da iniciativa do Prefeito. Durante sua tramitação, a Câmara fez várias audiências públicas, para que houvesse a maior participação popular possível. Muitas sugestões do interesse da coletividade foram apresentadas na forma de emendas. O projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano recebeu várias emendas, que posteriormente foram contestadas pelo Executivo, e, muitas desconsideradas do texto final da lei. Outro assunto que monopolizou muitas pautas neste período foi o local adequado para o novo distrito industrial. Haja vista, que o antigo (da década de 70), devido ao crescimento desordenado, acabou por perder sua área de expansão, ficando cercado por bairros residenciais. Mesmo bastante ativa, a oposição exercida pela vereança não chegou a ser sistemática, pois, sempre aprovava projetos que atendessem as necessidades da população, sem prejudicar o bom andamento da administração municipal. Essa Legislatura, bastante atuante, também fez atualizações na Lei Orgânica Municipal, Regimento Interno e Plano de Carreiras dos Servidores da Câmara.


JOSÉ REINALDO MARTINS
2007-2008
Vargengrandense, nascido em 27 de junho de 1946, filho de Antônia Picinato e Ismael Martins. Casou-se com Vera Elisabete de Oliveira e da união nasceram os filhos Luis Gustavo e Janaina. Radialista, professor de Português, bancário sempre foi pessoa muito estimada e respeitada na cidade. A sua popularidade, chamou a atenção de lideres políticos nos anos 80. Foi eleito para o cargo de Vice-prefeito na administração de 1989 a 1992. Em seguida, foi eleito prefeito para o mandato de 1993 a 1996. Por alguns anos dedicou-se exclusivamente a vida de radialista, retomando a vida política em 2004, quando concorreu e elegeu-se vereador para a legislatura 2005-2008. No primeiro biênio foi primeiro secretário da Mesa Diretora, e, presidiu a Casa no segundo biênio 2007-2008. Deu prosseguimento ao trabalho da presidência anterior, sempre com muita diplomacia, concluiu as reformas adquirindo mobiliário, equipamentos permanentes e realizou concursos para preenchimento de vagas.



DÉCIMA QUINTA LEGISALTURA
01.01.2009 A 31.12.2012;

Eleitos: Antônio Carlos Bertoleti, Luís Antônio Felipe, Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro, José Geraldo Ramazotti, Paulo César Costa, Pedro Lemos Ranzani, Rubens Ronqi, Sandra Regina da Silva Picinato, Wilson Luís Fermoselli Ronqui. No primeiro biênio Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro (Totonho) foi eleito para presidir a Mesa Diretora.


A chamada Nova República, instaurada no País após o fim do regime militar, não acabou apenas com a ditadura, mas também, deu lugar ao maior período de estabilidade democrática ininterrupta vivida pelo Brasil em toda a sua História. Assim como em todo o Brasil, Vargem Grande do Sul passou por grandes transformações nos últimos 10 anos. Muitos investimentos privilegiaram áreas importantes, como a infraestrutura básica (abastecimento de água, rede e tratamento de esgoto), educação ( creches, escolas e escola técnica), cultura (eventos), esportes (ginásio poliesportivo, quadras nos bairros)e turismo (bosque municipal). A economia estabilizada, o aquecimento, investimentos na área da construção civil, com mais financiamentos habitacionais que ocorrem no País, têm proporcionado período de grandes negócios na indústria cerâmica (telhas, tijolos, lajes, blocos moldados, etc.), gerando renda e empregos em nosso Município. Comércio e agricultura também usufruem deste bom momento econômico. Na política, Legislativo e Executivo continuam independentes, harmônicos, portanto, democraticamente, mais sólidos.  Um importante projeto de incentivos às empresas foi, minuciosamente, estudado e discutido pelo Legislativo e Executivo por vários meses em 2009. Resultando em lei que prevê a concessão de aluguel às empresas de fora que queiram se instalar no Município e para as que já funcionam na cidade e tenham projetos de expansão em suas instalações, com oferta de mais empregos. Também a revisão da Lei Orgânica do Município, com a inclusão de dispositivos adequados as mais recentes emendas constitucionais, tem merecido empenho da atual gestão.


LUIZ ANTÔNIO RIBEIRO CAVALHEIRO
2009/2010

Vargengrandense, descente dos Garcia Leal, pioneiros e fundadores da cidade, nasceu a 07 de fevereiro de 1940, filho de Antônio Pedro Cavalheiro e Geraldina Ribeiro Cavalheiro. Casou-se com Marisa Mazeto Cavalheiro, com quem teve os filhos Marco Aurélio e Márcia.  Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro, mais conhecido por Totonho, é empresário do ramo cerâmico. Há anos participa do cenário político local, elegendo-se vereador em 2008, para o mandato 2009/2012. Logo no primeiro biênio foi eleito Presidente da Mesa Diretora da Câmara, sempre pautando pela constitucionalidade nas suas funções, Totonho trouxe inovações importantes. De início solicitou os levantamentos e pesquisas para a redação do presente trabalho, sobre a história do Legislativo local. Por iniciativa do presidente Totonho, em 2009, a Câmara instituiu a outorga de duas honrarias: Medalha do Fundador “José Garcia Leal” destinada aos cidadãos vargengrandenses ou não, que prestam relevantes serviços a cidade, ao Estado, ao País ou à humanidade; e o Diploma do Mérito “Dr. Francisco Alvarez Florence”, entregue aos que se destacam nos seguintes setores: agropecuária, comunicação social, educação, esportes, turismo, indústria e comércio, atividade social, saúde, meio ambiente, e área jurídica, (profissional liberal). De forma participativa, nas duas honrarias, cada vereador pode indicar seus homenageados. Outra inovação foi a criação e implantação da Câmara Jovem, permitindo ao estudante compreender o papel do Legislativo dentro do contexto social em que vive. Além de estimular a cidadania, visa também promover o despertar da consciência política. São nove membros escolhidos entre os estudantes de 6ª a 8ª séries das escolas do Município, para mandato de um ano, com a coordenação de Edilaine Pavani, administradora de departamentos da Câmara.  
Recentemente, foi eleita e empossada a segunda Câmara Jovem, presidida pela jovem Jaqueline Elídio da SiLva.



18 - BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Theóphilo Ribeiro de – Subsídio à história de São João da     
        Boa Vista.   São Paulo, Revista dos Tribunais, 1973.

FASANELLA – Ângelo – Nossas fazendas de café e a imigração de   
        portugueses e espanhóis. Vargem Grande do Sul,  Novaeditora.
PÓGGIO JÚNOR, Mário –  “Grandes Nomes da Terra Vargengrandense.
PASSETTI, Gabriel – Interligando a colônia: a ação dos tropeiros no Brasil
       dos séculos XVIII e XIX – USP,

Jornais: “A Imprensa”
              “O Liberal”
               “A Gazeta de Vargem Grande”
               “A Tribuna

Consultas, sites:
www.sicov.com.br
www.tse.gov.br/institucional/biblioteca
www.wikipedia.com

2 comentários:

  1. com meus cumprimentos aos eleboradores de fatos históricos que marcaram o BRASIL, tens aqui mais um admirador, sou advogado no estado de são paulo.

    JOSÉ RINALDI PERUCIO-e:mail-jperucio13@hotmail.com
    aguardo sejam enviados novos fatos historicos em meu e:mail

    meus agradecimentos antecipadamente

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  2. Gostei demais da publicação porém está incompleta e errada pois meu avô Lino não tem apenas 6 filhos como diz "Lino tem seis filhos que residem na cidade: José Carlos, Antônio Carlos, Roberto, Vera aparecida, Francisco Carlos e Maria Angélica" está faltando meu pai João Carlos Aliende. Por favor pesquise e confira seus dados antes de publicar.

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