terça-feira, 16 de novembro de 2010

Editor vai assinar mudanças no texto

Há poucos minutos o editor da história dos presidentes da Câmara comunicou que vai assinar textos polêmicos que foram adicionados ao original (pagina 57 em diante), em que exalta os feitos dos generais ditadores do Regime Militar e outros presidentes da Repuública e também aquele item "Era Rossi", do qual não participei da pesquisa (para mim há um erro sério ali, mas, quem sou eu para levantar dúvidas quanto a períodos históricos?.

O Tempo é o senhor da razão, ditado antigo. Bom disso tudo, é que conseguimos nos desvincular desse trecho desagradável. Agradeço a Dôra por sua preciosa contribuição, pois, enriqueceu o texto. E mais uma vez agradeço aos meus colegas e atodos que colaboraram.

Texto revisado com permissão e sem permissão depois da pág 57

CÂMARA MUNICIPAL DE VARGEM GRANDE DO SUL
Estado de São Paulo












História da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul













Vargem Grande do Sul, 2010




Apresentação


Assim que o vereador Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro assumiu o cargo de presidente da Câmara, em 1º. de janeiro de 2009, manifestou seu interesse em resgatar a história do Poder Legislativo de Vargem Grande do Sul, desde a criação e instalação do município, em 1922 até os dias de hoje.
A princípio, pensamos que não seria difícil fazer esse levantamento, pois a Câmara sempre registrou em atas todas as sessões realizadas. Além disso, por muitos anos, os presidentes falecidos tinham seus quadros fotográficos afixados no auditório da Câmara Municipal. Havia cerca de 20 fotos nessa galeria (tidos como ex-presidentes), e a presente tarefa apresentava-se de forma simples, com a expectativa inicial de apenas pesquisarmos suas biografias.
Porém logo descobrimos que nem todas as atas das sessões legislativas estavam no acervo do Arquivo Municipal ou da Câmara. Muitas foram extraviadas, levadas de um local para outro durante reformas ou mudanças e acabaram desaparecendo. Havia várias lacunas, a maior entre os anos de 1960 a 1980. Em paralelo, apuramos que nem todas as personalidades retratadas na galeria ocuparam, efetivamente, o cargo de presidente do Legislativo.
Diante destas limitações, ampliamos as fontes de pesquisa, recorrendo aos arquivos do obituário municipal, jornais antigos, livros sobre a história das cidades da região, consultas aos dados de pesquisadores da história de Vargem Grande do Sul. A pesquisa envolveu, ainda, visitas a jazigos e coleta de depoimentos entre ex-presidentes da Casa.
Procuramos, também, inserir na história da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul o cenário histórico-político do Brasil, do Estado de São Paulo e do próprio município a cada época retratada, considerando que as grandes mudanças no cenário político do país, ao longo do século XX, influenciaram diretamente o funcionamento das câmaras municipais.


Maria José Pereira Miranda
Bibliotecária e documentalista
Chefe de Secretaria da Câmara

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A HISTÓRIA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS NO BRASIL


No Brasil, a Câmara Municipal (ou câmara de vereadores) é o órgão Legislativo da administração dos municípios, configurando-se como a assembléia de representantes dos cidadãos ali residentes

A história das Câmaras Municipais no Brasil começa em 1532, quando a Freguesia de São Vicente é elevada à categoria de Vila. Nessa época, as câmaras municipais exerciam um número bem maior de funções em relação aos dias de hoje. Eram as responsáveis pela coleta de impostos, pela regulamentação do comércio e do exercício de profissões e ofícios. Cuidavam, ainda, da preservação do patrimônio público e da criação e funcionamento das prisões, entre várias outras funções hoje distribuídas entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com a Independência do Brasil, a autonomia das Câmaras Municipais foi drasticamente diminuída. O Império centralizou a administração pública através da Constituição de 1824. A duração da legislatura foi fixada em quatro anos e o vereador mais votado assumia a presidência da Câmara, visto que até então não havia a figura do “prefeito".
Com a Proclamação da República, as Câmaras Municipais são dissolvidas e os governos estaduais nomeavam os membros do conselho de intendência para os municípios. Entre os conselheiros, um era escolhido para o cargo de Intendente Municipal (espécie de prefeito), outro para Juiz de Paz, e um terceiro para Delegado de Polícia (até que a carreira policial foi instituída). Com pequenas alterações, esse sistema permanece até 1930, com o início da Era Vargas; só então foram criadas as prefeituras como centros do Poder Executivo, assumindo as Câmaras Municipais sua função específica de Casa Legislativa.
Durante o Estado Novo, entre 1937 e 1945, as Câmaras Municipais foram fechadas, extiguindo-se o Poder Legislativo nos municípios. Com a restauração da democracia em 1945 e a promulgação da Constituição de 1946, as Câmaras Municipais são reabertas.
Após a Constituição Cidadã de 1988, que consolidou a plena redemocratização do país, as Câmaras Municipais passam a se constituir em órgão de representação, independente e harmônico com os Poderes Executivo e Judiciário, atuando e legislando pelos interesses dos cidadãos.
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A Estrada Boiadeira e a Sesmaria de Vargem Grande

“Da vasta sesmaria de Vargem Grande surgiu a fazenda; da fazenda, a povoação, com capela erigida em terreno doado para o patrimônio e, finalmente, o Distrito Policial, o Distrito de Paz, a Vila e a cidade na criação do Município.” Prof. João Alfredo de Souza, A Imprensa, dez. 1952.

A região da Bacia do Rio Pardo até o Rio Grande, embora desbravada no século XVI, começou a ser habitada somente a partir da descoberta das minas de Goiás pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, filho do bandeirante Anhanguera. Em 1722, ele sai de São Paulo e abre um novo caminho, conhecido na época como a Estrada de Goiás, Estrada Boiadeira ou, ainda, Estrada Grande. Ao longo dessa estrada, em 1728, havia mais de 30 pousos, que formaram os primeiros núcleos povoadores. Caminho usado pelos tropeiros, dentro da Província estendia-se por cerca de 89 léguas (mais de 500 quilômetros), abrindo-se em trilhos e picadas, interligando os pousos e povoados nascentes.
Partindo de São Paulo, a Estrada Boiadeira seguia rumo ao Norte, margeando, a Leste, a encosta da Serra da Mantiqueira, atravessando os atuais municípios de Jundiaí, Mogi-Guaçu, Casa Branca e Franca, entre outros, até Uberaba (MG), de onde defletia a Oeste, para a região das minas de Goiás. Na região de Mogi-Guaçu, havia derivações que seguiam para Minas Gerais. Em Aguaí, quebrando à direita, a Estrada Boiadeira passava pelo atual distrito de Lagoa Branca, com ramificação para a grande sesmaria de Vargem Grande, pertencente ao sargento-mor José Garcia Leal.
Essa sesmaria era muito extensa, começava no Ribeirão Itupeva (ao lado da atual cidade de Aguaí), abrangia as terras de Casa Branca, avançando até a Serra da Grama, ou Serra dos Rabelo. Há registros da sesmaria datados de 1792, nos anais do Arquivo Histórico do Estado de São Paulo.
Segundo o pesquisador Mário Póggio Júnior, os primeiros proprietários da sesmaria foram Agostinho Delgado Arouche, José de Siqueira Camargo e Francisco Xavier de Camargo. Posteriormente, o sargento-mor José Garcia Leal e seu irmão, o alferes Salvador Garcia Leal, da Vila de Mogi- Mirim, adquiriram e registraram a sesmaria em 1816.
Na propriedade, os irmãos Garcia Leal estabelecem uma fazenda bem cuidada com lavouras, gado e várias benfeitorias, como serraria, engenho e uma casa de laticínios.
Com o falecimento de José Garcia Leal, surgem questões jurídicas para a divisão das terras. A primeira grande divisão, terminada em 1854, é requerida por José
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Alves da Cunha, sua mulher Tereza e seus herdeiros, ocasião em que a propriedade é dividida em 50 sítios e pequenas fazendas.
Em 1873, quando essas terras somavam 3.146 hectares, nova divisão judicial é requerida, desta vez, por Antônio Rodrigues do Prado, sua mulher e demais herdeiros. Ao final dessa divisão, em 1874, são doadas as terras que formarão o povoado de Sant´Ana de Vargem Grande.

A família Garcia Leal

A família tem origem no casamento de João Garcia Pinheiro e Maria Leal, no Arquipélago dos Açores, território de Portugal. Essa união gerou vários filhos, entre eles, Pedro Garcia Leal, que chegou ao Brasil por volta de 1750.
Aqui, Pedro casou-se com Josefa Cordeiro Borba, descendente pelo lado materno do bandeirante Manuel Borba Gato e, por parte de seu pai, da família Caldeira Brant. Do casamento de Pedro e Josefa, que residiam na Vila de Mogi-Mirim, nasceram nove filhos, entre eles, o sargento-mor José Garcia Leal e seu irmão, o alferes Salvador Garcia Leal, os proprietários da sesmaria que deu origem a Vargem Grande.
Entre os descendentes dos nove irmãos, estão Bernardo, Ildefonso e Christiano Garcia Leal, que participaram da fundação do povoado de Vargem Grande, como também Januário Garcia Leal Sobrinho e seu neto, Protázio Garcia Leal, fundadores de cidades, como Paranaíba e Três Lagoas (MS).
Após quase dois séculos da vinda dos irmãos Garcia Leal, Vargem Grande e região abrigam parte de seus descendentes diretos, entre eles, o ex-vereador Benedito Garcia Leal, o empresário César Garcia Leal e o pesquisador José Oswaldo Garcia Leal, autor de ampla pesquisa sobre as origens de sua família e de um livro sobre a Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística.



São Paulo à época da fundação de Vargem Grande
Após o descobrimento do Brasil em 1500 e até o final do século XVIII, a Capitania e depois Província de São Paulo viveu na estagnação econômica. O primeiro impulso rumo ao desenvolvimento somente ocorreu com o início da cafeicultura.
Num primeiro momento, no século XVI, praticava-se a agricultura de subsistência. Posteriormente, houve uma fracassada tentativa de implantar as lavouras de cana-de-açúcar, nos moldes da Capitania de Pernambuco. Ainda no período colonial, os
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bandeirantes paulistas penetravam o sertão e aprisionavam índios, vendidos como escravos na capitania, uma primeira e principal atividade do bandeirismo. A seguir, buscam ouro e outras pedras preciosas, uma forma de encobrir o aprisionamento e o comércio de escravos indígenas.
Nas vilas e povoados ficavam apenas mulheres, crianças e idosos em extremo estado de pobreza, pois os que poderiam trabalhar na lavoura seguiam com os bandeirantes.
Saindo de São Paulo, a capital da Província, e de São Vicente, os bandeirantes seguiam para o Interior, expandindo o território brasileiro muito além dos limites do Tratado de Tordesilhas, enriquecendo cada vez mais a Coroa portuguesa e redesenhando as fronteiras do Brasil.
As Entradas, expedições oficiais patrocinadas pelo governo no século XVII, deram lugar às Bandeiras, financiadas por particulares (senhores de engenho, comerciantes, exploradores de jazidas). O período inicial do bandeirismo estende-se por cerca de 60 anos, até meados do século XVII, culminando com a descoberta das primeiras grandes minas de ouro no final do século XVII no Riacho Tripuí, hoje Ouro Preto, em Minas Gerais.
Encontrado o ouro de Minas, que será explorado sob o rígido controle da Coroa Portuguesa, bandeirantes paulistas se aventuraram rumo às minas de
Mato Grosso e Goiás, onde Pascoal Moreira Leme encontra ouro nos rios Coxipó e Cuiabá em 1719 e Bartolomeu Bueno da Silva, o segundo Anhanguera, encontra as minas do Rio Vermelho em Goiás, em 1725, após abrir e seguir pela Estrada Boiadeira, que passava perto de Vargem Grande.



Os tropeiros

A descoberta das minas de ouro e diamantes em Minas Gerais, Goiás e Cuiabá atraiu muitos para um interior vasto e sem estradas, onde novos povoados surgiam. Esses núcleos só podiam ser alcançados e abastecidos pelas tropas de mulas, que reuniam de 50 a 70 animais, cada um carregando até 180 quilos de carga.
O tropeirismo irá viabilizar os grandes ciclos econômicos do Brasil Colonial, do ouro e da cana-de-açúcar, e o ciclo do café do Brasil Imperial, até a instalação das primeiras ferrovias e estradas de rodagem. Os tropeiros levavam o ouro, o açúcar e o café para os portos do litoral e traziam o sal, o trigo, ferragens e outros produtos para vender no interior, além de notícias e mensagens.
Com animais vindos do Rio Grande do Sul e comercializados na famosa feira de
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Sorocaba (SP), os tropeiros viajavam durante meses, respeitando as propriedades e viajantes em seus caminhos. Em suas rotas, construíam pousos para descanso, lugares de dormir e cozinhar, trocar notícias e rezar. Em 1775, deixam na igrejinha do antigo Registro de São Mateus, acima de Caconde, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos cacondenses. Em 1874, constroem um pouso ao lado do Córrego Palmeiras, junto a uma capelinha dedicada à Santa Cruz, hoje município de Santa Cruz das Palmeiras.
Em nossa região, seguiam pela Estrada Boiadeira, que já possuía cerca de 30 pousos em 1728, dos quais muitos evoluíram para povoados, vilas e cidades. Seguiam, ainda, pelas ramificações dessa estrada, interligando várias localidades.
O tropeirismo gerou uma rica cultura de integração, já a partir dos ritos do trabalho (chamamento dos animais, cantorias de estrada) e da preparação de meninos para as funções na tropa. Como também disseminou uma vasta tradição oral - causos e lendas, canções e rezas - transpostos de uma região à outra. Era cultura viajada, como a culinária tropeira, com seus pratos de sustança, berço da comida paulista, mineira, gaúcha e goiana.
Em suas origens, Vargem Grande do Sul era referida como “Parada”, às margens da Estrada Boiadeira, rota dos tropeiros que iam e vinham de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Logo no início do povoado, alguns já residiam em Vargem com suas famílias. Entre seus descendentes estão o capitão Antônio Pinto Fontão e o mineiro de Boa Esperança, Antônio Evangelista Pereira, conhecido por Antônio Caçador, que foi pai de Palmiro (Ióte Carreiro) e avô de Ramiro Lúcio Pereira, Limerci Lúcio Pereira e João Lúcio Pereira. Também descendente de tropeiros, José Victor Rodrigues doou terras para a construção do Hospital de Caridade e da Igreja Nossa Senhora Aparecida.


A cafeicultura

Planta originária da Etiópia, o coffea arabica foi levado à Arábia nos séculos XIII e XIV, daí disseminando-se para outras regiões, como a Europa, em meados do século XVII, onde possuía grande valor comercial e era consumido nas cortes.
No início do século XVIII, Holanda e França introduzem o cultivo em suas colônias americanas. O café chegou ao Brasil em 1727, por iniciativa do governador do Maranhão e Grão-Pará, que enviou o sargento-mor Francisco de Mello Palheta à Guiana Francesa, com a missão de trazer a planta para nosso país.
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Palheta não obteve oficialmente essas mudas, que teria, depois, recebido como um presente da esposa do governador da Guiana Francesa, trazendo-as clandestinamente para o Brasil.
O plantio encontrou condições climáticas adequadas no Maranhão, Pará e Bahia e, em 1760, passa a ser cultivado no Rio de Janeiro, expandindo-se para a Província de São Paulo e regiões de Minas Gerais e Espírito Santo
Em 1822, um ramo de café é incluído no Brasão de Armas do Império, e sua expansão ganha extraordinário impulso a partir do Vale do Paraíba (1825), em São Paulo. A produção, antes voltada para o consumo interno, é exportada em larga escala. Na década de 1840, o café responde por 40% de todas as exportações e o Brasil torna-se o maior produtor mundial. Configurava-se um dos mais importantes ciclos econômicos do país, desenvolvendo-se com total independência de Portugal. Plantado no solo do Brasil Colonial, o café enriqueceu o Império e a República.

O café em São Paulo

No Estado de São Paulo, a partir da primeira metade do século XIX, a cafeicultura ocorre em três áreas distintas: no chamado “Norte”, região do Vale do Paraíba, que decai com o esgotamento do solo, com o impulso ao cultivo no “Oeste Velho”, por volta de 1840, na região de Campinas, Jundiaí, Limeira e Rio Claro. Mais adiante, o café encontra seu solo ideal


na terra roxa do “Oeste Novo”, região ao norte de Casa Branca, onde surge
um novo perfil de fazendeiro: adepto da mecanização, ele conduz a propriedade de forma semi-empresarial e emprega colonos europeus (imigrantes) no lugar de escravos. Muitos deles não possuem tradição agrícola, empregam no café o dinheiro que ganharam no comércio, nas tropas de burros ou no tráfico de escravos.
Vargem Grande privilegiou-se de sua localização nos dois grande polos produtores de café no século XIX, o Oeste Velho, da região de Campinas, e o Oeste Novo, da terra roxa ao norte de Casa Branca. No início do século XX, já se plantava em Vargem um milhão de pés de café, com uma produção anual acima de 1.000 toneladas.
A princípio, a produção seguia até o porto de Santos, levada pelas tropas de mulas, então o único meio de transporte terrestre. Porém a expansão da cafeicultura exigiu a construção das ferrovias, como a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (1860) e a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (1873), entre outras vias férreas.
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Esse foi um período de grandes transformações, marcado pela crise do sistema escravocrata, que levaria à Abolição em 1888 e que daria lugar à chegada em massa dos imigrantes, principal alternativa à mão de obra escrava na lavoura cafeeira. Tanto a capital como as cidades do interior da Província de São Paulo prosperam muito a partir de então.



A FUNDAÇÃO DE VARGEM GRANDE

Em 1873, quando se inicia a segunda e última divisão da fazenda Várzea Grande, nas antigas terras dos irmãos Garcia Leal, o coronel Francisco Mariano Parreira vai ao fórum de Casa Branca tratar das doações de terrenos destinados à fundação do povoado de Vargem Grande.
Mariano Parreira era funcionário público de São João da Boa Vista e fora designado para oficializar a criação do povoado, então um núcleo já bem povoado em 1870, com 600 eleitores. Na época, este núcleo subordinava-se à administração sanjoanense.
Em carta aos seus filhos, datada de 9 de junho de 1930, Mariano Parreira conta como procedeu: - “Reuni todos os títulos de doações de terrenos à Sant´Ana, entreguei-os aos louvados Lourenço Ferreira Costa e Luís Alvarenga, com uma petição na qual requeri o pagamento a Sant´Ana para o patrimônio onde foi dado e existe”.
A última divisão da fazenda resultou em 65 propriedades e, entre os herdeiros, três doaram terrenos para a formação do povoado: Antônio Rodrigues do Prado, José Moreira e dona Maria Antônia Eufrazina Alves da Cunha, que são considerados fundadores de Vargem Grande junto com o coronel Francisco Mariano Parreira e os irmãos José e Salvador Garcia Leal. Suas doações, no valor de 300$000 (trezentos mil reis), configuram patrimônio pago a Sant´Ana.
O processo de divisão e doação de terras foi concluído em 26 de setembro de 1874, data marcada com a celebração de uma missa às margens do Córrego Sant´Ana, em casa de João Carneiro, conhecido como João Boiadeiro. O celebrante, padre José Valeriano, de São João da Boa Vista, teve seu nome dado à rua onde foi rezada a primeira missa de Vargem Grande.
Ainda em 1874, Mariano Parreira consegue licença para construir a primeira capela no povoado, erguida no alto de uma colina, onde havia um cruzeiro e o encontro dos caminhos que levavam a São Sebastião da Grama (Estrada da Mata),
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a Casa Branca (atual Rua do Comércio), a São João da Boa Vista e o caminho para a Vila Polar e Itobi. Era o centro geográfico da atual Praça Capitão João Pinto Fontão.
Na comissão de construção da capela de Sant´Ana estavam Ildefonso Garcia Leal, José Gregório de Carvalho, Francisco José da Costa, João Batista Figueiredo e outros. De construção muito simples, a pequena capela, voltada para o lado da atual Matriz, media apenas 6,60 metros por 4,40, mas já nascia como núcleo central do povoado.
Em sessão de 17 de janeiro de 1876, na Câmara de São João, o coronel Francisco Mariano Parreira apresentou a planta da divisão da fazenda, lavrada a 26 de setembro de 1874, em que figurava o terreno da capela dedicada à Sant´Ana, que se tornaria patrimônio do povoado e do município de Vargem Grande do Sul. Ele pediu o arquivamento da planta e petição, documentos que subsidiariam, em 14 de julho de 1882, a demarcação dos limites do povoado pela Câmara sanjoanense, presidida por Antônio Pinto Fontão. Em 1884, Pinto Fontão manda arruar o povoado e, em 1886, pede à Assembleia Provisória que a Capela de Sant´Ana do Rio Verde seja elevada à condição de Freguesia.
Em Vargem Grande, o coronel Mariano Parreira constrói o primeiro cemitério em 1881, no terreno da atual Igreja São Benedito e promove outras melhorias. Em 1888, é criado o Distrito Policial de Sant´Ana de Vargem Grande, quando são ampliados os limites do povoado e, em 1891, é instalado o primeiro serviço de Correios.
Vargem Grande cresce e muda de nome: o antigo Bairro da Porteira, torna-se Sant´Ana do Rio Verde, depois Sant´Ana de Vargem Grande e Vargem Grande. Em 1944, o município fixa o seu nome atual – Vargem Grande do Sul, após o plebiscito em que a população rejeitou o decreto-lei federal que mudava o nome da cidade para Guaraú.
Durante a monarquia, os vereadores que representavam o Distrito de Paz de Sant´Ana de Vargem Grande viajavam até São João da Boa Vista para participar das sessões da Câmara Municipal.
Em 1889, ano da Proclamação da República, Vargem contava com cerca de 70 casas, um serviço de correios, uma farmácia, algumas casas comerciais e um hotel. A maioria da população residia na zona rural.
Com a Proclamação da República (Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889), as câmaras municipais foram dissolvidas em caráter temporário.

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OS INTENDENTES, PRIMEIROS ADMINISTRADORES DE VARGEM GRANDE

Pelo Decreto Estadual nº 125, de 23 de janeiro de 1891, Vargem Grande é elevada à categoria de Distrito de Paz e logo a seguir, em 3 de fevereiro, a Câmara Municipal de São João da Boa Vista dá posse aos três juízes de paz do novo distrito, pela ordem: Francisco Mariano Parreira, Francisco José da Costa e Lúcio Bernardino da Costa. O primeiro escrivão de paz nomeado foi João Marçal Lemos.
Entre 1891 e 1907, o Distrito de Vargem Grande foi administrado pelos intendentes, membros do Conselho de Intendência, formado pelos vereadores eleitos para a Câmara Municipal sanjoanense, pois havia a subordinação administrativa de Vargem a São João da Boa Vista.
O intendente era eleito pelo voto de seus pares e exercia funções equivalentes às dos atuais prefeitos.
Por este sistema de governo foram indicados intendentes de Vargem Grande: Antônio de Pádua Fleury, Júlio Parreira, João Baptista de Andrade,
João Baptista Peixoto, José Umbelino de Andrade, Francisco Mariano
Parreira, Manoel Rodrigues de Camargo Regato, José Avelino Ferreira Lima, Joaquim Octavio de Andrade (Quinzinho Otávio) e Vitor Manoel de Andrade Dias.
João Baptista de Andrade não chegou a assumir o cargo, em 1894, por motivo de doença, e o coronel Francisco Mariano Parreira não assumiu a intendência, em 1896, devido à sua transferência para São João da Boa Vista.

Antônio de Pádua Fleury
1892
Em 29 de setembro de 1892, tomaram posse os vereadores eleitos pelo povo para a primeira Câmara Municipal republicana de São João da Boa Vista.
Na época, só podiam votar os cidadãos que possuíam bens patrimoniais.
Na Câmara sanpoanense, dois vereadores representavam Vargem Grande: o coronel Lúcio Bernardino da Costa e o capitão Antônio de Pádua Fleury. Como ambos foram eleitos com a mesma votação (157 votos), por ser o mais velho, Pádua Fleury foi escolhido para o cargo de intendente do Distrito de Paz de Vargem Grande.
Na mesma sessão, conforme legislação da época, a Câmara Municipal de São João da Boa Vista tomou o compromisso dos juízes de paz para o triênio que se iniciava. Para Vargem Grande foram designados Christiano Garcia Leal (1º Juiz), Francisco José da Costa (2º) e João Domingos da Costa (3º). Empossados os três
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juízes, na ausência do primeiro, o segundo substituía; na ausência deste, assumia o terceiro e somente na ausência do terceiro convocava-se um suplente.
Em 1º de agosto de 1893, Lúcio Bernardino da Costa e Antônio de Pádua Fleury renunciaram aos cargos por motivo de saúde.
O intendente Pádua Fleury residiu por muitos anos em Vargem Grande e prestou relevantes serviços ao desenvolvimento do distrito. Posteriormente, mudou-se para São João da Boa Vista.

Júlio Parreira
1893/1894

Entre a renúncia de Pádua Fleury (1893/1894) e a posse de João Baptista Peixoto, administrou o Distrito de Vargem Grande o vereador Júlio
Parreira, filho do coronel Francisco Mariano Parreira e d.Maria Cândida
Godoy Parreira.
Ele prestou eficientes serviços, secretariando os trabalhos da Câmara, dos tempos dos intendentes até a criação do município de Vargem Grande.
Em sua gestão, os imigrantes italianos fundam a Societá Operaria Mutuo Scorzo Dante Alighieri (1893) e é inaugurada, com grandes festividades, a primeira Igreja Matriz de Sant´Ana (1894), para a qual contribuíram subscrições públicas do povo de São João da Boa Vista e Vargem Grande, trabalho coordenado pelo coronel Mariano Parreira. Em 1891, sua mãe, d. Maria Cândida, doara uma imagem de Sant´Ana à Capela Curada, com um
delicado tributo: pequenos brincos de ouro e ametista, em agradecimento aos progressos do pequeno póvoado.
No Livro de Atas nº 2, do Arquivo Municipal, há registros de que Júlio Parreira teria se aposentado no serviço público municipal em 1922. Ele faleceu em Araraquara em 1952.

João Baptista de Andrade
1894

Somente em junho de 1894 foram eleitos os vereadores substitutos: Elias José Ferreira, irmão de Oscar Ferreira Varzim, e João Baptista de Andrade, que logo adoeceu, falecendo no ano seguinte, quando, então, João Baptista Peixoto foi indicado intendente do Distrito de Vargem Grande.


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João Baptista Peixoto
1894

Em sessão de 2 de julho de 1894, após a posse dos vereadores diplomados, foi eleito intendente do Distrito de Vargem Grande João Baptista Peixoto,
pois aqui era domiciliado e residente. Ele substitui João Baptista de Andrade, que não chegou a tomar posse, por motivo de doença. O intendente Peixoto ficou poucos meses no cargo.

José Umbelino de Andrade
1895

Tomando posse como vereador, na vaga de João Baptista Peixoto, Umbelino foi eleito intendente de Vargem Grande em sessão do dia 1º de março de 1895. No ano seguinte, ele optou pelo cargo de Juiz de Paz e, posteriormente, mudou-se para Cascavel (Aguaí).
No final da legislatura da primeira Câmara, pós-Proclamação da República,
em sessão de 15 de outubro de 1895, foi aprovada proposta do vereador Gabriel Guimarães para que as rendas dos distritos de Vargem Grande e Cascavel (Aguaí) fossem destinadas às melhorias desses distritos. Abrindo mão dos recursos arrecadados em Vargem, a Câmara de São João da Boa Vista possibilitou grande impulso na urbanização do distrito, com abertura de ruas, abaulamento, colocação de sarjetas, iluminação (com lampiões), serviço de águas servidas, entre outras melhorias.

Francisco Mariano Parreira

Eleito intendente de Vargem pela Câmara de São João, em 26 de outubro de 1896, o coronel Francisco Mariano Parreira não chegou a assumir o
cargo, pois teve que voltar para São João da Boa Vista. Em seu lugar,
assumiu Manoel Rodrigues de Camargo Regato. Mesmo não residindo mais em Vargem Grande, povoado que fundou e desenvolveu com as primeiras melhorias, Mariano Parreira sempre acompanhava a evolução do distrito. Aqui veio, em 9 de maio de 1910, para as festividades da inauguração da rede de iluminação elétrica, época em que era juiz de Direito substituto da Comarca de São João da Boa Vista.


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Em sua carreira pública, iniciada em São João, Mariano Parreira, que era mineiro de Ouro Fino (MG), dedicou mais de 40 anos de bons serviços a Vargem Grande, ao lado de sua esposa, d. Maria Cândida Godoy Parreira.
Em uma carta-testamento, que escreveu a seus filhos em 9 de junho de 1930, quando completava 89 anos, Mariano Parreira relatou, com orgulho - “Fui o fundador de Vargem Grande”, recordando a fundação do pequeno povoado e as primeiras obras que realizou, como o primeiro cemitério, a primeira capela e a primeira igreja matriz dedicada à Sant´Ana, além de providenciar o terreno para o novo cemitério (da Saudade), entre outras melhorias.
“Retirei-me do comércio, da política, do foro, como entrei, sem deixar
nódoa que manche o meu humilde nome”, escreveu o coronel aos seus
filhos, aludindo às várias funções que exerceu na vida pública de Vargem Grande e São João da Boa Vista e também como comerciante no povoado que fundara em 1874.
Após aposentar-se, foi morar em Tambaú com um de seus filhos e ali faleceu em 2 de dezembro de 1932, aos 92 anos. Sua sepultura fica ao lado do túmulo do padre Donizetti Tavares de Lima, também personagem marcante na história de Vargem Grande do Sul.

Manoel Rodrigues de Camargo Regato
1896

A partir de 26 de outubro de 1896, o Distrito de Sant´Ana de Vargem Grande tem como intendente Manoel Rodrigues de Camargo Regato, que realiza várias obras de urbanização. Ele constrói o novo cemitério (Cemitério da Saudade) em terreno que havia sido doado em 1891 por José Maciel, em substituição ao antigo, que existia no terreno da atual Igreja São Benedito. Regato também instalou a rede de iluminação pública, por meio de lampiões. Em 15 de dezembro de 1897, é criada a Freguesia de Sant´Ana de Vargem Grande.


José Avelino Ferreira Lima
1899

Vereador da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, o coronel José Avelino assume o cargo de intendente de Vargem em 1899. No final do século XIX e início do XX, com a riqueza gerada pelo café, as cidades do interior começam a investir

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em melhorias públicas. A primeira linha telefônica é instalada em Vargem. Em 26 de fevereiro de 1901, na gestão de José Avelino, a Câmara Municipal de São João da Boa Vista contrata serviços de manutenção da iluminação e limpeza pública para o distrito de Vargem Grande, conforme consta no livro nº 12 do Arquivo Municipal de Vargem Grande do Sul. O contrato tem cláusulas curiosas, como a que regula o serviço de iluminação por lampiões, de acordo com os ciclos da Lua: “Cláusula 4ª - O tempo de acender os lampiões será do terceiro dia de Lua cheia até o quarto dia da Lua nova”. Adiante, a Cláusula 11ª – “Para o
serviço de remoção de lixo e águas servidas, a Câmara fornecerá um burro

e uma carroça e, para as águas servidas, uma carroça com a competente pipa”. Na época, não havia rede de esgoto, e a carroça com a pipa coletava dejetos, as “águas servidas”, que muitos armazenavam em barris, em casa, aguardando a chegada do serviço público.


Joaquim Octavio de Andrade
1903 a 1906

O capitão Joaquim Octavio de Andrade, o Quinzinho Otávio, é eleito para o Conselho e assume o cargo de intendente para o período de 1903 a 1906. Na mesma época, também participaram do Conselho de Intendentes por Vargem Grande: Antônio de Oliveira Fontão, José Otaviano Ribeiro da Silva, João Cândido da Costa, Antônio de Abreu Lima, Antônio de Pádua Filho, Antônio Urias de Barros, Heitor Manoel de Andrade Dias, Salvador Olympio Pamponetti, Júlio Pasmani, Christiano Garcia Leal, Theophilo Ribeiro da Costa e Aurélio Alvez de Andrade.
Foi um período de grandes conquistas para o distrito de Vargem Grande, quando foi construído o prédio da Cadeia Pública (1904), imóvel histórico que abrigou as Escolas Reunidas em 1915; a Delegacia de Polícia entre as décadas de 1940 e 60; o Fórum da Comarca a partir de 1970 e a Biblioteca
Municipal a partir de 1988. Após ampla reforma na última década do século XX, que valorizou sua arquitetura original, o prédio abriga hoje a Casa da Cultura.
Em 1903, Vargem recebia o seu primeiro médico, o dr. Eurico Vilella. E em 1904, Arthur D´Ávila Ribeiro introduzia uma novidade inglesa no distrito, o football, com o primeiro jogo disputado no Largo da Matriz.



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Vitor Manoel de Andrade Dias
1906 a 1907

Eleito vereador para a 5ª. Câmara Republicana em São João da Boa Vista, de 1905 a 1907, o capitão Vitor Manoel de Andrade Dias foi escolhido por seus pares para intendente de Vargem Grande.
De tradicional família de sesmeiros e fazendeiros, como o capitão João Thomaz de Andrade, que possuía terras que se estendiam da Serra da Fartura até São José do Rio Pardo, Vitor Manoel nasceu a 2 de fevereiro de 1870, em Paraguaçu (MG) e faleceu em São João da Boa Vista em 28 de
abril de 1930. Casou-se em primeiras núpcias com sua parente, Máxima Laurentina de Andrade, com quem teve cinco filhos. Posteriormente, desposou sua prima, Elvira Gabriela da Silva Dias, com quem teve 14 filhos, segundo o livro Família Junqueira: sua história e genealogia. A residência do capitão Vitor Manoel é um marco arquitetônico, que hoje abriga a sede do Clube Palmeiras, em São João da Boa Vista.


O GOVERNO DAS SUBPREFEITURAS

O sistema de administração municipal por subprefeituras é criado por lei federal em 1907, ano em que o distrito passa à condição de Vila. O primeiro subprefeito da Vila de Sant´Ana de Vargem Grande, escolhido pela Câmara de São João da Boa Vista em 1908, foi o vereador e coronel Lúcio Bernardino da Costa. No seu governo, a vila passa a contar com a rede de energia elétrica, inaugurada em 1910, em presença de autoridades locais e de São João da Boa Vista, como o juiz de Direito Francisco Mariano Parreira.
Após Lúcio Bernardino da Costa, assumem a Subprefeitura da Vila o capitão Quinzinho Otávio, o major Antônio de Oliveira Fontão (1914 a 1915) e o capitão Belarmino Rodrigues Peres (1916 a 1921). Assim como os antigos intendentes, os subprefeitos eram escolhidos entre os vereadores eleitos à Câmara Municipal de São João da Boa Vista.
Entre 1912 e 1915, foram vereadores pela Vila de Sant´Ana de Vargem Grande Francisco Thomaz de Andrade (presidente do Legislativo em 1912), Felippe Nery de Campos, José de Oliveira Costa, Augusto Ferreira Lima e Aurélio Alvez de Andrade.
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Em 1913, foram eleitos os vereadores Manoel Rodrigues de Camargo Regato (presidente), Lydio Leal, João Francisco Ribeiro, José Junqueira da Costa e José Carlos Vargas de Barros.
Em 1915, representam Vargem Grande na Câmara sanjoanense os vereadores João Pinto Fontão (presidente), Herculano da Costa, Francisco Thomaz de Andrade e Antônio Federighi.
Em 1916, Vargem é representada por Lúcio Bernardino da Costa (presidente), João Batista de Barros, Lydio Leal, João de Deus Ferreira Lima e o farmacêutico Francisco Junqueira da Costa.
No governo das subprefeituras, Vargem Grande constrói o ramal ferroviário, a partir de Lagoa Branca, inaugurado em 1909, que vai escoar o café e outros produtos locais para os mercados consumidores, impulsionando a economia do município.
Vargem também ganha seus primeiros jornais – A Imprensa (1908), de Francisco Otaviano, de Campinas; Vargem Grande (1911), de Herculano da Costa, e O Comércio (1916), de Jerônimo Natividade da Silva. Juntos, lutarão pela emancipação política e administrativa da Vila de Vargem Grande. Os grêmios culturais, artísticos e esportivos animam a vida cultural de Vargem Grande desde 1904. Em 1916, imigrantes espanhóis fundam a Sociedade Hespanhola em Vargem Grande.


Os imigrantes

Na segunda metade do século XIX, guerras e conflitos políticos, desemprego e empobrecimento em países na Europa impulsionam a imigração para a América, tendência acentuada até o início da 1ª. Guerra Mundial.
No Brasil, o incentivo à imigração cresce a partir de 1870, com as primeiras restrições ao trabalho escravo. Com a Abolição da Escravatura em 1888, o imigrante passa a ser alternativa para o trabalho nas lavouras de café.
Entre 1884 e 1913, no auge da imigração, chegam ao Brasil 2,7 milhões de europeus, maioria de italianos, além de espanhóis, portugueses, árabes, alemães e eslavos, entre outros povos. Neste período, Vargem recebeu 1.200 imigrantes, entre italianos, espanhóis, portugueses e libaneses.



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Os imigrantes e seus descendentes representam o eixo do desenvolvimento de Vargem Grande, atuando como empreendedores, agricultores, empresários, profissionais liberais, políticos, voluntários, artesões e prestadores de serviços. Sua participação em todos os setores da comunidade enriqueceu a economia local, a cultura e as melhores tradições da vida vargengrandense.
A história dos imigrantes foi reunida, inicialmente, no volume Vargem Grande em Prosa, Verso e Fotos (1993) de Ângelo Fasanella, que editou ainda três importantes trabalhos de pesquisa da memória imigrante, ao longo da década de 2000.

Os italianos
Maioria entre os imigrantes que vieram para Vargem Grande a partir da década de 1880, os italianos aumentaram em 50% a população local entre 1895 e 1900. Centenas de italianos assinaram o Registro de Estrangeiros na
Delegacia de Polícia de Vargem Grande, quando o decreto de 1938, do governo Getúlio Vargas, obrigou todo estrangeiro, maior de 18 anos, a registrar locais de moradia e trabalho no Brasil, em função da 2ª. Guerra.
Descendentes de italianos somavam 60% dos habitantes de Vargem Grande do Sul na década de 1970 e, hoje, compõem mais de 3.000 famílias residentes no município.
Os maiores contingentes vinham do Norte da Itália, em maioria pequenos proprietários de terras arruinados e do Sul italiano, onde eram camponeses
sem terras. Também vieram para o Brasil ativistas políticos, comerciantes, artesões, carpinteiros, ferreiros, músicos e outros profissionais. Entre estes,
muitos não se adaptaram nas fazendas e fixaram-se nas cidades, como prestadores de serviços e pequenos industriais. Outros, mais familiarizados com a vida no campo, tornaram-se proprietários de terras.
Após desembarcar no Brasil, a maioria vinha para as lavouras de café de São Paulo, seguindo de trem para as cidades do interior e daí para as fazendas, viajando em carroças. Sofriam com a nova rotina, com as dificuldades com o idioma, limitados pelo pouco ou nenhum estudo.
Os primeiros imigrantes italianos chegaram a Vargem Grande entre 1880 e 1889, como Paolo Cossi, Domingos Passoni, Luiz Indrigo, Rosa Rigamonte, Emílio Baizi, João e Ângela Canal, Antônio e Luiza Longhini, Augusto Cheavegati, Ângelo e Davi Bedin, Luiz e Aníbal Mazeto, Carlos e Josefa Maltempi.


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Em 1893, fundam em Vargem a Societá Italiana Mutuo Scorzo Dante Alighieri, para ajuda mútua, convívio e lazer entre seus associados. Em 1940, com o Brasil em luta com a Itália, a entidade muda o nome para Sociedade Beneficente Brasileira (SBB), que tem em João Coracini (103 anos), e outros descendentes o eixo de sua história em Vargem Grande do Sul.
Em 2002, os descendentes de italianos fundam em Vargem o Circolo Cultural Ítalo-Brasileiro, para divulgação da cultura italiana, como o ensino do idioma.

Os portugueses

Presentes no Brasil desde o período colonial, os portugueses formaram o maior contingente de imigrantes a partir do século XVIII, quando 600 mil pessoas chegaram ao país. O auge da imigração ocorre entre 1901 e 1930.

Na origem dos antigos povoados e vilas do Brasil Colonial e do Império estão seus descendentes, como os Garcia Leal e outras famílias que habitavam a antiga Vargem Grande, como os Costa, Ribeiro, Moreira, Alves, Junqueira, Fontão, Amaral, entre outras.
Nos primeiros séculos da colonização, chegam os imigrantes de melhor situação, já a partir da segunda metade do século XIX, aumentam os contingentes de portugueses empobrecidos, pequenos proprietários arruinados e os camponeses desempregados pela mecanização da agricultura em Portugal.
E diferentemente dos italianos, a maioria dos portugueses no Brasil se fixou nas cidades.
A História dos Imigrantes, editada por Ângelo Fasanella, conta que os primeiros imigrantes portugueses que chegaram a Vargem Grande entre 1887 e 1898 foram José Teixeira, com seus pais, Silvestre Teixeira e Feliciana de Jesus; Ventura Teixeira, Albertina de Jesus, com os pais Francisco Lopes e Matilde de Jesus; Júlio Gomes Martins, Manoel Ferreira e sua esposa Inês Rosa; Gesuína Marques e seu irmão José Francisco de Freitas, e Ernesto Corrêa, com seus pais Manoel Corrêa e Maria Moreira.
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Os espanhóis

A imigração espanhola é impulsionada no final do século XIX, com a
instabilidade política e crises sociais na Espanha, sob risco de guerra civil.
A maior parte desses imigrantes veio para o Estado de São Paulo e, enquanto os espanhóis da Andaluzia, maioria dos que vieram, seguiam para o trabalho nas fazendas de café, os naturais da Galícia se estabeleciam nas cidades, como comerciantes e artesões, entre outros ofícios.
Entre os primeiros espanhóis que chegaram a Vargem Grande a partir de 1890 estavam Bonifácio Garcia, natural da Galícia; Antolin Castroviejo, que veio com a esposa e a filha, e Clemente Fermoselle, que veio com sua mulher e suas filhas da Província de Zamora onde, hoje, a antiga fazenda

da família tornou-se a cidade de Fermoselle. A partir de 1900, chegam Francisco Aliende, de Madrid; Manoel Martins, de Granada; Eugênio Gimenez, de Cueva de Vera; Anastácio Rodrigues, da região da Galícia; e Francisco Belmonte Bera, de Sevilha, entre outros imigrantes.
Em Vargem Grande, os imigrantes fundam a Sociedade Hespanhola em 1916, entidade de convívio e apoio aos seus conterrâneos. O prédio, hoje restaurado, abriga a Escola de Música Manoel Martins, imigrante e músico.



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Os sírios e libaneses

A maioria dos imigrantes sírios e libaneses chega ao Brasil no início do século XX, deixando para trás a insegurança dos conflitos políticos e religiosos, agravados pelos confrontos entre cristãos libaneses e muçulmanos turcos.
Com talento e experiência para o comércio, fixaram-se nas cidades. No interior, abrem lojas e armazéns e percorrem a zona rural, vendendo produtos para fazendeiros e seus colonos.
Entre as famílias que migraram para Vargem estão os Abdalla, Moukarzel, Gebara, Elias, Maaz, Zarif, Halla, Bittar, Abrahão, Chiachiri, Hage, Coury, entre outras.
Do comércio, alguns investiram em indústrias, como João Bittar, Jorge Moukarzel e Fuad Gebara, que fundaram a Tecelagem Santa Catarina em 1932.
Em 1935, aos 21 anos, o vargengrandense Elias Antônio Zogbi, filho do
imigrante libanês Antônio, deixa a casa e o armazém de seu pai, na Rua do Comércio, e vai fundar o império Zogbi, complexo de tecelagens, rede de lojas, banco e prédios como o Center 3, na Avenida Paulista, em São Paulo.



Os alemães

Os primeiros grupos chegam ao Brasil no início do século XIX e fundam colônias como São Leopoldo (RS), Petrópolis (RJ) Joinville e Blumenau (SC). São camponeses, artesões, empreendedores, perseguidos políticos, técnicos e intelectuais, alguns contratados pelo governo brasileiro.
Poucos alemães e seus descendentes fixaram-se em Vargem Grande, onde chegaram vindos de outras cidades. Entre estas famílias estão os Bergander, Kemp, Redher, Hattnher e Becker.
Theodoro Bergander chegou ao Brasil em 1918 e fixou-se em Vargem
Nos anos 40, aqui instalando, inicialmente, uma filial de sua fábrica de
laticínios. A seguir, monta uma oficina de tornos e presta serviços à Tecelagem Santa Catarina e outros clientes. O empreendimento prospera e, em 1947, ele funda a Fábrica de Bombas Thebe e produz equipamentos para irrigar lavouras de batata na serra. Theodoro Bergander faleceu em 1958, aos 52 anos, e recebeu homenagem póstuma da Câmara Municipal de Vargem Grande, presidida por Walter Tatoni. Após sua morte, a Thebe foi adquirida por um ex-funcionário, João Kemp.
João era filho de Germano Kemp, descendente de alemães, que chegou com a

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família em Vargem Grande na década de 1950, vindo de Andradas (MG). Em Vargem Grande, Germano Kemp adquiriu a Fábrica de Enxadas Paulista, empresa que prosperou, empregando os membros da família e mais 32 operários, com uma produção diária de 3.200 enxadas.

Os japoneses

Os primeiros japoneses chegam ao Brasil em junho de 1908 no navio Kasato Maru, que trazia as primeiras 165 famílias para trabalhar nos cafezais do Oeste Paulista. Entre 1918 e 1940, o Brasil recebe cerca de 160
mil japoneses. A maioria concentra-se no Estado de São Paulo, na Capital e em cidades como Marília, Lins e Tupã.
Em Vargem Grande do Sul, as primeiras famílias de imigrantes, ou seus descendentes, chegam na década de 60 e trabalham na agricultura, introduzindo novas técnicas e conhecimentos, que aperfeiçoam os sistemas de cultivo.
Nas últimas décadas do século XX, estabeleceram-se em Vargem novos grupos de descendentes, como profissionais liberais, prestadores de serviços e comerciantes, representados pelas famílias Hayashi, Hirata, Hiromoto, Sakamoto, Ish, Ishimoto, Kato, Kemada, Koga, Mori, Nako, Nozawa, Tomo e Teruki.


















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A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA DE
VARGEM GRANDE DO SUL

“Não há, no Estado, muitos distritos que valham Vargem Grande, presa a sede do município (São João da Boa Vista) por um cordão umbilical já crônico...” (Jornal A Imprensa, 1911)

Pouco tempo depois do Distrito de Sant´Ana de Vargem Grande ser elevado à categoria de Vila, em 1908, ainda no governo de Lúcio Bernardino da Costa, o Coronel Lúcio, inicia-se o movimento para a emancipação política.
Na gestão do subprefeito Belarmino Rodrigues Peres (1916-1921), a emancipação deixa de ser apenas assunto nas rodas de políticos e jornais da Vila, para ganhar corpo em uma primeira representação, assinada pelos políticos locais e enviada ao Congresso Estadual (Assembleia Legislativa), pedindo a criação do município de Vargem Grande. A necessidade de incorporar as terras dos municípios vizinhos alonga as discussões e adia o sonho da emancipação.
Administrador visionário, o capitão Belarmino empenha-se em várias obras, preparando a mudança de Vila para Município. Em 29 de junho de 1918, inaugura o edifício da Subprefeitura (atual prédio da Câmara), com grandes festejos: alvorada, passeata, bençãos do Padre Donizetti Tavares de Lima, sessão cívica e baile. Na mesma data, inaugura-se também uma galeria de retratos, homenageando os grandes benfeitores de Vargem Grande: João Pinto Fontão, Belarmino Rodrigues Peres, Joaquim Octavio de Andrade (Quinzinho Otávio) e dr. Cândido Libânio. O orador oficial é o professor Benjamin Bastos, que poucos meses depois faleceria, na epidemia de gripe espanhola. Ainda neste dia festivo, são inaugurados os jardins públicos da Praça da Matriz e da Praça da Subprefeitura que, posteriormente, seria Praça Municipal e, depois, Praça Washington Luiz.
Em 16 de agosto de 1919, os representantes políticos da região reúnem-se para discutir as divisas do novo município. Estão presentes Cândido Libânio, Quinzinho Otávio, João Pinto Fontão, Belarmino Rodrigues Peres, Luís O. de Oliveira, de Casa Branca, e Teófilo Rodrigues da Costa.
Em 30 de agosto de 1919, o subprefeito Belarmino Rodrigues Peres assina





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os quesitos do minucioso relatório que o Congresso Estadual havia mandado para a Câmara Municipal de São João da Boa Vista, com vistas à
criação do município de Vargem Grande. Vários proprietários de terras
de Casa Branca, que faziam divisa com Vargem Grande, assinam uma moção ao Congresso Estadual, em que defendem a emancipação de Vargem Grande e pedem a inclusão, no futuro município, de todas as fazendas e sítios distantes até 12 km da Vila de Vargem Grande. A moção foi assinada por João Cândido da Costa, Luiz Leandrini, F. Ribeiro da Costa, Exordina Borges, Rafael José, Andrade Borges & Irmãos, Francisco Costa e mais 51 pequenos sitiantes.
No início de 1921, o deputado Theophilo Ribeiro de Andrade, de São João da Boa Vista, é quem leva ao Congresso Estadual a representação vargengrandense e torna-se o seu maior defensor perante aquela assembleia. Num dos seus discursos, declara: “São João da Boa Vista não se opõe à emancipação política pedida, por achá-la justa e oportuna e mesmo porque, seguindo os princípios democráticos, vem há mais de 20 anos adotando uma política de liberalismo nos distritos”. Ainda neste memorável discurso, Theophilo Ribeiro de Andrade passa a defender novas e maiores divisas pleiteadas pelo futuro município de Vargem Grande.
A 27 de novembro de 1921, após passar por três discussões e três votações, o projeto finalmente foi aprovado no Congresso Estadual. Em 1º de dezembro de 1921, o presidente do Estado de São Paulo, Washington Luiz Pereira de Souza, assina o Decreto-Lei nº 1804, que cria o município de Vargem Grande. A vitória foi comemorada por todos os vargengrandenses.
Grandes festividades foram programadas para a instalação do Município, no dia 24 de fevereiro de 1922, coincidindo com o ano do Centenário da Independência do Brasil. O dia da emancipação amanheceu com alvorada de fogos e missa solene, celebrada pelo padre Donizetti. A seguir, o povo participa da solenidade de posse da primeira Câmara Municipal de Vargem Grande, que elege seu presidente e também o prefeito que vai administrar o município durante o ano de 1922.
Nesta data são homenageados os fundadores de Vargem Grande, seus intendentes, vereadores, subprefeitos e prefeito, todos os que contribuíram para as conquistas da terra. Banquetes e baile encerram as grandes festas de um dia memorável para o povo de Vargem Grande e seu sonhado município, que emergiu do decreto-lei com as divisas desejadas. A área territorial do antigo distrito, de 208 km², passou para 269 km², após a incorporação de áreas dos municípios de Casa Branca e São João da Boa Vista. 24

OS PATRONOS DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE VARGEM
João Pinto Fontão
Republicano e capitão, tal como seu pai, Antônio Pinto Fontão, foi vereador e presidente na época da Vila de Vargem Grande e também dirigente do Partido Republicano por mais de trinta anos, até a Revolução de 1930, quando Getúlio dissolveu os partidos.
Atas da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul registram a presença marcante e decisiva do comandante político, mediador e conciliador em todos os grandes momentos do município.
Nascido em São João da Boa Vista em 30 de março de 1868, era filho do capitão Antônio Pinto Fontão, fazendeiro, tropeiro e político conceituado, que fora vereador em São João da Boa Vista, nos meados do século XIX. Sua mãe, dona Placidina de Oliveira Fontão, descendia do sargento-mor José Garcia Leal, proprietário da Sesmaria de Várzea Grande. João Pinto Fontão casou-se com Maria Cândida de Andrade Fontão e tiveram onze filhos: José de Andrade Fontão (Zezé Fontão), Palmira Fontão Godoy, Heitor de Andrade Fontão, Iracema Fontão Carril, Maria Fontão Peres, Ana de Andrade Fontão, Odete de Andrade Fontão, Ofélia Fontão Costa, Antônio Pinto Fontão, João Pinto Fontão Júnior e Dirce de Andrade Fontão. 25



Além de fazendeiro e dirigente político, o capitão João Pinto Fontão foi proprietário do jornal A Imprensa e fundou a Casa Bancária J.P. Fontão & Cia., primeiro estabelecimento bancário de Vargem Grande.
Faleceu em Vargem Grande em 16 de janeiro de 1934. Com a Câmara Municipal fechada, por conta da ditadura de Getúlio Vargas, as homenagens restringiram-se à aquisição de uma placa e à denominação de Praça Capitão João Pinto Fontão à antiga Praça Central, conforme decisão dos interventores nomeados para o município na época.

Manoel Rodrigues de Camargo Regato

Foi intendente do Distrito de Vargem Grande em 1896, presidente da Câmara (1913/1914) e grande incentivador do progresso local. Lamentavelmente, faltam registros sobre seu nascimento, falecimento, ou se ele teria deixado familiares na cidade. Em sua intendência, foi construído o Cemitério da Saudade e instalada a iluminação pública à base de lampiões a querosene, que eram acesos, um a um, todas as noites até as 22 horas. Segundo crônicas publicadas no início do século XX, Regato morava nas imediações da Praça da Matriz e sua bela residência possuía jardins e caramanchões que ele abria ao público para passeios e saraus. Esses recantos acolhiam crianças, jovens namorados e outros públicos, atraídos pelos jardins plantados em meio a pomares.
Mário Póggio Júnior, em Grandes Nomes da Terra Vargengrandense, relata que Manoel Camargo Regato foi pioneiro na introdução do cultivo de arroz em Vargem Grande. Começou comprando terras de brejo, junto ao Rio Verde, que drenou e nivelou, ali instalando um completo sistema de irrigação a partir da construção de uma pequena barragem, com comportas e casa de máquinas. O sistema levava a água do rio para toda a plantação. Poucos acreditavam no sucesso deste empreendimento, mas o arrojo de Manoel Regato demonstrou que a várzea era uma boa terra para o arroz, que se tornou, depois, um dos principais produtos agrícolas de Vargem Grande, representado no Brasão do Município. Posteriormente, Regato teria doado partes de suas áreas de plantação para a ligação das ruas Coronel Lúcio e Major Antônio de Oliveira Fontão.

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Major Antônio de Oliveira Fontão

De família de grande tradição política, o major Antônio de Oliveira Fontão exerceu vários cargos na vida pública: foi intendente, vereador, presidente da Câmara e subprefeito da Vila de Vargem Grande.
Nasceu em São João da Boa Vista em 17 de fevereiro de 1864, filho do capitão Antônio Pinto Fontão e de dona Placidina de Oliveira Fontão. Era irmão do capitão João Pinto Fontão. Faleceu em 7 de julho de 1916.
Em 1915, Antônio de Oliveira Fontão instalou as seis escolas isoladas de Vargem Grande no prédio da atual Casa da Cultura, fundando-se as Escolas Reunidas. Para isso, teve que doar o imóvel para o Estado.
Nos livros de contratos da Subprefeitura, há um último ato assinado pelo vereador e subprefeito Antônio de Oliveira Fontão, datado de 13 de junho de 1915. Trata-se de um contrato firmado entre a Subprefeitura da Vila de Vargem Grande e o engenheiro Guilherme Sandeville, para reparos e novos serviços no aqueduto do abastecimento de água (Fazenda Laçadinho). 27

No mesmo livro, há um registro de 16 de novembro de 1917, em que a viúva, Maria Theresa Ribeiro Fontão, requer a aquisição de um terreno devoluto, onde foi erigido o túmulo do major Antônio de Oliveira Fontão, no Cemitério Municipal. Era pai de Antônio de Oliveira Fontão, que foi vereador e prefeito, e de José de Oliveira Fontão, vereador e presidente da Câmara também.
O major Antônio de Oliveira Fontão pertenceu à comissão de construção da segunda Matriz de Sant´Ana, iniciada em 1907, e foi um dos primeiros diretores da Estrada de Ferro Vargem Grande, inaugurada em 1909.

Lúcio Bernardino da Costa

Em 1908 Vargem Grande foi elevada à categoria de Vila, sendo nomeado primeiro subprefeito o coronel Lúcio Bernardino da Costa, que administrou a Vila até 1910. Ele representou Vargem Grande na Câmara Municipal de São João da Boa Vista por diversos mandatos e, em Vargem, foi presidente entre 1916 e 1921. Participou da comissão de construção da Matriz de Sant´Ana, iniciada em 1907.
Nascido em Andradas (MG), era criança quando veio residir em São João da Boa Vista. Segundo o dr. Theophilo Ribeiro de Andrade, em artigo publicado em 18.06.1953, Lúcio Bernardino da Costa era lavrador, muito estimado e acatado pelos seus concidadãos pela afabilidade do trato social, sinceridade, integridade e justeza de seus conselhos, das apreciações e opiniões em casos particulares e de ordem geral.
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Foi um dos chefes políticos de Vargem Grande, moderado e conciliador. Em artigo anterior (17.01.1952), Theophilo Ribeiro de Andrade conta que, tanto como vereador como subprefeito, o coronel Lúcio agiu “com inteligência, dedicação e competência, cooperando em todos os trabalhos de modo eficaz e com serenidade”. Sob seu comando, em 1910, instalou-se a energia elétrica em Vargem Grande, um grande salto no desenvolvimento da, então, pequena vila.
Deixou ilustres filhos, entre eles, o dr. João Baptista Figueiredo Costa, que se diplomou em Medicina na Suíça e serviu na Cruz Vermelha durante a 1ª Guerra Mundial. Também são seus filhos Alcina Figueiredo Costa, Abílio Figueiredo Costa, Antônio Figueiredo Costa e Antenor Figueiredo Costa Vilela. Na época, era costume dar aos afilhados o nome de seus padrinhos, uma forma de homenagem, como ocorreu com Antenor, afilhado do coronel Lúcio.
O capitão Belarmino Rodrigues Peres indicou o nome do coronel Lúcio para denominar a então Rua Nova, no centro de Vargem, lembrando que se tratava de “um homem que tanto prestou serviços à causa pública”.

Eustáquio Ferreira Lima

Comerciante e cidadão conceituado na comunidade e na política regional, o major Eustáquio Ferreira Lima nasceu em Villa Rezende, no Estado de Sergipe, em1859, chegando a Vargem Grande em 10 de maio de 1892.
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Era casado com Etelvina Maria de Lima, com quem teve os filhos: Alvino Ferreira Lima, advogado e juiz na Comarca de Casa Branca; Augusto Ferreira Lima, funcionário do Telégrafo Nacional (e sogro de Neusa Patarro Pereira Lima); Arnaldo Ferreira Lima, advogado; Alzira e Hercília Ferreira Lima, ambas professoras; e Alcebíades Ferreira Lima, que não se diplomou, mas era comerciante talentoso e esteio da família, que também ocupou cargos de vereador, presidente da Câmara e de juiz de paz.
Em 1916, o major Eustáquio Ferreira Lima conduziu uma subscrição pública para conclusão das obras da segunda Igreja Matriz de Sant´Ana e muito trabalhou para que Vargem Grande se tornasse município. Quase não viu seu sonho realizado, pois, muito doente, não assumiu sua cadeira na Câmara, falecendo a 17 de junho de 1923. Na ocasião, o capitão Belarmino Peres discursou em sua homenagem e o dr. Francisco Álvares Florence solicitou a colocação de um retrato do major Eustáquio, em homenagem ao homem público austero e probo que ele sempre fora.

Theophilo Ribeiro de Andrade

O dr. Theophilo Ribeiro de Andrade é personagem de grande expressão na história de Vargem Grande do Sul. Na tribuna da Assembleia Legislativa, entre 1918 e 1921, foi o defensor da emancipação política de Vargem Grande, que até então era uma vila ligada ao município de São João da Boa Vista.
Theophilo Ribeiro de Andrade nasceu em Cristina (MG), a 18 de março de 1873, filho de José Procópio de Andrade e Mariana Ribeiro de Andrade. Em 1879, o pai adquiriu a Fazenda Boa Vista no município de São João da Boa Vista, onde a família veio a residir. Fez seus primeiros estudos com os professores José e João Pires de Aguiar e, posteriormente, transferiu-se para o ensino médio do Colégio Ivahy, na capital paulista. Colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Academia de Direito, como era conhecida a Faculdade do Largo São Francisco, em 1894. Principiou a advocacia na Capital, e veio para São João em 1896, onde passou a residir e advogar, até sua morte, em 20 de dezembro de 1953.
Em 1900, casou-se com Sylvia da Costa Oliveira, filha de João Joaquim de Oliveira e Antônia Junqueira da Costa, união que lhe deu dez filhos.
Militante político, o dr. Theophilo exerceu vários mandatos de vereador e por duas vezes, foi eleito presidente da Câmara de São João da Boa Vista.
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Durante a Primeira República, foi eleito deputado estadual para cinco mandatos sucessivos, de dois anos cada um, entre 1912 e 1927. Como deputado estadual, trabalhou incansavelmente pela região, principalmente nas áreas da agricultura, saúde e educação. Com mais de 70 anos, foi nomeado presidente da Caixa Econômica Estadual, cargo que exerceu de 1941 a 1945.


REPÚBLICA VELHA (1889 a 1930)
Após a Proclamação da República em 1889 e até 1930, a chamada República Velha é caracterizada pela política “café-com-leite”, em que políticos apoiados pelos estados de São Paulo e Minas Gerais se alternavam na Presidência. Era o poder das velhas oligarquias, sustentado por uma economia predominantemente agrária.

A PRIMEIRA CÂMARA DO MUNICÍPIO
1922
Ponto alto das comemorações da emancipação político-administrativa de Vargem Grande, em 24 de fevereiro de 1922, foi a constituição da primeira Câmara Municipal. Com poucas mudanças, os vereadores, que exerciam o mandato no distrito desde 1919, foram convidados e aceitaram ficar até a realização das eleições no final daquele ano de 1922.
A primeira Câmara foi presidida por Joaquim Octavio de Andrade, o Quinzinho Otávio, com Francisco Thomaz de Andrade na vice-presidência.
O vereador Belarmino Rodrigues Peres, que até então exercera o cargo de subprefeito, foi eleito por seus pares primeiro prefeito do município.
Também compuseram a primeira Câmara Municipal de Vargem Grande os vereadores Eustáquio Ferreira Lima, Joaquim Maciel de Godoy e major Antônio de Oliveira Fontão. 31

Joaquim Octavio de Andrade
1922

Primeiro presidente da Câmara Municipal de Vargem Grande, o capitão Quinzinho Otávio, como era conhecido, era neto do guarda-mor João Thomaz de Andrade, proprietário de uma das grandes sesmarias que deram origem a São João da Boa Vista e a outras cidades da região.
Nasceu em 9 de junho de 1875. Casado com dona Amélia Ribeiro, foi pai de Alzira de Andrade Penteado, Osvaldo Ribeiro de Andrade, José Ribeiro de Andrade (Zecão), Guiomar de Andrade Margotto, Amélia Andrade Peres, Joaquim Otávio Ribeiro de Andrade e Geraldo Ribeiro de Andrade.
Era fazendeiro e reconhecido líder na vida política, social e agrícola de Vargem Grande, muito contribuindo para o seu desenvolvimento, desde o antigo distrito até o município recém-criado.
Em 1922, ano de sua presidência na Câmara, com Belarmino Rodrigues
Peres prefeito, foi instalada em Vargem a Coletoria Estadual e fundado o
Banco Agrícola.
Segundo informações de seu neto, o saudoso médico Roberto de Andrade Margoto, Quinzinho Otávio era um homem preocupado com a preservação da natureza e do meio ambiente, em uma época em que não havia este tipo de preocupação. Era proprietário de fazendas na serra, em terras consideradas nobres, mas a fazenda no campo (cerrado) era a sua favorita,

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embora de pouco valor comercial na época. Em seu dia-a-dia, costumava contratar os serviços de Benedito Albuquerque, o Ditinho Motorista, para levá-lo, e a seu neto, para passeios no campo, onde amadureciam cajus e marolos. Quinzinho Otávio faleceu em 15 de maio de 1948.

A SEGUNDA CÂMARA
1923 - 1925
Em 15 de fevereiro de 1923, toma posse a Segunda Câmara Municipal de Vargem Grande, a primeira eleita no município já emancipado. São vereadores Francisco Thomaz de Andrade, Antônio de Oliveira Fontão, dr. Francisco Álvares Florence, Carino da Gama Corrêa, João Thomaz de Andrade e Heitor de Andrade Fontão. Na mesma sessão, os novos vereadores elegem o presidente e o vice-presidente do Legislativo, bem como o prefeito e vice-prefeito de Vargem Grande. Francisco Thomaz de
Andrade é eleito presidente da Casa com cinco votos, mesma votação dada a João Thomaz de Andrade, eleito vice-presidente. Para prefeito municipal, os vereadores elegem Antônio de Oliveira Fontão, com três votos, e Heitor de Andrade Fontão, vice-prefeito, com quatro votos.
Dias depois, em 23 de janeiro, Vargem Grande recebe a visita do presidente do Estado de São Paulo, Washington Luiz Pereira de Souza. Em homenagem a essa ilustre visita, o vereador Carino da Gama Corrêa indica o nome do presidente para a Praça Municipal, iniciativa aprovada por todos.
Em abril, o vice-presidente da Câmara, João Thomaz de Andrade, renuncia ao mandato por estar transferindo residência para a capital paulista. Sem outros suplentes, a 14 de junho de 1923, o capitão Belarmino Rodrigues Peres é eleito e toma posse. Pela quinta vez era eleito para prestar serviços a Vargem Grande.
Em 1923 é fundada a primeira cerâmica em Vargem Grande, a Sociedade Paulista Oeste Industrial Ltda. (Sopil). Em 1925, a cidade começa a construir o Hospital de Caridade. 33

Francisco Thomaz de Andrade
1923 -1925
Nasceu em Sapecado (SP), atual Divinolândia, em 1876, filho de José Peixoto de Andrade e de Francisca Leopoldina da Costa. Em 2 de outubro de 1896, casou-se com Claudemira de Oliveira Brandão, união que gerou seus filhos: José Higino de Andrade (Dr. Juca Dentista), Delmira de Andrade Westin, Higino de Andrade (Sr. Gino Farmacêutico), Ernani de
Andrade (farmacêutico e juiz de paz), Breno de Andrade (farmacêutico), Jacira de Andrade dos Santos, Zizinha de Andrade Corrêa e Albertina de Andrade. Fazendeiro e comerciante respeitado por todos, deixou uma história de serviços prestados ao município.
Francisco Thomaz de Andrade foi vereador, representante do ainda distrito de Vargem Grande em 1912/1913, quando assumiu a presidência da Câmara. Eleito vereador na primeira eleição realizada no recém-criado município de Vargem Grande, foi conduzido à presidência da Câmara por dois biênios consecutivos.
Homem culto, respeitado entre seus pares, muito contribuiu para o desenvolvimento do distrito de Vargem Grande e sua emancipação político-administrativa (Lei 1804, de 01.12.1921). Sob sua presidência, a Câmara autoriza a expansão dos serviços telefônicos, prestados pela Empresa Thelephonica Oeste Paulista, gerenciada por Ângelo Gabriolli. Também em 1923, a Câmara compra, por um conto e oitocentos mil réis,

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três terrenos pertencentes a Quinzinho Otávio, onde se constrói a primeira Caixa d’Água, na Rua Silva Jardim esquina com Major Antônio de Oliveira Fontão. Junto a esse terreno o município mantinha barracões, depósitos e cocheiras, pois os veículos municipais eram de tração animal.
Ainda em 1923, o presidente aumenta o perímetro da Praça Municipal e prolonga as ruas adjacentes, com terrenos doados por José de Andrade Fontão, Francisco Ribeiro Carril e Heitor de Andrade Fontão. No mesmo ano, após a visita do presidente do Estado Washington Luiz Pereira de Souza, a Praça Municipal passou a ser denominada Praça Washington Luiz.
Em 3 de setembro de 1923, Francisco Thomaz de Andrade nomeia uma comissão para levantar dados, visando à criação da Comarca de Vargem Grande do Sul. A comissão era composta pelos vereadores Francisco Álvares Florence e Carino da Gama Corrêa e por José Amaro Rangel Corrêa, o major Corrêa, natural de Petrópolis (RJ).
Francisco Thomaz de Andrade faleceu em 11 de setembro de 1958, deixando muitos descendentes, muitos deles residentes em Vargem Grande.
Um ilustre personagem


Dr. Francisco Álvares Florence
Entre os vereadores eleitos para o biênio 1923-1925, havia um jovem médico, Francisco Álvares Florence, que se projetaria na história política do Estado de São Paulo.
Nascido em Espírito Santo do Pinhal (SP), a 20 de fevereiro de 1896, formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina, do Rio de Janeiro.
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Em 1920, casou-se com Angelina Motta Florence e veio residir em Vargem Grande, onde se tornou o popular dr. Chico. Membro do Partido Republicano, elegeu-se vereador, foi conduzido à vice-presidência (1923/24) e por várias vezes substituiu o presidente Francisco Thomaz de Andrade. Em 3 de setembro de 1923, é indicado para a comissão de estudos que visava a elevar o município à condição de Comarca, conforme a legislação da época.
Além de médico generoso, dedicado aos mais carentes, foi grande empreendedor, incentivando a vocação do município para o ramo cerâmico. Ele participou do grupo de empresários que fundou a primeira cerâmica de Vargem Grande, em 1923, marco da industrialização de Vargem Grande. Foram seus sócios Luiz Malatesta e Francisco Ribeiro da Costa. No início, a cerâmica denominava-se Malatesta & Cia Ltda., com Luiz Malatesta como diretor técnico. Em 20 de setembro de 1924, a empresa Malatesta & Cia. passa a denominar-se Sociedade Oeste Paulista Industrial Ltda. (Sopil),
tendo como sócios o capitão Francisco Ribeiro da Costa, sua esposa Maria Cherubina e o dr. Francisco Álvares Florence. A cerâmica situava-se ao lado da estação da Estrada de Ferro Mogiana, o que facilitava a distribuição de seus produtos para várias regiões.
Em 1925, Florence participa da comissão de construção do Hospital de Caridade de Vargem Grande. Em 1926, retorna à sua cidade natal, onde funda o Ginásio Pinhalense (1930). Ali é nomeado prefeito em 1940 e realiza obras relevantes para sua cidade. Com o fim do Estado Novo e o restabelecimento da democracia, elege-se deputado estadual em 1947, com expressiva votação. Em 1948, disputando com o deputado Mário Beni, é eleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, porém falece em 31 de julho deste mesmo ano, vítima de acidente. Em dezembro de 1948, seu nome foi atribuído ao hoje município de Álvares Florence (SP).
Em 2009, a Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, presidida pelo vereador Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro, institui a Medalha de Mérito Dr. Francisco Álvares Florence, entregue a cidadãos de serviços relevantes à comunidade, em sessão solene prestigiada pelos familiares de Álvares Florence.


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A TERCEIRA CÂMARA
1926 a 1928

No início de 1926, eram empossados os eleitos para a Terceira Câmara, os vereadores Francisco Ribeiro da Costa, Alcebíades Ferreira Lima, Antônio Ricardo da Costa, Joaquim Manoel de Godoy, Ernani da Gama Corrêa e Antônio Oliveira Fontão. Pouco tempo depois, três deles apresentam carta de renúncia - Alcebíades, Ernani e Joaquim. Realizada nova eleição, são eleitos e empossados os vereadores Belarmino Rodrigues Peres, Christiano Dutra do Nascimento e João Junqueira da Costa. Para prefeito, a Câmara elege Antônio Oliveira Fontão e, para presidente do Legislativo, o vereador Francisco Ribeiro da Costa.
Em 16 de janeiro de 1927, Antônio de Oliveira Fontão e Francisco Ribeiro da Costa são eleitos, respectivamente, presidente e vice-presidente da Câmara. No biênio 1927/1928, Francisco Ribeiro da Costa assume a mesa por várias sessões em substituição a Antônio de Oliveira Fontão.



Antônio de Oliveira Fontão
1927 - 1928

Nascido a 20 de novembro de 1895, em São João da Boa Vista, era filho do major Antônio de Oliveira Fontão e dona Maria Theresa Ribeiro. Era casado com dona Josephina Dias Fontão.
Prestou relevantes serviços ao município, como prefeito e vereador, seguindo a tradição de sua família. Também exerceram cargos políticos seu irmão, José de Oliveira Fontão, e seu tio, o capitão João Pinto Fontão. Faleceu a 6 de março de 1953. 37

Francisco Ribeiro da Costa
1928 a 1948 e 1948 a 08/1949
Como vereador, foi presidente da Câmara por várias gestões e também exerceu o cargo de prefeito (1931-1932). Casado com dona Maria Cherubina Rocha Ribeiro, era fazendeiro, político respeitado e homem culto, que mantinha biblioteca em casa. O casal não teve filhos, mas criou como filhas três de suas sobrinhas: Regina, Maria Antônia e Maria Cherubina, que foi casada com Hermenegildo Cossi Filho, o Didi.
Foi um dos pioneiros da industrialização de Vargem Grande do Sul, como co-fundador da primeira cerâmica do município em 1923, empresa que se chamaria Sociedade Oeste Paulista Industrial Ltda. (Sopil) em 1924. Em sua gestão na Prefeitura, também foi fundada, por particulares, a Tecelagem Santa Catarina.
Cidadão atuante na vida em comunidade, participou da comissão que iniciou a construção do Hospital de Caridade em 1925 e, em 1943, integrou
outra comissão, nomeada pelo prefeito Edmundo Dante Calió, para a reforma e reabertura do hospital, que estava fechado havia cinco anos.
Em 1931, foi um dos fundadores da Sociedade Humanitária.
Em julho de 1932, Francisco Ribeiro da Costa, ou Chico Ribeiro, como era conhecido, era prefeito de Vargem, nomeado pelo interventor estadual, durante a ditadura de Getúlio Vargas. Ele lutou como soldado constitucionalista contra as tropas da ditadura. Faleceu em 20 de junho de 1973.

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A REVOLUÇÃO DE 1930
A Era Vargas

A quebra da Bolsa de Nova York em outubro de 1929 provoca grave depressão econômica e repercute em todo o mundo. No Brasil, a cafeicultura entra em crise e os fazendeiros paulistas perdem dinheiro e poder político.
O presidente Washington Luiz (1926-1930) rompe a política “café-com- leite” e apoia o paulista Júlio Prestes à presidência, gerando protestos dos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que se unem na Aliança Liberal e lançam a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas, com o paraibano João Pessoa, como vice. Júlio Prestes vence as eleições, vitória que a Aliança Liberal não aceita.
João Pessoa é vítima de crime passional, que ganha contornos políticos, desencadeando a Revolução de 1930, iniciada em 3 de outubro no Rio Grande do Sul. Júlio Prestes é deposto por uma junta militar, que conduz Getúlio Vargas à presidência em 3 de novembro de 1930. Começa a Era Vargas, com o fechamento de todos os parlamentos – Congresso Nacional, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais – e o regime de censura, prisões e perseguições políticas. Vargas nomeia interventores nos Estados que, por sua vez, indicam os prefeitos dos municípios.

A QUARTA CÂMARA
1929 a 1930

O mandato dos vereadores vargengrandenses eleitos para a legislatura de 1929 a 1932 é interrompido pela Revolução de 1930.
A 15 de janeiro de 1929, tomam posse os vereadores eleitos: Olavo Navarro, Belarmino Rodrigues Peres, Amadeu de Oliveira Fontão, Lourenço Senofonte Staffa e Adolpho Lemes. A Câmara diploma os suplentes (João Jacyntho Pereira, Christiano Dutra do Nascimento, Arthur
Ribeiro e José de Andrade Fontão) e elege Belarmino Rodrigues Peres presidente do Legislativo.
O vereador Belarmino Rodrigues Peres fica no cargo de presidente até 28 de outubro de 1930, quando o golpe militar de Getúlio Vargas instaura a ditadura e fecha todas as casas legislativas do país, do Congresso Nacional às Câmaras Municipais.
Numa última tentativa de demonstrar resistência, a Câmara Municipal de
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Vargem Grande, presidida por Belarmino Peres, convoca sessão extraordinária, realizada em 8 de outubro de 1930, e apresenta uma moção de solidariedade, nestes termos: - “A Câmara de Vargem Grande, reunida em sessão extraordinária, revoltada contra o assalto à honra e dignidade do Brasil, pelos estados de Minas e Rio Grande do Sul, por unanimidade, hipoteca, aos governos da República e do Estado, inteira solidariedade e está completamente ao lado dos poderes constituídos para defesa da República e do Estado de São Paulo”. Sala das Comissões, Belarmino Rodrigues Peres, Lourenço Senofante Staffa, José de Andrade Fontão e Amadeu de Oliveira Fontão..
O protesto dos vereadores vargengrandenses enobreceu os últimos momentos da Casa, antes de seu fechamento. Em 29 de outubro, a ditadura Vargas impõe o registro da “Ata de Entrega da Câmara Municipal à Junta Governativa, por ordem do ditador Getúlio Vargas”. A primeira junta governativa (29.10.1930 a 1935) era composta por membros do diretório democrático. Fechada a Câmara, foi a vez de a Prefeitura ser entregue às decisões dos interventores.
Em 1930, o jornalista Walter Tatoni abre O Liberal, seu primeiro jornal em Vargem Grande, que circulará até 1937.

Belarmino Rodrigues Peres
1929 – 1930

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Fazendeiro, natural da Espanha, era filho de Severino Rodrigues Carrera e Joana Gonçalves Peres. Eram seus irmãos o farmacêutico José Rodrigues
Peres, o médico João Rodrigues Peres, Milica Peres Rodrigues, Olinda Peres Bonvicino, Carola Peres Mesquita e Purificação Rodrigues Peres. Casou-se com Flora Troncoso Peres, união que gerou seus filhos: dr. Moacir Troncoso Peres, falecido ainda jovem em acidente; professora Darcy Troncoso Peres, dr. Aristides Troncoso Peres e dr. Waldir Troncoso Peres, que foi o mais renomado advogado criminalista do país.
Como subprefeito da Vila de Vargem Grande (1916-1921), realizou obras de infraestrutura e urbanização, enquanto também liderava a luta pela emancipação política do município, coordenando todos os trabalhos necessários para a defesa da causa vargengrandense na Assembleia do Estado pelo deputado estadual Theophilo Ribeiro de Andrade. Conciliador,
mediou as longas discussões sobre os novos limites a serem incorporados ao futuro município, que nasceu com as divisas desejadas.
Enquanto agia politicamente pela criação do município, preparava a Vila de Vargem Grande para a emancipação, construindo, em apenas um ano, entre 1917 e 1918, o prédio que abrigaria a futura Prefeitura e a Câmara Municipal, inaugurado em 29 de junho de 1918, mesma data em que inaugurava, também, os jardins públicos da Praça Central, hoje Praça Capitão João Pinto Fontão.
Criado o município de Vargem Grande, a Primeira Câmara Municipal de Vargem Grande elegeu Belarmino Rodrigeus Peres primeiro prefeito em 1922, coroando sua história de luta pela emancipação política e administrativa de Vargem Grande. Como vereador participou de várias legislaturas, de 1923 a 1930, e presidiu o Legislativo. Em 1925, participou da comissão de construção do Hospital de Caridade, junto com seu irmão, o dr. João Rodrigues Peres, que seria o primeiro diretor clínico do hospital.
Era presidente da Câmara em 1930, quando a ditadura Vargas fechou o Legislativo, e Belarmino Rodrigues Peres, homem de profundas convicções democráticas, afasta-se dos cargos públicos.
Mesmo afastado da vida pública, era homem de incontestável liderança, sempre procurado para opinar em momentos importantes da municipalidade, visto seu longo histórico como vereador e administrador de Vargem Grande.
Em pesquisa do jornal Gazeta de Vargem Grande, Belarmino Rodrigues Peres foi o mais citado pelos vargengrandenses como o político do século XX.

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Belarmino Rodrigues Peres faleceu em 18 de julho de 1958 na capital paulista, perto de completar 80 anos. Em Vargem Grande, a Câmara Municipal prestou-lhe várias homenagens. Conforme a Ata da Sessão Legislativa de 28 de julho de 1958, o presidente Walter Tatoni exaltou as inúmeras virtudes cívicas e morais do capitão Belarmino, que deixava uma profunda lacuna em nossa sociedade. Ele também relembrou a grande obra administrativa do primeiro prefeito de Vargem Grande do Sul e, por indicação do vereador Turíbio dos Santos, de 10 de outubro de 1958, foi dado o nome do Capitão Belarmino Rodrigues Peres ao prolongamento da Rua Batista Figueiredo, no trecho entre a Praça Capitão João Pinto Fontão e a Rua Bom Pastor, próxima ao Hospital de Caridade.


A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932


Inconformados com a ditadura de Getúlio Vargas, que retirou a autonomia dos Estados, os paulistas saem às ruas e praças da Capital, pedindo a redemocratização do país.
Os protestos começam em 25 de janeiro de 1932, aniversário de São Paulo,
e, em 23 de maio, durante gigantesca manifestação na Praça da República, quatro jovens paulistas são mortos à bala por tropas federais. Morrem Mário Martins, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes e Antônio Camargo de Andrade. Das iniciais de seus nomes, surge o MMDC, movimento que articulará a Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em 9 de Julho.
Em todo o Estado, 200 mil voluntários alistam-se, mas por falta de armamentos, somente cerca de 30 mil vão à luta. As tropas federais avançam sobre o Estado de São Paulo em três grandes frentes: a Leste, na divisa com Minas Gerais, na região de Campinas, Mogi-Mirim até Franca e
Barretos; no Vale do Paraíba e no Sul, na divisa com o Paraná.
Ao longo da Linha Leste, há combates pesados em todas as cidades e distritos próximos da divisa com Minas, como Vargem Grande do Sul, São Sebastião da Grama, São José do Rio Pardo, São Roque da Fartura, Ponto da Cascata, Águas da Prata, São João da Boa Vista, Aguaí, Mogi-Mirim, Itapira, Campinas, Lagoa Branca, Casa Branca e Mococa, entre outras localidades, que eram tomadas e retomadas pelas forças envolvidas, como ocorreu em Vargem Grande do Sul, com a ocupação do Hospital de Caridade e da região do Cemitério da Saudade.


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Na região, a legendária Coluna Romão Gomes lutou com dezenas de batalhões, formados por civis e soldados da Força Pública Paulista.
Com oito mil habitantes em 1932, Vargem Grande reproduzia, em menor escala, o grande esforço de guerra que mobilizou todo o Estado. Dezenas de jovens, de todas as classes sociais, alistaram-se na luta e tinham a retaguarda da Casa do Soldado, criada pelas mulheres vargengrandenses, para lhes enviar alimentos e agasalhos.
Porém, mesmo com grande mobilização e engajamento civil, as forças paulistas eram numericamente inferiores às tropas federais; na Frente Leste, em nossa região, 10 mil paulistas lutavam contra 20 mil soldados do governo, desproporção que ocorria nas demais frentes de luta.
Com forças desiguais, a Revolução de 32 segue até 28 de outubro, com um cessar-fogo negociado, que precedeu a derrota de São Paulo no conflito. Morreram 633 soldados paulistas, muitos foram presos e outros exilados. Vencedor, Getúlio Vargas nomeia novo interventor para São Paulo, o paulista e civil Armando Salles de Oliveira, e começa a subsidiar os cafeicultores paulistas.


A QUINTA CÂMARA
1936 a 1937

Após a Revolução de 1932, Getulio Vargas convoca eleições para a assembleia constituinte, que elabora a terceira Constituição do país, promulgada em 1934. É sancionando o novo Código Eleitoral, que introduz o voto secreto, o voto feminino e as eleições diretas. Permanece a eleição indireta para presidente e Vargas é reeleito presidente constitucional com 175 votos. A nova Carta cria os direitos trabalhistas e reserva às empresas nacionais a exploração de minérios.
Nas eleições municipais de 15 de março de 1936, em Vargem Grande, votaram 1.087 eleitores, com 306 abstenções. Em junho tomam posse os vereadores Francisco José de Azevedo, Alcebíades Ferreira Lima, João Batista de Alencar, Walter Tatoni, Francisco Ribeiro da Costa, Joaquim Octavio de Andrade e Edmundo Dante Calió.
São eleitos para a Mesa da Câmara o advogado João Batista de Alencar, presidente; o comerciante Alcebíades Ferreira Lima, vice; e o jornalista Walter Tatoni, secretário.
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Após a posse, o presidente pede afastamento do cargo por seis meses para
tratamento de saúde no exterior. Assume a presidência da Casa o vereador Alcebíades Ferreira Lima, filho de Etelvina Maria de Lima e do major Eustáquio Ferreira Lima, este um dos patronos da emancipação política de
Vargem Grande.

O ESTADO NOVO
1937 a 1945

Em 10 de novembro de 1937, através do rádio, o presidente Getúlio Vargas dissolve as Casas Legislativas do país, como em 1930, após o golpe militar que o colocara na presidência. Ele outorga uma nova Constituição, que lhe dá mais poderes para intervir nos Estados. As garantias individuais são suspensas e há violenta repressão aos opositores do governo. Começa o Estado Novo.
O governo respondia à oposição da Aliança Libertadora Nacional (ALN), fundada em 1935 por Luiz Carlos Prestes, que reunia comunistas, operários, militares e intelectuais. Em 1938, quando seriam realizadas novas eleições presidenciais, Vargas dá um novo golpe de estado, com o apoio dos generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, e permanece no
poder até 1945. As Casas Legislativas do país ficam fechadas durante todo o Estado Novo (1937 a 1945).
Suspensas as atividades da Câmara, Vargem Grande atravessa o Estado Novo com um ciclo de obras e conquistas administrativas. Em 1936, a Caixa Econômica Estadual instalara uma agência no município e, em 1937,começam as obras da rodovia Vargem a São Sebastião da Grama.
Em 1938, o prefeito é Edmundo Dante Calió e o jornalista Walter Tatoni lança O Vargengrandense, jornal que circulará até 1947. Em 1939, os fogos espocam na Vila Polar: o bairro passa a pertencer a Vargem Grande, antes
a Vila era do município de Casa Branca, separada de Vargem pelo Rio
Verde. Neste ano, é fundado um Sindicato de Lavradores.
Em 1941, um grande desfile na cidade marca a inauguração do novo prédio do Grupo Escolar, na Praça Wasghinton Luiz. Ainda neste ano, a Prefeitura começa o calçamento das ruas da cidade. Em 1942, iniciam-se as obras da nova rodovia entre Vargem e Casa Branca e em 1943, começa a reforma para reabrir o Hospital de Caridade, fechado desde 1937. Ainda em 1943, é fundada uma Cooperativa Agrícola Mista.
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No início dos anos 40, Getúlio Vargas quer mudar o nome de Vargem Grande para Guaraú, causando intensa comoção na cidade, que protesta no jornal A Imprensa. É realizado um plebiscito, e a cidade mantém seu nome, com o acréscimo – Vargem Grande do Sul, porque existia outras cidades com o mesmo nome em nosso país.

A República Nova
1945 a 1964

Em 1945, após os Aliados derrotarem o nazi-fascimo na Europa, com a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), começa um grande movimento pela redemocratização do Brasil. Se os pracinhas haviam lutado pela democracia na Europa, o Brasil precisava ser redemocratizado. Em Vargem, houve alegria e festa, com a volta dos pracinhas Ricardo Marti, Benedito Bovo e Rafael Otero Russo.
O presidente Vargas acena com medidas liberalizantes, marcando eleições para dezembro de 1945, anistiando presos políticos e permitindo o
funcionamento dos partidos. Porém, durante a campanha à presidência, movimentos apoiados por sindicatos pedem a permanência de Vargas. Temendo um novo golpe, o Exército depõe o presidente em 29 de outubro de 1945. Em dezembro, vence as eleições o general Dutra, apoiado por Getúlio Vargas. Termina o Estado Novo.
Somente com a restauração da democracia e a promulgação da Constituição Federal de 1946, as câmaras municipais são reabertas e começam a tomar a forma que hoje possuem.
Em 1947, Walter Tatoni reabre o jornal A Imprensa, que circulará até 1972.

PRIMEIRA LEGISLATURA
1948 a 1951

Seguindo a Carta de 1946, são realizadas eleições complementares. Em Vargem, são eleitos 11 vereadores, que tomam posse em 1º janeiro de 1948. Assumem suas cadeiras no Legislativo os vereadores Francisco Ribeiro da Costa, Achilles Rodrigues, Benedito Bedin, Henrique de Brito Novaes, Nestor Bolonha, Gabriel Mesquita (que renuncia dois meses após a posse, em março), José de Oliveira Fontão, Eduíno Sbardelini, Antônio Longuinho, José Ribeiro de Andrade e Alcino Alves Rosa.

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A legislação sobre o número de vereadores se modifica várias vezes nesse período. Em agosto de 1948, havia 13 cadeiras na Câmara; de agosto a setembro de 1949, as vagas foram reduzidas para oito vereadores, retornando a 13 cadeiras em outubro do mesmo ano, conforme lei federal. São chamados os suplentes Felício Mizurini, Joaquim Andrade Dias, Alexandre de Oliveira, Pedro Cipola e Benedito Siqueira. Além da inconstância no número de vagas na Câmara, os vereadores percebem que, em 17 anos de ditadura, o Executivo havia centralizado poderes, inclusive o de legislar. Mesmo com a redemocratização, a participação do povo e dos seus representantes ainda era muito pequena.
Em Vargem Grande do Sul, o prefeito Francisco Ribeiro Carril enfrenta forte oposição do Legislativo. São árduas as discussões, envolvendo custos de obras e serviços públicos, entre outros temas. Ainda assim, ele consegue realizar grandes obras de infraestrutura, como a captação das águas do Rio Verde, a Estação de Tratamento de Água (ETA) e seus reservatórios no Pacaembu, bem como a instalação da rede de distribuição de água e rede de coleta de esgotos.
Carril realiza, ainda, obras de melhoria das vias públicas, instala o Posto de Puericultura, posto especializado em Pediatria, além de outros atendimentos médicos.
No início da década de 1950, Vargem Grande do Sul consegue a instalação do seu primeiro curso ginasial, a Escola Estadual Alexandre Fleming, com a participação ativa dos vereadores e do deputado estadual Mário Beni. É um grande avanço para o município que, até então, oferecia estudos até a quarta série do ensino fundamental, restringindo as oportunidades para os jovens da época, especialmente para aqueles de famílias humildes, que não tinham meios de continuar seus estudos em outras cidades.
O município tem 10.808 habitantes.
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José de Oliveira Fontão
Agosto de 1948 a dezembro de 1949
1954 -1955
Nascido em 17 de setembro de 1901, José de Oliveira Fontão era filho do major Antônio de Oliveira Fontão e de Maria Theresa Ribeiro, de família ligada à política e ao serviço público.
Como cidadão e político, era dedicado aos temas do município e foi um dos soldados constitucionalistas que se destacaram na Coluna Romão Gomes, durante a Revolução de 1932. No conflito, foi o idealizador da estratégia que pôs em retirada as tropas da ditadura que haviam tomado Vargem Grande.
Na vida comunitária, foi proprietário do Cine Glória, que funcionou até o
final da década de 1950, e também do cartório que, posteriormente, pertenceria a Ivo Rodrigues. Foi um dos sócios-fundadores da Rádio Cultura em 1950. Era homem culto e amante das artes, também definido por sua elegância, o que lhe valeu o apelido de Zé Almofadinha.
Sua residência, o sobrado situado na esquina da Avenida Regato com Rua Coronel Lúcio, ainda é um marco arquitetônico do auge do ciclo cafeeiro em Vargem Grande, hoje propriedade da família de Hildebrando Cossi.
Era casado com Maria Costa Fontão (Maria Bonita), com quem teve os filhos: Maria Elisa, esposa do prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio; Gabriel e José Carlos, já falecidos, e Fausto Fontão, residente em São João da Boa Vista. Faleceu em 30 de novembro de 1959. 47

Alcino Alves Rosa
1950 a 1951

Alcino Alves Rosa nasceu em Vargem Grande do Sul em 16 de julho de 1910, filho de Angelina Castanharo e José Cândido Alves. Casou-se com a professora Idati Dutra do Nascimento, união que gerou Rubens Alcino Dutra Alves, hoje médico neurocirurgião, residente em Jundiaí (SP).
Respeitado contador, era formado pela antiga Escola de Comércio São Luiz e foi um dos vargengrandenses que mais se empenharam na instalação da Escola de Comércio D. Pedro II em Vargem Grande, em 1958, onde foi professor e diretor.
Foi vereador e presidente da Câmara em 1950/1951. Orador fluente e culto, era também homem de partido, que defendia ardorosamente seus pontos de vista e os assuntos do interesse da municipalidade.
Faleceu em 30 de janeiro de 1967 e recebeu a homenagem dos seus alunos e ex-alunos, reunidos na Fanfarra da Escola de Comércio D. Pedro II, que acompanhou seus funerais.


SEGUNDA LEGISLATURA
1952 a 1955

Em 1º. de janeiro de 1952 tomam posse os vereadores: AlcinoAlves Rosa,
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Alcino Ferrari, Antônio Longuini Neto, Antero do Patrocínio Rodrigues, Ernani de Andrade, Henrique de Brito Novaes, Ivo Rodrigues, João Toesca, José Ferreira Varzim, José Oliveira Fontão, José Ribeiro de Andrade (Zecão) e Antônio Gomes Martins. O professor Henrique de Brito Novaes é eleito presidente para 1952/53 e José de Oliveira Fontão ocupou a presidência em 1954/55.
Em 1950, Getúlio Vargas havia voltado ao poder pelo voto popular e cria a campanha O Petróleo é Nosso, que antecede a fundação da Petrobras, e o BNDE - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, programa de investimentos do governo. Vargas permite a vinda do capital estrangeiro ao país, porém não admite a desnacionalização da economia.
Do jornal Tribuna da Imprensa, o jornalista Carlos Lacerda lidera uma forte campanha de oposição ao governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda é ferido em atentado à sua vida, que vitima o major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz, na Rua Toneleros, no Rio de Janeiro. O inquérito da Aeronáutica associa o chefe da guarda pessoal de Vargas, o tenente da reserva Gregório Fortunato, ao crime, precipitando grave crise. O Exército e a Aeronáutica pedem a renúncia do presidente.
Em 24 de agosto, Getúlio Vargas mata-se com um tiro no peito no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro e, como espólio poítico, deixa uma carta. A frase final – “Saio da vida para entrar na História”, encerra dramaticamente a Era Vargas.
O cenário econômico da época gerava descontentamento entre a população. Porém o suicídio de Getúlio Vargas consternou o país, com grandes manifestações do povo.
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Henrique de Brito Novaes
1952 - 1954
1960 - 1961

Natural de Mogi-Mirim (SP), nasceu a 10 de maio de 1900, filho de Joaquim da Luz Novaes e Francisca de Brito. Fez seus estudos primários em sua terra natal e diplomou-se professor pela tradicional Escola Normal de Campinas. Em 1926, veio lecionar no Grupo Escolar de Vargem Grande, onde também foi diretor até aposentar-se. Casou-se com Arlinda Rodrigues Novaes e são seus filhos: Washington Luiz Novaes, jornalista e ambientalista premiado; Regina Maura Fontão (falecida), Luiz Henrique, Paulo Roberto e a professora Silvia Novaes Filippini.
Dotado de extraordinária inteligência e senso de ética, o Professor Novaes
era homem de muitos talentos: jornalista e orador fluente, esportista, cidadão e político atuante nas grandes causas da municipalidade em sua a época. “Inconfundível, marcante, figura de homem público com notável
bagagem de trabalho em prol da terra”, escreveu o jornalista Walter Tatoni.
Eleito vereador em duas legislaturas, em ambas foi conduzido ao cargo de presidente da Câmara. Foi voluntário na Revolução Constitucionalista de 1932 e serviu na Coluna Romão Gomes (Frente Mantiqueira). Trabalhou pela anexação da Vila Polar, que pertencia a Casa Branca até 1939, ao município de Vargem Grande, como juntou seus esforços aos
vargengrandenses que buscavam a instalação do primeiro ginásio estadual
(Alexandre Fleming) em 1950. Novaes ainda se empenhou pela instalação da Comarca de Vargem Grande do Sul, que não chegou a ver instalada, em 1969, e foi membro do conselho de contas da comissão de construção da atual Matriz de Sant´Ana em 1957/63.
Seus serviços aVargem Grande foram reconhecidos pelo título de Cidadão Vargengrandense, que recebeu em sessão solene da Câmara, em 18 de abril de 1964.
Seu engajamento e realizações não evitaram a decepção com a política. Segundo o filho, Washington Novaes, quando seu pai era presidente da Câmara, Novaes teve que assumir temporariamente a Prefeitura, ocasião em que participou de solenidade no Palácio do Governo, em São Paulo. “Nesta ocasião, presenciou o episódio que o faria abandonar a política e que o marcaria com certa amargura até a morte. Convidado ao Palácio dos Bandeirantes para uma solenidade ao lado do então governador Adhemar de Barros, sua referência política, ouviu,em tom de galhofa,

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da boca de seu ídolo e líder, a afirmação de que seu contador fugira com as sobras do caixa dois de sua última campanha. Retornou a Vargem Grande do Sul desiludido e anunciou à esposa que abandonaria a vida política”.
Henrique de Brito Novaes faleceu a 4 de maio de 1966 e seu nome foi dado a uma rua da cidade, no Jardim Pacaembu, e à escola de ensino fundamental na Vila Santana.


TERCEIRA LEGISLATURA
1956 a 1959

Nesse quadriênio, compuseram a Câmara de Vargem Grande do Sul os vereadores eleitos: Walter Tatoni, Antero Rodrigues do Patrocínio, Arlindo Carmineti, Antônio Longuini Neto, José Ferreira Varzim, Hermeti Piocchi de Oliveira, Turíbio dos Santos, Cândido Aleixo Pereira Neto (Zinho), Vicente Cipola, Genésio Cipola, Gabriel Mesquita, Antônio Garrido Garcia, José Médici, Felício Mizurini, Gregório Cruz, Osvaldo Ferreira e Militão Nogueira. O vereador Walter Tatoni é eleito presidente para os dois biênios, 1956/57 e 1958/59.
No país, a morte de Getúlio Vargas, que causara comoção nacional, foi sucedida pela bem-aventurança do governo de Juscelino Kubistchek, ex-governador do Estado de Minas Gerais. Eleito em 1955, Juscelino marca a história republicana com o seu carisma político e um programa de governo
de grandes transformações sociais e econômicas. Ele dá ênfase à industrialização do país e à internacionalização da economia. A construção de Brasília, capital do governo, no Planalto Central, nas linhas arrojadas do arquiteto Oscar Niemeyer, sinaliza as esperanças de um Brasil que busca o futuro e a modernidade.
Entre 1956 e 1959, Vargem Grande do Sul também segue para o futuro. Em 1958, é inaugurado o novo prédio da Escola Estadual Alexandre Fleming e, nesse período, também é concluído o prédio da Escola Estadual Gilberto Giraldi, primeira escola de bairro, na Vila Polar, durante a gestão do prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio.
No decorrer dos anos 1950, é inaugurado um novo cinema, o Cine Rio Branco (1953). Em 1956 é fundado o Clube XXI de Abril e inaugurado o prédio novo da Sociedade Beneficente Brasileira (SBB). As obras da atual Matriz de Sant´Ana começam em 1957.


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As indústrias cerâmicas, as fábricas de móveis e de enxadas e outras empresas respondem por números importantes da produção do município. Em 1958, Nestro Bolonha asquire e impulsiona a Cerâmica Vargengrandense, tornado-a umafábrica de pisos. Fechando a década, em 1959, vargengrandenses fundam o Tênis Clube, já escalando um notável time de nadadores, que trazem vários títulos para a cidade.


Walter Tatoni
1956 - 1959
1964 - 1965
Natural de Amparo (SP), nasceu a 2 de dezembro de 1904, filho dos imigrantes italianos Pedro Tatoni e Maria Nassaro Tatoni. Em 1914, a família muda-se para Vargem Grande, onde Walter começa a estudar e a trabalhar. Em Vargem, seu primeiro emprego é no jornal O Comércio, como aprendiz de tipógrafo e entregador. Em 1917, trabalha no jornal A Imprensa, de propriedade do capitão João Pinto Fontão e Lindolfo Barbosa. Na época, os jornais A Imprensa, O Comércio e o Vargem Grande tiveram importante participação na luta pela emancipação política do município.
Após a morte do pai, vítima da gripe espanhola de 1918, Walter vai trabalhar em São Paulo e retorna ao interior em 1923. Trabalha no jornal O
Município, de São João da Boa Vista e, depois, nas oficinas de O Tambaú, onde se
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inicia no jornalismo. Em Tambaú, casa-se com Maria Aparecida Castro dos Santos (dona Tita), em 1928, em cerimônia celebrada pelo Padre Donizetti Tavares de Lima. Desta união, nasce Pedro dos Santos Tatoni.
Em 1930, publica seu primeiro jornal em Vargem, O Liberal, e edita O Vargengrandense em 1938. Em 1947, reabre A Imprensa, que deixara de circular em 1937, adquirindo as oficinas do jornal em 1951. Sob sua direção, A Imprensa circulará até 1972, engajando-se nas principais causas do município e reunindo um grupo excepcional de cronistas. Em 1974, Walter Tatoni publica edição especial de A Imprensa, comemorativa do centenário da fundação de Vargem Grande, quando o jornal despede-se definitivamente de seus leitores. Walter Tatoni foi um dos fundadores da Associação Paulista de Imprensa (API).
Na vida política, participou do diretório municipal Chapa Única (1933), pró- reconstitucionalização do país, e do Conselho Consultivo Municipal (1935), órgão nomeado pelo governador, que substituiu as Câmaras Municipais fechadas por Getúlio Vargas.
Foi eleito vereador e secretário da Mesa da Câmara, nas eleições de 1936, até Getúlio Vargas dissolver novamente as câmaras em 1937, instaurando o Estado Novo. A convite do prefeito Edmundo Dante Calió, torna-se secretário da Prefeitura e da Junta de Alistamento Militar (1942 a 1950). Também substituiu o Executivo em mandatos de um mês, em 1944 e 1947. Udenista histórico, presidiu o diretório local da nião Democrática Nacional (UDN) desde sua fundação, em 1955. 53
Como vereador (1956/1959), foi eleito por unanimidade para presidir a Câmara em dois biênios consecutivos. Em 1963, é reeleito vereador e reconduzido à presidência da Casa (1964 a 1965).
Na vida em comunidade, participou de diretorias de entidades sociais como a Sociedade Humanitária (1955-1972), e apoiou a criação do Albergue Noturno Heitor de Andrade Fontão. Também foi grande incentivador da criação da Comarca de Vargem Grande do Sul.
Sócio-fundador do Rotary Clube em 1968, havia sido eleito para a diretoria da entidade, quando faleceu, em outubro de 1972. Em reconhecimento às muitas campanhas que empreendeu no interesse da coletividade, tanto no jornalismo como na política, Walter Tatoni recebeu o título de Cidadão Vargengrandense, proposto pelo então presidente da Câmara, professor Henrique de Brito Novaes.




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QUARTA LEGISLATURA
1960 a 1963

Nesse quadriênio, assumem seus mandatos os vereadores eleitos: Antero do Patrocínio Rodrigues, Antônio Avanzi Sobrinho, Cândido Aleixo Pereira Neto, Christiano Dutra do Nascimento, Gregório Pasquini, Geraldo Gadiani, Henrique de Brito Novaes, Janor Costa, Job Ferreira de Andrade, Lúcio Cossi, Laércio
Milan, Natalino Lopes Aliende e Pedro Ferrari.
Em 1962, com alterações na composição da Câmara, assumem também Vicente Cipola, Walter Tatoni, Alcino Alves Rosa e Luís Lodi Neto. Em 1963, entram Pedro Ferrari, Turíbio dos Santos e Evaristo Fortini. O professor Henrique de Brito Novaes é eleito presidente em 1960/1962.
Após uma carreira meteórica, Jânio da Silva Quadros vence as eleições para presidente da República em 1960, com quase seis milhões de votos. Assume a presidência em 31 de janeiro de 1961 e lança um programa anti-inflacionário, que previa a reforma do sistema cambial, com a desvalorização do cruzeiro em 100% e a redução dos subsídios às importações de produtos como trigo e gasolina. O plano fora aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), credenciando o governo à renegociação da dívida externa brasileira. Essa política teve um alto custo para a população, com o aumento do custo de vida e agravamento da situação social. Com a oposição dos partidos políticos dominantes, Jânio não conseguia aprovar os ajustes necessários na política e na economia. A sua política externa "independente" indicava a tentativa de aproximação comercial e cultural com os diversos blocos do mundo pós-guerra, o que provocou a desconfiança de setores que defendiam o alinhamento unilateral com os Estados Unidos.
A 25 de agosto de 1961, oito meses após tomar posse, Jânio renuncia. Com o vice-presidente João Goulart (Jango) em viagem à China, a renúncia principia uma grave crise política.
O cenário político de Vargem Grande do Sul também apresentava problemas. Embora o prefeito fosse pessoa estimada pela população, a administração municipal não seguia a contento e a Câmara, de mãos atadas, pouco podia fazer.
Questões de pouca complexidade clamavam por bom senso, como a superlotação das salas de aula do Grupo Escolar Benjamin Bastos, enquanto a Escola Gilberto Giraldi, recém-construída, permanecia fechada.


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A Escola Giraldi só foi aberta após muitos protestos de pais e professores, em 1961.
A Prefeitura atrasava pagamentos aos fornecedores e funcionários e não cumpria suas obrigações patronais. Os servidores municipais ficavam até seis meses sem receber salário, criando uma grave crise social. No plenário da Câmara, vereadores combatiam a administração, mas tinham poderes limitados. A gestão do prefeito dr.Gabriel Mesquita não termina bem.
Nesta legislatura foi inaugurado o novo prédio dos Correios (1961), a creche Clube das Mães (1962) e a nova Igreja Matriz de Sant´Ana (1963).


Laércio Milan
1962 a 1963

Nasceu a 19 de fevereiro de 1931, em Vargem Grande do Sul, filho de Arthur Milan e Maria Milan. Fêz seus primeiros estudos no Grupo Escolar
Benjamin Bastos, cursando os demais ciclos no Colégio Marista de Poços de Caldas (MG). Diplomou-se em Odontologia pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e, posteriormente, cursou Direito na Fundação de Ensino Octavio Bastos de São João da Boa Vista, integrando a primeira turma de formandos daquela escola. Todavia, não exerceu as profissões em que se graduara na universidade, optando por trabalhar nos negócios de sua família: a administração da fazenda e o comércio de café. 55
Eleito vereador para a legislatura de 1960 a 1964, presidiu a Câmara no biênio 1963/1964, e, nas várias ausências do prefeito da época, assumiu temporariamente as funções do Executivo.
Incentivador dos esportes, Laércio Milan colaborou com a fundação e a construção do Tênis Clube Vargengrandense, inaugurado em 1959. Faleceu em 12 de dezembro de 2000.






(FIM do material já revisado por Ana Lúcia Junqueira e já diagramado)


Página 56









A seguir vem a 5ª. Versão do texto, modificado por Totonho a partir de “Regime Militar”(05.11) e atualizada em 06.11





A queda de João Goulart
1964

Após a renúncia de Jânio Quadros em 1961, a posse do vice-presidente eleito, João Belchior Marques Goulart, é questionada por setores políticos, Forças Armadas e associações de classe. Havia receio de que Goulart, que foi ministro do Trabalho de Getúlio Vargas e muito ligado ao CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), órgão dominado pelo Partido Comunista Brasileiro, implantasse uma república sindicalista no Brasil.
Mas, João Goulart toma posse em 7 de setembro de 1961, com apoio da ala legalista do Exército após fazer concessões: concorda com a adoção do parlamentarismo, regime no qual o presidente da República é apenas chefe de Estado e quem governa a nação é um Primeiro Ministro eleito pelo Parlamento. Implantado às pressas, sem o respaldo da sociedade, o parlamentarismo fracassou e o país voltou ao presidencialismo em 1963, após plebiscito.
A política econômica de João Goulart não produz resultados, o país entra em crise e multiplicam-se as greves. Uma sequência de eventos em março de 1964 agrava a crise política. No dia 13, em comício na Central do Brasil, Goulart fala de reformas de base através de projetos de lei que enviaria ao Congresso, tais como reforma agrária, remessa de lucros, estatizações, entre outros, e esbravejava que se os projetos não fossem aprovados dentro da lei seriam aprovados “na marra”, incitando o povo à rebeldia. No dia 19 de março de 1964, uma das maiores demonstrações populares, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, percorreu as ruas de São Paulo em direção à Catedral da Sé, com cerca de um milhão de pessoas. A manifestação foi uma resposta da população civil ao restabelecimento da ordem e dos valores cívicos ameaçados. No dia 25 de março, um grupo de marinheiros liderados por José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, reune-se no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, provocando quebra da hierarquia militar na Marinha. No dia 30, o presidente da República compareceu a uma assembleia no Automóvel Clube do Rio de Janeiro, que reuniu 2000 sargentos, e ouviu passivamente os discursos inflamados que atentavam contra a hierarquia e disciplina militar, e discursou incitando os sargentos à desobediência da legalidade. No dia 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. Apesar de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu.
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EDITORIAIS DE AlGUNS JORNAIS NOS DIAS QUE ANTECEDERAM A DEPOSIÇÃO DE JOÃO GOULART

“Quando o chefe do Executivo se permite, nas praças públicas, fazer a apologia da subversão e incitar as massas contra os poderes da República que lhe estorvam a marcha para o cesarismo, pode-se afirmar que a ditadura, embora não institucionalizada, é uma situação de fato.”
(O Estado de São Paulo, 14/03/1964).

“Agora se decidirá se nós conseguiremos superar a terrível crise provocada pela inflação, pelos desajustes sociais, pelo descalabro econômico-financeiro, sem perda de nossas instituições livres, ou se ao contrário, uma ditadura esquerdista se apossara do País, graças, principalmente, ao enfraquecimento e progressivo desaparecimento das Forças Armadas...”
(O Globo, 31/03/1964)

“Chegaria o dia em que o Brasil, sem reação e sem luta, se transformaria em mais um Estado Socialista. Aí, todos diriam que desaparecera a legalidade democrática, mais ninguém mais teria como recuperar as perdidas liberdades e franquias, pois já estaria instalado o terror policial e quem sabe? Em funcionamento os pelotões de fuzilamento, segundo o modelo cubano. Como dissemos muitas vezes, a democracia não deve ser um regime suicida que dê a seus adversários o direito de trucidá-lo, para não incorrer no risco de ferir uma legalidade que esses adversários são os primeiros a desrespeitar.”
(O Globo, 31/03/1964).

“O presidente da República sente-se bem na ilegalidade.
Está nela e ontem nos disse que vai continuar nela, em atitude de desafio à ordem constitucional, aos regulamentos militares e ao Código Penal Militar. Ele se considera acima da lei. Mas não está. Quanto mais se afunda na ilegalidade, menos forte fica a sua autoridade. Não há autoridade fora da lei. E, os apelos feitos ontem à coesão e à unidade dos sargentos e subordinados em favor daquele que, no dizer próprio, sempre esteve ao lado dos sargentos, demonstra que a autoridade presidencial busca o amparo físico para suprir a carência de amparo legal. Pois não pode mais ter amparo legal quem no exercício da República, violando o Código Penal Militar, comparece a uma reunião de sargentos para pronunciar discurso altamente demagógico e de incitamento à divisão das Forças Armadas”
(Jornal do Brasil, 31/03/1964).

“Fora. 58
A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do governo. Chegou ao limite a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart senão a de entregar o governo ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: saia. Durante dois anos, o Brasil agüentou um governo que paralisou o seu desenvolvimento econômico, primando pela completa omissão o que determinou a completa desordem e a completa anarquia no campo administrativo e financeiro. Quando o Sr. Goulart saiu de seu neutro período de omissão foi para comandar a guerra psicológica e criar o clima de intranqüilidade e insegurança que teve o seu auge na total indisciplina que se verificou nas Forças Armadas. Isso significou e significa um crime de alta traição contra o regime, contra a República que ele jurou defender (...) O Sr. João Goulart não pode permanecer na Presidência da República, não só porque se mostrou incapaz de exercê-la como também porque conspirou contra ela como se verificou pelos seus últimos pronunciamentos e seus últimos atos (...) A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nós continuaremos a defendê-la.”
(Correio da Manhã, 01/04/1964).

“Quem estimula a indisciplina de marujos e fuzileiros e depois os transforma em bandidos e em seguida em pobres diabos pilhados em flagrante? A partir de 13 de março o Sr. João Goulart tem injuriado muitos, em muito pouco tempo. Agora, ao que tudo indica, já lhe resta muito pouco tempo para injuriar quem quer que seja.”
(Jornal do Brasil, 01/04/1964).


O REGIME MILITAR
1964 a 1985

O general Humberto de Alencar Castelo Branco foi eleito presidente da República através de um Colégio Eleitoral e foi empossado em 15 de abril de 1964. Ele colocou a casa em ordem, nomeando um ministério com profissionais competentes que prepararam o Brasil para o crescimento que viria acontecer nos próximos anos.
O general Castelo Branco editou os seguintes Atos Institucionais:
. Ato Institucional nº 2 (AI-2). Em 27/11/1965, declarou extinto o pluripartidarismo e criou dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
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. Ato Institucional nº 3 (AI-3) – Em 05/02/1966, estabeleceu eleições indiretas para governadores, que seriam eleitos pelas Assembleias Legislativas.
. Ato Institucional nº 4 (AI-4) – Em 07/12/1966, instituiu a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, para votar a Constituição que entrou em vigor em janeiro de 1967.
Entre várias medidas de seu governo estão a criação do Serviço Nacional de Informações (SNI), sob a chefia do general Golbery do Couto e Silva; a
criação do Banco Central do Brasil e do Banco Nacional de Habitação (BNH) para aquisição de moradias pelos brasileiros de menor renda.
O governo Castelo Branco também criou o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e o Estatuto da Terra; e unificou os Institutos de Previdência Social, criando o INPS, atual INSS.
Ainda em seu governo a moeda (Cruzeiro) foi mudada para Cruzeiro Novo e foi instituída a correção monetária, para atualizar o poder aquisitivo da moeda nacional.

QUINTA LEGISLATURA
1964 a 1969
Em 1º. de janeiro de 1964, tomam posse na Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul os vereadores eleitos: Walter Tatoni, Sebastião Navarro, Alcino Alves Rosa, Arlindo Carminetti, Germano Kemp, Janor Costa, João Cipola, João Gasparini Filho, José Ribeiro de Andrade, José Aleixo e Osvaldo Marti Cavalheiro.
Em 1965, os vereadores José Ribeiro de Andrade e Germano Kemp se licenciam, assumindo seus suplentes, Alfeu Rodrigues do Patrocínio e Homero Corrêa Leite.
O vereador Walter Tatoni é eleito presidente para o primeiro biênio (1964/65) e Sebastião Navarro para o segundo (1966/68).
Logo que assume a Prefeitura em 1° de janeiro de 1964, o empresário e prefeito eleito Nestor Bolonha depara-se com o caos administrativo, herança deixada pelo seu antecessor. Forma-se uma comissão de vereadores e membros da sociedade (Walter Tatoni, Antônio Coury, Ângelo Cipola, entre outros) para uma auditoria no Departamento Financeiro da Prefeitura. O presidente da Câmara contrata o contador Walter Filippini para secretariar os serviços.
Em junho, a Câmara reprova as contas do Executivo, dos anos de 1962 e 1963, autorizando a Prefeitura a constituir advogado para ajuizar ações contra os responsáveis, e obter reparação de danos causados ao erário público. O tesoureiro da Prefeitura foi responsabilizado pelas irregularidades encontradas, conforme processo transitado em julgado na Justiça.
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Nos primeiros meses deste governo, as folhas de pagamento do funcionalismo foram pagas com recursos pessoais do prefeito Nestor Bolonha e do vice-prefeito Ivo Rodrigues, conforme relatos de Antônio Coury em entrevista à Gazeta de Vargem Grande e de funcionários da época.
Em 30 de novembro de 1965 é fundado o Sindicato Rural Patronal de Vargem Grande do Sul e em1968 é fundado o Rotary Clube de Vargem Grande.
No país, a resistência armada ao regime militar parte de dissidentes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) liderados por Carlos Marighella, que cria grupos recrutados entre jovens univesitários com a intenção de implantar no Brasil um regime socialista, igual ao de Cuba de Fidel Castro. As chamadas guerrilhas urbanas assaltam bancos, promovem atentados e sequestros e serão desarticuladas após muitas prisões. A luta inicial, na falsa crença de que o povo acompanharia este movimento, é reorientada para a libertação dos guerrilheiros presos, muitos trocados pelos sequestrados da guerrilha, antevendo a derrota final.


Sebastião Navarro
1966 a 1968 – 1972
1973 a 1974

Servidor público, foi vereador três vezes eleito e presidente da Câmara de Vargem Grande do Sul nas legislaturas de 1966 a 1968 e de 1973 a 1975.
Natural de Mococa (SP), era filho de Francisca da Silva e Luiz Navarro Júnior. Em 1933, casou-se com Maria Busato Navarro e tiveram os filhos: Luiz Ricardo, Sally, Humberto Paulo e Fernando. 61
Foi membro de diretorias e conselhos de entidades filantrópicas e associações recreativas e esportivas, prestando relevantes serviços ao município.
No Legislativo exerceu vários cargos da Mesa Diretora e nas comissões permanentes, sempre com a retidão e a seriedade próprias de seu perfil.
Segundo a ex-vereadora Beatriz Defácio Corrêa Leite, que conviveu com Sebastião Navarro, os colegas o tratavam pelo respeitoso apelido de “Professor”, uma deferência aos seus amplos conhecimentos do processo legislativo e da administração pública.
Vereador assíduo e pontual, sempre priorizando seu trabalho no Legislativo, morreu trabalhando, vítima de infarto, às 21h30 de 18 de junho de 1979, enquanto redigia um parecer na Sala dos Vereadores. Tinha 74 anos. Seu corpo foi velado no
auditório da Câmara e, em sua homenagem, o plenário da Casa de Leis passou a ser denominado Plenário Sebastião Navarro.


UM PAÍS SOB O AI-5

Eleito pelo Colégio Eleitoral, o general Arthur da Costa e Silva assume a presidência em março de 1967. Em março de 1968, um estudante é morto em confronto com a PM num restaurante univesitário no Rio. Começam as passeatas de protesto em todo o país, que culminam com a Marcha dos Cem Mil em 26 de junho de 1968 no Rio de Janeiro, que pede o fim do regime militar e uma nova Constituição. Ações armadas da guerrilha matam um soldado em São Paulo e um militar estrangeiro.
O presidente Costa e Silva reforça a doutrina da segurança nacional, alegando a ameaça comunista, e decreta o AI-5, Ato Institucional n° 5, em 13 de dezembro de 1968, que atenta contra todas as garantias do Estado Democrático e amplia os poderes do Estado.
Com o AI-5, o governo pode fechar o Congresso e outras casas legislativas, decretar o estado de sítio no país, intervir nos Estados e Municípios. O decreto suspende a garantia do habeas-corpus para acusados de crimes políticos, contra a segurança nacional, entre outros. Pelo AI-5, qualquer cidadão pode ter seus direitos políticos cassados por 10 anos, e os parlamentares, seus mandatos cassados. O decreto também autoriza a aplicação de medidas de segurança, como liberdade vigiada, restrição ao direito de se reunir, ir e vir. Juízes e outros servidores públicos podem ser aposentados e afastados dos cargos. O AI-5 instaura a censura na imprensa e nas artes em geral.
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Sob os dez anos de vigência do decreto, 454 políticos tiveram mandatos cassados ou direitos suspensos, o goveno puniu dois ministros do Supremo Tribunal Federal, aposentou 548 servidores civis, demitiu mais de 300 e afastou 241 militares. A censura vetou 500 filmes, 450 peças de teatro e 500 letras de música, conforme reportagem especial do jornal O Estado de São Paulo – “AI-5, A Liberdade Assassinada”, de 07.12.2008. Com a censura à imprensa, cidadãos não podiam saber o que ocorria no governo; muitos jornalistas foram presos. Presos políticos de esquerda foram torturados. O Estado era a lei.
Há quem diga que o AI-5 foi uma medida duríssima, mas necessária na época e dão como exemplo a Colômbia, que respeitou a plena cidadania, mas está correndo, até os dias de hoje, atrás dos guerrilheiros terroristas e sequestradores que posteriormente se transformaram em narcotraficantes.

SEXTA LEGISLATURA
1969 a 1973

Nessa legislatura, assumem os vereadores: Aristóteles Dias de Carvalho (Tóte), Francisco Barticioti Júnior, Janor Costa, José Aleixo, João Kemp, Oscar Martins Castroviejo, Roberto Alexandre Ferrari, Sebastião Navarro, Turíbio dos Santos e Walter Filippini. No primeiro biênio Walter Filippini é eleito presidente, seguido por João Kemp, que ficou até agosto de 1971, quando se licenciou e foi substituído por Sebastião Navarro.
A Câmara inicia seus trabalhos sob a vigência do AI-5, que autoriza cassações de mandatos políticos, censura, prisões e outros atos, que vão caracterizar o poder repressivo da ditadura militar no Brasil.
Um episódio, envolvendo a Câmara de Vargem Grande, ilustra os efeitos da repressão. Como presidente da Câmara, no biênio 1969/70, o vereador Walter Filippini, cumpriu o Regimento Interno da Casa e cassou os mandatos de dois
vereadores, que haviam faltado a várias sessões seguidas sem apresentar justificativas, norma em vigor até hoje. Logo depois, Walter foi chamado à Capital por um representante do governo militar. Na ocasião, foi inquirido sobre o motivo da cassação dos vereadores vargengrandenses, tendo que insistir muito sobre a questão regimental que motivara a cassação dos mandatos. O militar insistiu na possibilidade de os vereadores terem sido cassados em função de práticas contra o governo (subversão) e só se convenceu da cassação regimental quando Walter apresentou o Regimento Interno da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul.
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Em 1969, assume o governo o general Emílio Garrastazu Médici, eleito pelo Colégio Eleitoral. Médici é identificado com o período mais violento do regime, fase que coincide com o chamado “milagre econômico” (1968 a 1973), quando o país alcança suas maiores taxas de crescimento anual. O Brasil atrai capital estrangeiro e o incentivo à produção industrial e agrícola é grande.
O presidente Médici promove grandes obras: constrói 15 hidrelétricas, entre elas, Ilha Solteira e Urubupungá, que geram 15,8 milhões de KW; constrói as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte, a Ponte Rio-Niterói e a Ponte Fluvial de Santarém. Cria o Provale e o Prodoeste, o Plano de Integração Social (PIS), o Programa de Aposentadoria do Trabalhador Rural e o Proterra.
Em seu governo é criada a Embratel e o sistema de TV a cores; a Petrobras começa a explorar a plataforma marítima e são asfaltadas grandes rodovias como a Belém-Brasilia e a Belém-São Luís. Ainda neste governo, sob a gestão do ministro da Educação Jarbas Passarinho, o número de universitários aumenta sete vezes, de 60.000 para 450.000 estudantes.
Médici dá início à que seria a grande obra dos governos militares, a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, inaugurada em 5 de novembro de 1982 pelo general João Batista Figueiredo e o general Alfredo Stroessner, presidente do Paraguai.
Élio Gaspari, um dos maiores críticos dos governos militares, escreve na página 133 do seu livro A Ditadura Escancarada: “O presidente Médici governou o País em silêncio, lendo discursos escritos pelos outros, sem confraternizações sociais, implacável com mexericos, passou pela vida pública com escrupulosa honorabilidade pessoal. Da Presidência tirou o salário de Cr$ 3.439,98 líquidos por mês (equivalente a 724 dólares na época) e nada mais. Adiou um aumento da carne para vender na baixa os bois de sua estância e desviou o traçado de uma estrada para que ela não lhe valorizasse as terras. Sua mulher decorou a granja oficial do Riacho Fundo com móveis usados recolhidos nos depósitos do funcionalismo de Brasília.”

Walter Filippini
1969 a 1970

Filiado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido de Alfeu Rodrigues do Patrocínio, Walter Filippini é eleito vereador e presidente da Câmara Municipal no biênio de 1969/1970.
Nasceu a 4 de abril de 1928, no distrito de Posse de Ressaca, hoje município de
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Santo Antônio de Posse (SP), filho de Dolores Stefanini e do guarda-livros Luiz Filippini. São seus irmãos: Gumercindo, Edmur, Neli, Edite, Iracema Gilioli e Ivonete Bedin.
Em 1938, a família mudou-se para Vargem Grande do Sul, onde o pai veio gerenciar uma filial da Casa Finazzi. Em Vargem, Walter prosseguiu seus estudos e ajudava seu pai, enquanto aprendia escrituração contábil. Trabalhou e estudou com o professor Alcino Alves Rosa, cursando a Escola de Comércio e, formado em Contabilidade, foi contador de empresas até 1960, quando abriu seu escritório de contabilidade.
Filippini foi um dos sócios-fundadores do Tênis Clube (1959) e do Rotary
Clube de Vargem Grande (1968), participou da diretoria da Sociedade Humanitária e presidiu a Sociedade Beneficente Brasileira-SBB (1966-1967).
Entusiasta dos esportes, defendeu a Associação Atlética Vargeana, como atleta amador e profissional, e participou da fundação do Rio Branco.
Em 1953, casou-se com Olga Ferreira, falecida em 1989, e tiveram os filhos: Luis Ricardo, José Renato e Rita de Cássia. Em 1972, a família mudou-se para Casa Branca, onde Walter Filippini adquiriu escritório de
contabilidade, preservando em Vargem Grande do Sul seus amigos e familiares.
Em depoimento a esta História da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, Walter Filippini revelou ter sido mais homem de partido do que político com ambições pessoais. Candidatou-se a vereador a pedido de Alfeu Rodrigues do Patrocínio, que disputava o seu segundo mandato para prefeito. Ambos foram eleitos.
À época de seu mandato, os vereadores não eram remunerados, cabendo uma verba de representação apenas ao presidente da Câmara, que ele não usava, optando por viajar com recursos próprios quando tinha de representar o prefeito em órgãos do governo.
A seu tempo, poucas verbas vinham do governo federal e estadual e as receitas para administrar o município eram geradas na própria cidade, com os recursos de impostos e taxas municipais. Assim, vereadores e prefeitos trabalhavam juntos para manter receitas e despesas equilibradas.
Walter Filippini faleceu em Casa Branca em .................., meses após ter deixado seu depoimento para esta História da Câmara.
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João Kemp
1971

Filho de Brígida e Germano Kemp (ex-prefeito de Andradas), veio com sua família de Andradas (MG) para Vargem Grande do Sul no início dos anos 50.
Em Vargem Grande, seu pai, o industrial Germano Kemp, adquiriu a
Fábrica de Enxadas Paulista, localizada na Rua Maneco Nogueira. A empresa prosperou, chegando a empregar os membros da família e mais 32 operários, com produção de 3.200 enxadas/dia. Posteriormente, Germano Kemp foi eleito vereador e participou da legislatura de 1964 a 1969 da Câmara de Vargem Grande do Sul.
Ainda adolescente, João Kemp foi trabalhar com Theodoro Bergander, na Fábrica de Bombas Thebe, empresa que adquiriu após o falecimento de seu fundador e proprietário. Manteve a Thebe, ampliando sua produção, até 1973, quando vendeu a empresa.
Casou-se em primeiras núpcias com a professora Ivete Silva, com quem teve os filhos João, Kênia, Brigina e Ernesto.
Grande empreendedor e respeitado na comunidade vargengrandense, João Kemp acabou aceitando o desafio da vida política. Eleito vereador para o mandato de 1969 a 1972, foi eleito presidente para o biênio 1971/1972. No ano seguinte, mudou-se para Campinas e, posteriormente, instalou-se em Recife (PE), onde residiu por muitos anos, ali casando-se pela segunda vez e criando seus filhos do novo casamento. Faleceu em Recife.
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Após muitas lutas, em 10 de janeiro de 1969 é instalada a Comarca de Vargem Grande do Sul, tendo como seu primeiro juiz, dr. Carlos Roberto Gonçalves e como seu primeiro promotor o dr. Armando Nogara.
Em 1971, o município inaugura a Escola Estadual Professor Francisco Ribeiro Carril e em 1973 é fundado o CPDEX-Escola de Educação Especial José de Anchieta.
No início dos anos 70, Vargem Grande do Sul vive período de grande impulso industrial. Além da Cerâmica Vargengrandense, com cerca de 500 empregados, que chegou a exportar parte de sua produção para alguns países vizinhos, outras também começam a prosperar. Neste mesmo período começam a ser cultivadas as terras improdutivas dos campos e cerrados vargengrandenses, gerando empregos, movimentando o comércio e proporcionando significativo aumento nas receitas do município. A cidade atrai novos moradores, vindos de cidades vizinhas, provocando uma acentuada expansão demográfica na sua área urbana.
Na gestão do prefeito Huber Brás Cossi (1970/1974) é implantado o primeiro Parque Industrial de Vargem Grande do Sul, onde se estabelecem empresários antigos, que ampliam suas instalações, e também novas empresas de vários ramos.
A festa do Centenário de Vargem aconteceu na sua gestão, marcada por grandes festividades. Huber preocupava-se também com a cultura popular e uma de suas iniciativas foi a realização da primeira Romaria dos Cavaleiros de San´Ana, que vem crescendo e melhorando sua qualidade ano a ano, com o povo participando e gostando cada vez mais.


SÉTIMA LEGISLATURA
1973 a 1977

Nessa legislatura assume a primeira mulher eleita vereadora em Vargem Grande do Sul, a professora Beatriz Defácio Corrêa Leite. Com ela, são diplomados os demais vereadores eleitos: Janor Costa, Jesus Simões Botelho, José Fernandes Toledo, José Aleixo, Oscar Martins Castroviejo, Roberto Alexandre Ferrari, Roberto Fermoselli, Sebastião Navarro, Turíbio dos Santos e Vicente Cipola. O vereador Sebastião Navarro assume a presidência no biênio 1973/74, seguido do advogado Roberto Alexandre Ferrari (1975/76).
(aqui entra biografia do vereador Roberto Alexandre Ferrari)

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O voto feminino

As lutas pelo voto feminino nascem na Inglaterra e Estados Unidos no século XIX e, no Brasil, alcançam os tempos do Império e do início da República, quando a dentista Isabel de Matos Dilon, de Campanha de Princesa (MG), não apenas quer votar como também eleger-se para a Constituinte de 1891; é vetada pelo regulamento eleitoral.
As primeiras sufragistas brasileiras, a advogada Myrtes de Campos e a professora Leolinda Daltro buscam, em vão, o direito ao voto. Mas é com a paulista Berta Lutz (1894-1976) que o movimento ganha corpo, com a fundação de várias entidades pelo voto e emancipação da mulher.
A mulher brasileira só conquista o direito ao voto no Código Eleitoral de 1932, direito apoiado por Alzira Vargas, filha e assessora do presidente Getúlio Vargas. A primeira mulher candidata é a paulista Carlota Pereira de Queirós, única mulher eleita para a Constituinte, que assume seu mandato em 1936.
Embora a mulher, hoje, represente a maioria no eleitorado brasileiro, é minoria no Congresso Nacional e nas câmaras municipais. Um dos maiores avanços para sua participação política veio na Lei 9.100/1995, de iniciativa
da deputada federal Marta Suplicy, que fixou o mínimo de 20% de vagas para candidatas mulheres nas eleições proporcionais em níveis federal, estadual e municipal. No ano seguinte, a cota foi revisada para 30% e mantida na Lei das Eleições, de 1997.
Em 31 de outubro de 2010, a economista Dilma Rousseff é eleita presidente, primeira mulher brasileira a alcançar este posto na história da República.

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Neide Castilho, Beatriz Defácio Corrêa Leite e Maria Pereira da Fonseca

Em 88 anos de município, Vargem Grande do Sul elegeu apenas quatro vereadoras: Beatriz Defácio Corrêa Leite, Maria Pereira da Fonseca (Dona Zinha), Neide Fonseca Castilho e, na atual legislatura, Sandra Regina da Silva Picinato.
Em 8 de março de 2010, Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal homenageou as ex-vereadoras, que foram saudadas pelo presidente da Câmara, vereador Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro: “As três homenageadas na presente solenidade, Dona Beatriz, Dona Zinha e Dona Neide, são mulheres que já eram realizadas na sua vida profissional, mães e esposas exemplares, eram mulheres atuantes na nossa sociedade, mas aceitaram o desafio de concorrer e exercer cargos eletivos de vereadores, um meio, até então, tradicionalmente masculino. Elas trouxeram para a Câmara, o olhar feminino, a intuição feminina, a inteligência, perspicácia e sensibilidade da mulher.”





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Roberto Alexandre Ferrari
1975 a 1976

Nascido em Vargem Grande do Sul, a 25 de junho de 1940, era filho do contador Alcino Ferrari, que também foi vereador nos anos 50, e de dona Julieta Bedin Ferrari. São seus irmãos o advogado Ivo Antônio Ferrari, a professora Cleide Ferrari Navarro e a professora Zuleica Ferrari Ferreira. Formou-se em Direito na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas em 1966.
Em 1969, casou-se com Vera Lúcia Aparecida Bartichoti, e desta união nasceu Marcus Vinicius Bartichoti Ferrari. Regressando a Vargem Grande do Sul, abre seu escritório de advocacia e começa a participar ativamente da política local. Elege-se vereador em 1969, sendo reeleito para outro mandato, até 1977.
Durante sua carreira de advogado, lutou pela instalação de uma subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Vargem Grande do Sul, que dependia de São João da Boa Vista. Conseguiu ver este sonho realizado, logo após a instalação da Comarca de Vargem Grande do Sul, em janeiro de 1969. Presidiu a 123ª subsecção da OAB, entre os anos de 1984 a 1991. Encerrou sua carreira em 1992, por motivo de doença que o vitimou a 27 de março de 1995.


ABERTURA POLÍTICA

O general Ernesto Geisel, eleito pelo Colégio Eleitoral em 15 de outubro de 1973, toma posse em 15 de março de 1974 anunciando a abertura política com distensão lenta, gradual e segura.
Recebeu o governo com a guerrilha urbana bem atenuada, com as organizações marxista-leninistas, que optaram pela luta armada, militarmente derrotadas e politicamente desarticuladas.
Sua visão das conseqüências da crise internacional do petróleo o levou a criar o programa Proálcool, e a assinar acordo nuclear com a Alemanha para construção de usinas nucleares (até agora Angra l). A indústria petroquímica quase inexistente, foi ampliada e consolidada para suprir o mercado interno.
A crise do petróleo e a recessão mundial interferiram na economia brasileira e o grande crescimento na época, chamado de milagre econômico, amainou-se.
No início de 1974 havia terminado o prazo de suspensão dos direitos políticos dos primeiros cassados pelo AI-1 em 1964, e foi permitida a propaganda eleitoral, inexistente desde a edição AI-5. Com isso o MDB (Movimento

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Democrático Brasileiro) obteve expressivas vitórias em alguns Estados, aumentando seu cacife político. Começa o programado retorno à democracia, idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva, autor intelectual da abertura política.
Com as mortes do jornalista Vladimir Herzog em 25 de outubro de 1975 e do operário Manuel Fiel Filho, três meses depois, nas masmorras do DOI-CODI em São Paulo, Geisel demite o comandante do II Exécito general Ednardo D’Ávila Melo e começa a enquadrar a linha dura das Forças Armadas, atitude que recebeu elogios do cineasta Glauber Rocha, já falecido. Em 12 de maio de 1977, Geisel demitiu o ministro do Exército, general Silvio Frota, outro linha dura e surpreendentemente convidou para o seu lugar o comandante do III Exército, general Bethlem, que havia criticado tempos atrás o seu governo.
Geisel continuava a preparar a volta à normalidade democrática. Em 31 de dezembro de 1978, revogou o AI-5, dando um grande passo para a redemocratização do País, restabelecendo todas as liberdades fundamentais, inclusive a liberdade de imprensa.
Em Vargem, na década de 1970, ocupou a Prefeitura o sr. Homero Corrêa Leite, casado com a professora Beatriz Defácio Corrêa Leite, a primeira vereadora de Vargem Grande do Sul. O prefeito Homero era dotado de muita bondade e espírito público. Fez uma excelente administração, realizando várias obras, entre elas, a Cohab I (176 casas bem construídas), asfalto, água nos bairros, Velório Municipal (de muita utilidade pública), entre outras. Ficou marcado também pelo grande zelo que tinha para com as estradas rurais. Seu mandato foi de seis anos (1976-1981).
O general João Batista Figueredo, eleito pelo voto indireto a presidente da República, toma posse em 15 de março de 1979. Ele dá continuidade à transição para o governo civil e sanciona a Lei da Anistia em 1979, que permite a volta de políticos exilados e a restauração de seus direitos. Ainda em seu governo, surgem novos partidos, como o PDS, que abriga boa parte da antiga ARENA, e o PMDB, que recebe os quadros do ex-MDB. Ao centro e à esquerda, velhos e novos partidos, entre eles o PP, o PTB, o PDT e o PT.
A direita e a ala dura do Exército, desautorizadas e sem espaço, respondem à abertura política com atentados à bomba na sede da OAB e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Em 1980, a bomba levada para o Riocentro, no Rio, onde acontecia um show de 1º de Maio, explode dentro de um carro no colo do sargento

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Guilherme Pereira do Rosário, matando-o na hora, e ferindo gravemente o capitão Wilson Luís Alves Machado.
Ainda assim, o processo da abertura política segue em frente. Afinal, o general Figueiredo tomara posse jurando fazer do Brasil uma democracia. E em relação àqueles que eventualmente estivessem contra a abertura política, Figueiredo declarara, com seu jeito peculiar: “Eu prendo e arrebento”.
A transição caminha bem, mas o Brasil vai mal, já em estado de recessão, com inflação em alta, e negociando penosos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).


OITAVA LEGISLATURA
1977 a 1982

Nessa legislatura, em que lei federal prorrogou os mandatos por dois anos, foram vereadores: Arthur Bolonha, Fausto Ferraz, Francisco Maldonado João, Hidelberto Geremias, Idevaldo Nora, José Fernandes Toledo, José Maria Siqueira, Jesus Simões Botelho, Nestor Bolonha, Osvaldo Pereira, Pedro Cipola, Roberto Fermoselli e Sebastião Navarro. Em 1979, assumem os suplentes: Ismael Lodi e Oscar Castroviejo Martins. No período, a Câmara teve três presidentes: José Fernandes Toledo (1977/78), Osvaldo Pereira (1979/80) e Jesus Simões Botelho (1981/82). Até o ano de 1977, os vereadores não ganhavam para desempenhar suas funções, era cargo meramente honorífico.
Neste período, os vereadores passam a analisar com mais freqüência projetos de leis referentes a novos loteamentos; era a expansão imobiliária que acompanhava o crescimento populacional e econômico do município. A Câmara se preocupou com leis de zoneamento e plano diretor de desenvolvimento, que ordenassem o crescimento urbano. São dessa legislatura, e ainda estão em vigência, o Código de Obras e o Código de Posturas do Município.
Em 27 de janeiro de 1980 é fundada a Associação Comercial e Industrial (ACI) de Vargem Grande do Sul.
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José Fernandes Toledo
1977-1978 e 1983-1984

José Fernandes Toledo, natural de Carvalhos (MG), nasceu a 3 de agosto de 1927, filho de Autídio Fernandes e Maria Isabel Toledo. Casou-se com Lourdes Américo Fernandes, com quem teve cinco filhos: Alex Justino, José Tarcísio, dr. Valério Sebastião, Maria Isabel e Cristiane. Foi eleito vereador para três mandatos, o primeiro iniciado em 1973 e findo em
1976. Em seguida, reelegeu-se para a legislatura de 1977 a 1982 (as eleições municipais previstas para 1980, foram prorrogadas para 1982); e também para seu último mandato, de 1983 a 1988 (eleições também prorrogadas).
Na edilidade, José Fernandes Toledo se “propôs a colaborar com a administração municipal, em tudo que resultasse na melhoria da qualidade de vida da população, consolidando o progresso, o desenvolvimento e a evolução do município. Esteve permanentemente à disposição dos munícipes, tentando atender suas reivindicações”, conforme ele declarou ao anuário Forças Vivas da Nação, tomo III, 1983.
José Fernandes Toledo faleceu em Vargem Grande do Sul em 29 de novembro de 1986. Aqui residem sua esposa, filhos, netos e bisnetos.




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Osvaldo Pereira
1979-1980

Vargengrandense, nasceu a 3 de maio de 1939, filho de José Cândido Pereira (Zé Candinho) e Adalgisa Patarro Pereira. É casado com Irienes Milan Pereira e são pais de Adalgisa, Cristina e Osvaldo.
Formado em Odontologia, aposentou-se como odontopediatra do Estado, e há 50 anos leciona na Escola Dom Pedro II, onde começou como professor voluntário. Estudioso da História e da Heráldica, realizou detalhadas pesquisas sobre as origens de Vargem Grande do Sul e desenhou o brasão e a bandeira do município, trabalhos selecionados em concurso realizado pelo prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio em 1972, no Sesquicentenário da Independência do Brasil. A 8 de março de 1972 foi promulgada a Lei Municipal nº 744, que instituiu o Brasão das Armas do Município de Vargem Grande do Sul e, meses depois, foi instituída a Bandeira do Município.
Eleito para a legislatura de 1976 a 1980, que teve mandatos prorrogados até 1983, Osvaldo Pereira exerceu a presidência da Câmara no biênio 1979/80, quando era prefeito o engenheiro Homero Corrêa Leite (1977 a 1983). Na época, a maioria dos vereadores eleitos eram de oposição ao Executivo, e exercer a presidência da Câmara exigia muita diplomacia, sem barganhas políticas, e disposição para os debates visando ao consenso. “Nada que fosse benéfico ao município deixou de ser aprovado”, declarou o professor
Osvaldo a esta História da Câmara. No final de sua presidência, os ânimos foram se abrandando e no encerramento, uma confraternização marcou uma legislatura de muitos debates, próprios do exercício democrático.
Durante sua presidência o prédio da Câmara recebeu nova pintura, foi licitada a compra de ventiladores e as sessões passaram a ser gravadas, para posterior transcrição em atas. No final de cada ano, o saldo remanescente das receitas (duodécimo) da Câmara era repassado ao Executivo, com a recomendação de que fosse distribuído entre as entidades sociais, um sugestão sempre implementada pelo prefeito Homero.
Para Osvaldo Pereira, um dos momentos mais marcantes e dramáticos em seu mandato, foi a morte do vereador Sebastião Navarro, durante a sessão legislativa de 18 de junho de 1979.
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Jesus Simões Botelho
1981-1982

Nasceu em Vargem Grande do Sul, a 25 de agosto de 1927, filho de Francisco Simões Botelho e Palmira Alves Botelho. Casou-se com Terezinha Baiz, com quem teve os filhos: Maria Tereza, Lúcia Helena, Ana Maria, já falecida, Carlos Eduardo e Maria Cristina.
Jesus Simões Botelho, ou Zizo Botelho, foi comerciante de destaque na cidade, sempre trabalhando no ramo de autopeças. Foi proprietário da primeira autoescola da cidade (AutoEscola Modelo).
Cidadão atuante, também participou dos movimentos que culminaram na instalação, em Vargem Grande, de órgãos como o Ciretran e a agência do Banco do Brasil. Foi um dos fundadores da Associação Comercial e Industrial e eleito seu presidente já no primeiro ano da entidade, em 1980.
Sua preocupação com a comunidade, o levou a participar da política municipal. Em novembro de 1972, foi eleito vereador para a legislatura de 1973 a 1976, e reeleito para o mandato de 1977 a 1983, prorrogado por lei federal. Presidiu a Câmara no biênio 1981/ 1982. Faleceu em 7 de fevereiro de 2004.

A NOVA REPÚBLICA
1985

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Nas eleições de 1982, a oposição conquista mais vagas e pede o retorno das eleições diretas para presidente, apoiando a emenda do deputado Dante de Oliveira. O Congresso rejeita a emenda, mas o movimento Diretas Já! em 1984 mobiliza todo o país, levando um milhão de pessoas à Praça da Sé, em São Paulo, durante a sua votação no Congresso. Valeu a pena a mobilização do povo.
Em 1985, na última eleição indireta para presidente, o Colégio Eleitoral elege Tancredo Neves, do PMDB, que morre antes de tomar posse. Assume o governo o vice-presidente eleito, José Sarney, primeiro presidente civil a assumir após 21 anos de regime militar.
A convocação de uma Assembleia Constituinte para votar a Constituição de 1988, marca o retorno do país à democracia. Esta nova Carta, chamada pelo dr. Ulisses Guimarães de “Contituição Cidadã”, restaura os direitos constitucionais dos brasileiros, restituindo a liberdade de expressão e as eleições diretas.
Está em curso a Nova República, iniciada em 1985 e o Brasil passa a viver a década perdida.

NONA LEGISLATURA
1983 a 1988

Nessa legislatura, os mandatos de parlamentares foram prorrogados por mais dois anos, por decisão federal, até que a nova Constituição fosse promulgada, em outubro de 1988.
Foram eleitos Alcir Morandin, Antônio Fermoselli Neto, Dante Antônio
Braghetto, Luís Carlos Fermoselli, João Carlos Forti, José Fernandes
Toledo, José Maria Siqueira, Nívio Patarro Pereira, Pedro Trevisan, Sebastião Donizete Sanches, Vanderlei Ribeiro e João Garcez, que veio a substituir João Carlos Forti.
Com mandatos prorrogados, a Câmara teve três presidentes: José Fernandes Toledo (1983 a 1985), Vanderlei Ribeiro (1985 a 1987) e Sebastião Donizete Sanches (1987 a 1988).
A partir de 1982, auditores do Fundo Monetário Internacional (FMI) monitoram a economia brasileira. Os ajustes e acordos são penosos, geram redução dos salários reais, cortes em subsídios e nos investimentos públicos e privados. Multiplicam-se as greves de trabalhadores, os empresários também se queixam. O Brasil está em recessão.
A grave crise econômica também atinge Vargem Grande do Sul. A Cerâmica Bolonha, que vinha apresentando sinais negativos de desempenho, perde seu
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fundador, o empresário Nestor Bolonha, que fora vereador e prefeito de Vargem Grande, homem de visão e empreendedor. A cerâmica é fechada, e muitos ficam sem emprego. O que atenuou o fechamento da cerâmica foi a instalação da Usina Dedini, às margens de nosso município, utilizando grande parte da mão de obra desempregada.
Em 30 de outubro de 1984, Vargem recebe a 123ª. Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), finalizando uma luta antiga dos advogados do município. Seu primeiro presidente é o advogado Roberto Alexandre Ferrari, um dos que mais se empenharam pela instalação dessa entidade.
Nesta década de 1980, mais precisamente em 1983, começa a Era Rossi, de triste memória para os vargengrandenses que rezam pela cartilha da probidade. Devido à sua grande popularidade, dr. José Carlos Rossi não foi cassado pelos vereadores da época, que preferiram covardemente ignorar as leis. Este episódio provocou muita indignação a muitos vargengrandenses, pois acharam estranho o procedimento dos edis, ignorando tão graves ocorrências praticadas pelo prefeito. Depois ele perdeu seus direitos políticos e mais tarde foi processado, julgado e condenado pela justiça.
Dr. José Carlos Rossi depois de perdoado pela total irresponsabilidade de certos vereadores, graças à sua popularidade que não perdera, ainda elegeu dois prefeitos: José Reinaldo Martins e Denira Tavares Rossi.


Vanderlei Ribeiro
1985 - 1986

Vargengrandense, nasceu a 24 de julho de 1948, filho de João Batista Ribeiro e Olívia Castella Ribeiro. É casado com Sônia Gorini Ribeiro e pai de Rosane, Diego e Marise. Trabalhando desde muito jovem, foi bancário, e comerciante, e sempre bom músico e cantor, pioneiro dos grupos musicais da década de 1960.
Graduado em Direito pela Fundação de Ensino Octavio Bastos, hoje Unifeob, exerce a advocacia há vários anos, em seu escritório e ainda como funcionário do departamento jurídico da Prefeitura.
Desde sua juventude, trabalhou como voluntário em diretorias e conselhos de entidades filantrópicas e sociais, como o Hospital de Caridade e a Casa do Menor Dom Bosco. Daí, para a política, foi um passo. Eleito vereador para o mandato de 1983 a 1985 (prorrogado até 1988), assumiu a presidência da Câmara no biênio

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1985/86. Era um período difícil, pós-ditadura, quando o Executivo ainda exercia muitas das prerrogativas da Câmara, comprometendo a independência do Legislativo.
Em sua gestão, Vanderlei Ribeiro fortaleceu a Câmara como poder separado do Executivo. Na área administrativa, dispensou funcionários da Prefeitura que eram “emprestados” ao Legislativo e promoveu concurso público para admitir servidores próprios. Na área institucional, firmou pela isonomia entre os poderes.
Para o presidente, não foi fácil esta transição. “Tínhamos um prefeito muito querido e carismático, porém a Câmara precisava resgatar sua independência constitucional e os vereadores começavam a compreender que os seus poderes eram bem maiores. Na época, nem funcionários próprios tínhamos, tampouco assessor jurídico, tínhamos que nos defender sozinhos”.
Sua gestão foi considerada um marco divisório na história do Legislativo, porém com alto custo pessoal e político: Vanderlei Ribeiro, terceiro mais votado em sua primeira eleição, não conseguiu se reeleger, resultado de um Executivo que, já naquele tempo, tinha um programa de rádio e incitava o povo contra os vereadores, quando as decisões da Câmara o contrariavam.



Sebastião Donizete Sanches
1987- 1988

Filho de Leonildo Oliva Sanches e Geni Ronqui Sanches, nasceu a 20 de janeiro de 1958, em Vargem Grande do Sul. Casado com Elizabeth de
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Fátima Batissoco Sanches, é pai de oito filhos.
Aos nove anos, começou a trabalhar com seu pai, na lavoura. Aos 18, empregou-se no comércio, na área de supermercados, e após seu casamento abriu a sua própria empresa, uma empacotadora de alho, que lhe rendeu o apelido, Tião do Alho.
Ainda jovem e apreciador de esportes, participou da diretoria do Esporte Clube XXI de Abril. Posteriormente, tornou-se evangélico e passou a dedicar-se à sua igreja.
Aos 24 anos, elegeu-se vereador pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sendo o segundo candidato mais votado na eleição de 1982. Inicialmente, seria um mandato de quatro anos, que foi prorrogado, por lei federal, até dezembro de 1988. Na Câmara, foi líder da bancada, membro da Comissão de Finanças, vice-presidente da Comissão de Trânsito, culminando com a eleição à presidência da Casa.

DÉCIMA LEGISLATURA
1989 a 1992

A LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO

Em janeiro de 1989, tomam posse os vereadores eleitos: Alexandre Tadeu Misurini, Antônio Sérgio da Silva, Benedito Adão, Celso Luís Ribeiro, Celso Itaroti Cancelieri Cerva, Idevaldo Nora, Luis Carlos Fermoselli, José Locatelli Filho, Marçal Daniel de Andrade, Maria Pereira da Fonseca, Neide Castilho, Nivio Patarro Pereira, Roberto Aparecido Fermoselli, Romualdo Menossi e Tadeu Fernando Ligabue.
Assumem a presidência Celso Luís Ribeiro, de janeiro de 1989 a fevereiro de 1991 e Romualdo Menossi, de fevereiro de 1991 a dezembro de 1992.
Com a redemocratização do Brasil, fundada na Constituição de 1988, o Legislativo recupera suas prerrogativas de órgão representativo, colegiado e com funções deliberativas. Torna-se mais palpável, também, a estreita vinculação entre o processo legislativo e os interesses da população, que agora pode propor projetos de lei de iniciativa popular, respeitada uma cota mínima de subscrição pelos eleitores.
Sob a nova Constituição, que restaura o pleno Estado de Direito,os
municípios convocam suas assembleias constituintes para elaborar suas leis

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orgânicas municipais (LOM), que espelham os princípios da Carta de 1988, a mais expressiva da história republicana, porque restauradora das liberdades democráticas, da independência dos poderes, da livre expressão de pensamento e dos direitos civis, entre outras garantias constitucionais.
A Câmara de Vargem Grande do Sul convoca sua assembleia constituinte no biênio 1989/1990, presidida pelo vereador e presidente do Legislativo Celso Luís Ribeiro. A Casa abre as portas à população para colher sugestões de todos os segmentos da sociedade. Após meses de reuniões e debates, a Lei Orgânica do Município de Vargem Grande do Sul é votada e aprovada pelos vereadores constituintes, e promulgada a 20 de abril de 1990.
A Lei Orgânica fixa as atribuições do Executivo e Legislativo, definindo as funções da Câmara, como órgão legislador em matérias de competência exclusiva do município, fiscalizador das contas e atos do Executivo e julgador de infrações político-administrativas por parte de prefeitos e dos próprios vereadores, podendo instalar comissões especiais de inquérito (CEIs) sobre fato determinado.

ELEIÇÕES DIRETAS

Em 1989, nas primeiras eleições diretas para presidente da República, vence Fernando Collor de Mello, ex-governador de Alagoas, com um discurso populista: promete caçar marajás, acabar com a inflação e encher a mesa dos descamisados de arroz, feijão e carne. Só ganhou porque o discurso do seu oponente, o líder sindical Luis Inácio Lula da Silva, foi radical e não passou confiança à classe média.
A situação é crítica e os planos econômicos do governo Collor são polêmicos, mexem com a poupança popular. Após sofrer processo de impeachment, Collor renuncia ao cargo em 1992, num cenário de corrupção e confrontos com o Congresso. Mas é importante reconhecer que ele iniciou a abertura de nossa economia quando confrontou a mesma com a modernidade e o mercado competitivo. Uma frase sua que se tornou famosa: “Nossos carros parecem carroças”.
Nesta década, Vargem Grande ganha duas entidades representativas dos setores produtivos: a Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul e Região, fundada em agosto de 1990, e o Sindicato das Indústrias Cerâmicas e Oleiras de Vargem Grande do Sul (Sicov), fundado em 8 de maio de 1991.


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Celso Luís Ribeiro
1989-1990

Nasceu em Vargem Grande do Sul a 18 de dezembro de 1958, filho de Emília Nogueira do Amaral e Antônio Ribeiro Filho. É irmão de Márcia,
Maria Aparecida, Marco Antônio, Elisabete e Paulo Sérgio.
Casado com a vargengrandense Micaela Garcia Ribeiro, é pai da jovem Laura Garcia Ribeiro.
Iniciou-se na política com o prefeito Alfeu do Patrocínio Rodrigues, seu amigo e companheiro de partido, trabalhando como seu assessor na Prefeitura.
Eleito vereador para o mandato de 1989 a 1992, seus pares o elegeram à presidência da Câmara para o biênio 1989/1990. Foi o vereador que presidiu a assembleia constituinte que elaborou a Lei Orgânica do Município de Vargem Grande do Sul, promulgada em 20 de abril de 1990, em evento cívico que reuniu autoridades municipais e boa parte da população vargengrandense.
Celso Ribeiro foi eleito prefeito em 2000 em uma eleição muito disputada com o atual presidente da Câmara, o Totonho. Assumiu a Prefeitura em 1º de janeiro de 2001 com a incumbência de restaurar a credibilidade da administração pública perdida na Era Rossi. Com muita determinação deu conta do recado e se reelegeu em 2004 contando com o apoio do seu ex-adversário que dizia:- “Não tenho porque me opor àquele que está cumprindo bem o seu mandato. Se o povo está contente, eu também estou.”
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Romualdo Menossi
1991-1992

Nasceu em Jardinópolis (SP), em 1º. de agosto de 1948, filho de Albertina Saraiva e Waldemar Menossi. Casado com a professora Cleide Maldonado, é pai de Alex , já falecido, Fernando, Veridiana e Vicente.
Formado em Contabilidade pela Escola de Comércio D. Pedro II, lecionou em sua escola e também na Escola Estadual Alexandre Fleming.
Presidiu o Lions Clube de Vargem Grande do Sul e foi um dos sócios fundadores da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Vargem Grande do Sul .
Na vida em comunidade, também participou de diretorias e conselhos de
entidades como o CPDEX – Escola de Educação Especial José de Anchieta, Casa do Menor Dom Bosco e Grupo Mão Amiga.
Homem de partido, pautado pela ponderação e objetividade, é respeitado por sua visão política. Este perfil o fortaleceu como presidente do Legislativo (1991/92), em período de conflitos entre a Câmara Municipal e o Executivo, após a promulgação da Lei Orgânica do Município, em 1990.
Sob respaldo da nova lei, a Câmara instalou Comissões Especiais de Inquérito (CEIs) e investigou denúncias de irregularidades na gestão do Executivo, encaminhadas ao Ministério Público. Muitos dos processos, já julgados, resultaram em condenações.

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Ainda sob sua presidência, a Câmara aprovou matérias, como o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Municipais, a Lei 1.662/92 (Estatuto dos Servidores), e a criação do Fundo de Previdência e Benefícios dos servidores (Fupreben), entre outros temas relevantes do funcionalismo municipal.
Romualdo Menossi foi reeleito vereador para a legislatura de 2001 a 2004, em que se destacou na defesa da independência do Legislativo, frente à maioria de apoio ao Executivo no plenário da Câmara.

DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA
1993 a 1996

Em 1º. de janeiro de 1993, assumem seus mandatos os vereadores eleitos: Antônio José de Oliveira, Antônio Sérgio da Silva, Antônio Carlos Bertoleti, Antônio Carlos do Patrocínio Rodrigues, Celso Itaroti Cancelieri Cerva, Cláudio Gadiani, Fernando José Bernardelli, Luis Carlos Fermoselli, José Acácio Mesquita, José Carlos Dias, Marçal Daniel Andrade, Maria Pereira da Fonseca, Pedro Trevisan, Roberto Aparecido Fermoselli e Tadeu Fernando Ligabue, que renuncia em janeiro de 1994, assumindo o suplente Felício Mizurini.
Em 21 de abril de 1993, em plebiscito para escolher o melhor sistema de governo, vencem o sistema republicano (66%) frente à monarquia (10,2%), e o regime presidencialista (55,4%) contra o parlamentarismo (24,65).
Em fevereiro de 1994, no governo Itamar Franco, o ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real, plano de estabilização econômica, permitindo que a inflação finalmente fosse controlada. Momento abençoado aquele, pois garante até aos dias de hoje a nossa estabilidade econômica.
O principal projeto da décima primeira legislatura de Vargem Grande do Sul é o Plano Diretor de Desenvolvimento, que monopoliza discussões, estudos e levantamentos técnicos, visando adequar e ordenar o crescimento urbano, que já sentia os efeitos da falta de planejamento com bairros sem infraestrutura básica e um parque industrial cercado de áreas residenciais e sem condições de expansão.
Embora houvesse previsão na implantação de vários loteamentos o poder público pouco exigia em termos de infraestrutura urbana. No decorrer dos anos o que era responsabilidade do loteador acabava onerando os cofres públicos municipais. A qualidade de vida piorou muito em bairros periféricos, sem iluminação pública, asfalto, esgoto e mal abastecidos por água tratada.

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Com uma campanha atrelada ao Plano Real, gestado em 1993, quando era ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso vence as eleições presidenciais de 1994. Quebra o monopólio das estatais e privatiza empresas, no setor de telecomunicações, energia e mineração e incentiva a entrada de investimentos estrangeiros no país.
Na área social, cria programas de transferência de renda, como o Bolsa Escola. O país quebra patentes de medicamentos e começa a produzir os genéricos, a custos mais acessíveis.



Celso Itaroti Cancelieri Cerva
1993-1994 e 2005-2006

Nascido a 5 de setembro de 1958, é filho de Lacyr Cancelieri Cerva e Itamar Della Nina Cerva. É pai de Maria Vitória, de seu primeiro casamento, e da pequena Hizyss, de seu atual casamento com a advogada Myses de Joce Isaac Fernandes Cerva.
Formado em Administração de Empresas e em Direito pela Fundação de Ensino Octavio Bastos, ingressou na Polícia Civil, aprovado em concurso público para o cargo de escrivão. Pouco depois, obteve aprovação no concurso de ingresso à carreira de Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Foi presidente da Sociedade Beneficente Brasileira (SBB) no biênio 1989-90.

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Eleito para três legislaturas, na primeira (1989-1992), foi vereador constituinte, signatário da Lei Orgânica do Município. Em seu segundo mandato (1993-1996), presidiu a Câmara logo no primeiro biênio (1993-94). Foi novamente eleito vereador para a legislatura 2005-2008 e eleito presidente, também no primeiro biênio (2005/06), quando fortaleceu a independência do Legislativo.
Como presidente em seu último mandato, reformou as instalações da Câmara, restaurando os detalhes arquitetônicos do prédio construído em
1918 pelo subprefeito Belarmino Rodrigues Peres. Também propôs mudanças no Plano de Carreira dos Servidores da Câmara, atualizou vencimentos defasados e realizou concursos para preenchimento de vagas no serviço administrativo da Casa.
Homem de decisões, respeitado por seus pares, Celso Itaroti trouxe aos colegas do Legislativo o caráter investigativo e a ordem processual necessárias para a documentação e apuração de denúncias de possíveis irregularidades na administração do município.




Felício Mizurini Filho
1995 -1996

Nasceu em Vargem Grande do Sul, em 22 de outubro de 1948, filho de Felício Mizurini,que também foi vereador, e de dona Ana Gutierrez Mizurini. Casou-se com Neusa Aparecida do Amaral, com quem teve os filhos Fabrício e Fernanda, ambos casados e estabelecidos em Vargem Grande do Sul. Era comerciante.

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Adepto de futebol de campo e futebol de salão, gerenciou o Tênis Clube Vargengrandense, entre 1990 e 1996, e foi eleito seu presidente para o biênio 2000/2001.
Suplente de vereador nas eleições de outubro de 1992, Felicinho, como era mais conhecido, foi chamado para a vaga de Tadeu Fernando Ligabue, que renunciara em janeiro de 1994. No ano seguinte, foi eleito presidente da Casa, para o biênio 1995/96.
Em sua gestão, a Câmara elaborou dezenas de projetos de leis, muitos ligados à área da assistência, em que se concediam auxílios a pessoas de baixa renda para tratamentos ou benefícios não cobertos pelos sistemas de saúde e promoção social. Também apoiou a primeira greve do funcionalismo municipal, que reivindicava 25% de reajuste salarial, aprovado por lei, mas contestado pelo Executivo.
Faleceu em 28 de janeiro de 2008.

DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA
1997 a 2000

Reeleito presidente em 1998, Fernando Henrique Cardoso enfrenta a desvalorização do Real, impactado pela crise internacional, que leva o país
a uma nova e grave crise econômica. Para manter a estabilidade, o Brasil entra em novo ciclo de endividamento externo, com reflexos sociais, como os altos índices de desemprego. O colapso das centrais elétricas geram racionamento de energia, e o governo privatiza empresas neste setor. Durante o segundo mandato, surgem denúncias de compras de votos para
aprovação da emenda da reeleição e sobre suposto favorecimento de grupos financeiros nos processos de privatização, mas nada ficou provado contra este respeitável cidadão de ilibada conduta moral e cívica.
Em Vargem Grande do Sul, na última legislatura do século XX foram eleitos e empossados os vereadores Antônio Carlos Bertoleti, Antônio Sérgio da Silva, Antônio José de Oliveira, Benedito Garcia Leal, Deolindo de Abreu Filho, Francisco Maldonado João, José Carlos Dias, José Locatelli Filho, José Ferreira Brandão, Júlio Sérgio Vidali, Maria Pereira da Fonseca, Natanael Acosta, Roberto Aparecido Fermoselli, Roberto dos Santos Sagiorato, Valdir Aparecido Sangiorato e Marçal Daniel Andrade.
Em 1998, o vereador Nathanael Acosta faleceu, convocando-se o seu suplente, Zaqueu Naliati Júnior.
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Neste quadriênio, a Câmara teve quatro presidentes: Antônio José de Oliveira (1997/98); José Locatelli Filho (fevereiro a outubro de 1999), Zaqueu Naliati Júnior (outubro de 1999 a outubro de 2000) e Deolindo de Abreu Filho (outubro a dezembro de 2000).
Já na eleição e posse do segundo biênio, houve um prenúncio das dificuldades que ocorreriam naquele ano. A primeira eleição da Mesa Diretora foi anulada, por não respeitar o princípio constitucional da proporcionalidade dos partidos representados na Câmara. Outra eleição foi realizada e os eleitos tomaram posse, semanas depois.
Em outubro de 1999, o presidente da Câmara, José Locatelli Filho, assume o Executivo, no lugar da prefeita Maria Denira Tavares Rossi, afastada do cargo por denúncias de irregularidades. A Câmara Municipal, usando suas atribuições legais, constituiu uma comissão processante que depois de apurar os fatos, totalmente comprometedores, cassou o mandato da prefeita. Este processo foi enviado ao Ministério Público, onde a ex-prefeita Denira foi julgada e condenada. Como o seu vice, o dr. José Carlos Rossi tivera os seus direitos políticos suspensos e fora afastado do cargo, Locatelli permaneceu à frente da Prefeitura até dezembro de 2000.
“Como não existe noite tão longa que não termina em novo dia, Vargem vive hoje o novo dia.”
Em 2000, é fundada a Cooperativa dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul e Região (Cooperbatata), entidade que fortalece este setor.





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Antônio José de Oliveira
1997-1998
Filho de Wilson de Oliveira e Irene Andreato de Oliveira, nasceu em São Sebastião da Grama, em 16 de maio de 1964. Muito jovem, ingressou na Prefeitura Municipal de Vargem Grande do Sul onde, por muitos anos, trabalhou num pequeno posto de orientação aos usuários do antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) mantido pela Prefeitura. Essa função acabou lhe rendendo o apelido de Toninho do INPS e grande popularidade.
Foi vereador por dois mandatos consecutivos, de 1993 a 1996 e de 1997 a 2000. Durante sua presidência, no biênio 1997/1998, a Câmara apurou diversas denúncias de irregularidades na administração municipal e apreciou um primeiro pedido de cassação da prefeita Maria Denira Tavares Rossi, que foi arquivado. Foi Antônio José quem assinou o decreto que extinguiu o mandato do vice-prefeito José Carlos Rossi.
Ele diplomou-se em Direito pela Fundação de Ensino Octavio Bastos, e atualmente trabalha na iniciativa privada.





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José Locatelli Filho
1998 a 31.10.99
Nasceu em São Sebastião da Grama, em 9 de janeiro de 1942, filho de José Locatelli e Antônia Piovesan Locatelli. Casou-se com Iolanda Ferreira, com quem teve os filhos José Roberto e Carlos Alberto.
Policial militar, José Locatelli, apresentava programa na rádio local; era orador inflamado e de espírito combativo, elegendo-se vereador por duas legislaturas, de 1989 a 1992 e de 1997 a 1999. No seu segundo mandato foi líder da prefeita na Câmara.
Era presidente da Câmara quando assumiu a Prefeitura, após o afastamento e a cassação da prefeita Maria Denira Tavares Rossi, em dezembro de 1999. Exerceu o cargo de prefeito até 31 de dezembro de 2000, uma gestão curta, em que garantiu a municipalização do ensino, contestada por alguns vereadores e setores do magistério local. Também buscou atualizar a folha de pagamento dos servidores e parcelar a dívida da Prefeitura com o Fupreben, transformando este órgão em autarquia, projeto devolvido pela Câmara sem apreciação.
Nas eleições de outubro de 2000, candidatou-se ao cargo de prefeito, mas não foi eleito. Faleceu em 1º. de setembro de 2008 e seu corpo foi velado no auditório da Câmara Municipal.
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Zaqueu Naliati Júnior
Outubro de 1999 a outubro de 2000

Cirurgião-dentista, nasceu em São Bernardo do Campo (SP) a 9 de dezembro de 1968, filho de Deuselinda Silva e Zaqueu Naliati. Casou-se com Eliana Custódio, com quem teve três filhas.
Estabelecido em Vargem Grande logo após ter-se formado, elegeu-se suplente de vereador para o mandato de 1997 a 2000, sendo convocado para a vaga deixada pelo vereador Nathanael Acosta, falecido em 1998.
Em 1999, era vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara, e assumiu a presidência na vaga deixada pelo vereador José Locatelli Filho, então designado ao cargo de prefeito, após o afastamento e cassação do mandato de Maria Denira Tavares Rossi.
A sua gestão foi curta (um ano), porém exercida no período mais conturbado da história política do município. Muito se exigiu da Mesa Diretora e dos vereadores dessa legislatura, que envolveu o afastamento e a cassação do mandato da prefeita em 1999, após as conclusões da comissão processante formada por vereadores.
Também foi o ano da comissão especial de inquérito que apurava o possível envolvimento de vereadores em esquema de propinas, entre outros fatos relevantes.
Em 2001, Zaqueu mudou-se de Vargem Grande do Sul e foi cursar Medicina, profissão que exerce, hoje, na cidade de Jundiaí (SP).






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Deolindo de Abreu Filho
Outubro a dezembro de 2000

Nasceu em Pontal (SP), em 21 de agosto de 1941, filho de Deolindo de Abreu e Regina Merlin de Abreu. Casou-se em Vargem Grande do Sul, com Maria Luísa dos Santos Abreu, já falecida, com quem teve os filhos Dulcinéa Aparecida e Dener José, que lhe deram quatro netos. Hoje vive uma segunda união com Gessy Theodoro de Godoy.
Nascido em família humilde, trabalhou na roça em criança e, ainda jovem, ingressou na Polícia Militar, quando foi designado para Vargem Grande do Sul, onde chegou aos 19 anos.
Formou-se em Técnico em Contabilidade, e também em Direito, pela Fundação de Ensino Octavio Bastos. Aposentado da Polícia Militar, há quase 20 anos apresenta programa de grande audiência na Rádio Cultura, com notícias policiais. Em seu programa, busca ajudar famílias necessitadas, captando e anunciando vários tipos de doações (móveis, roupas, calçados e outros bens).
Cidadão estimado e popular, Deolindo de Abreu Filho, foi eleito vereador para o mandato de 1997 a 2000. Em outubro de 2000, era 1º secretário da Mesa Diretora, quando o presidente Zaqueu Naliati Júnior se licenciou. Na ausência do vice-presidente, Deolindo presidiu a Câmara por dois meses, até o fim daquela legislatura, em 31 de dezembro.


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DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA
2001 a 2004

Na primeira legislatura do século XXI tomam posse os vereadores eleitos: Francisco Maldonado João, Marco Antônio Goulart, Pedro Francisco Pedrilho, Júlio Sérgio Vidali, André Francisco Manzano, Maurício Romano Felipe, Valdir Aparecido Sangiorato, Romualdo Menossi e Roberto Aparecido Fermoselli.
Os ajustes na economia, ditados pelo endividamento externo no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, levam o governo a tomar medidas como controle de gastos públicos, reforma previdenciária e uma lei de responsabilidade fiscal para todas as esferas da administração pública – União, Estados e Municípios. Num primeiro momento a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) pareceu medida de difícil cumprimento por governantes habituados, entre outros procedimentos, a deixar dívidas para seus sucessores, descumprindo metas fiscais e atuando com pouca transparência na execução dos orçamentos públicos. Com suas normas e mandamentos, a LRF começa a moralizar a administração pública, limita os gastos com pessoal, exige gestão financeira eficiente dos recursos públicos e divulgação ampla de seus resultados junto à sociedade, entre outras medidas, que tendem a profissionalizar a administração.
Outro grande legado do presidente Fernando Henrique foi o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional), medida que salvou o sistema financeiro do Brasil. Fernando Henrique nunca se preocupou em ser popular, preocupava-se em tomar medidas certas, corretas e nada mais. Um verdadeiro ESTADISTA.
É sob esta significativa mudança na economia que assumem os vereadores eleitos para a 13ª Legislatura da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul. No primeiro biênio (2001/02) o vereador Francisco Maldonado João é eleito presidente, e no segundo (2003/04), o vereador Júlio Sérgio Vidali. Foram quatro anos de sintonia entre os poderes Legislativo e Executivo, que trouxeram desenvolvimento em todos os aspectos da administração pública.
Em janeiro de 2003, assume o novo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Os antigos projetos políticos da esquerda são reavaliados à luz da globalização, que havia demonstrado a vulnerabilidade da economia, frente às crises internacionais. Lula mantém as linhas do programa econômico do governo anterior e dá ênfase a medidas que reduzam ainda mais as desigualdades sociais, ampliando os programas de transferência de renda deixados por Fernando

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Henrique. A denúncia do mensalão, uma realidade histórica de corrupção nunca vista antes neste País, desacredita o discurso do PT, tornando-o um partido normal sem aquela aura de santidade que ostentava até então. Mas Lula conseguiu descolar sua imagem desta barbaridade que o PT ofereceu à nação brasileira.



Francisco Maldonado João
2001-2003
Nasceu em Vargem Grande do Sul a 13 de novembro de 1948, filho de Ary Antunes João e Dolores Maldonado João. Casou-se com a professora Alice Helena Giovanelli João, já falecida, fundadora do Grupo de Apoio à Vida (GAVI) em Vargem Grande. É pai de Murilo, Marcelo e Matheus.
Formou-se em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, especializando-se em vôlei e futebol. Professor muito estimado por colegas e alunos, sempre foi defensor dos esportes na formação cidadã de crianças e jovens.
Foi eleito vereador para três mandatos, os dois últimos consecutivos. Na sua primeira legislatura, de 1977 a 1982, não completou o mandato, pois, em 1980 passou a ocupar cargo na administração do prefeito Homero Corrêa Leite. Na segunda legislatura, de 1997 a 2000, destacou-se pelo trabalho de apuração das
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denúncias de irregularidades da administração municipal, atuando como o relator do processo de cassação de mandato da então prefeita Maria Denira Tavares Rossi.
Em seu terceiro mandato de vereador, 2001 a 2004, foi o presidente da Casa no primeiro biênio (2001/02). Durante sua gestão, foi instituído o
Plano de Carreiras dos Servidores do Legislativo, e também concursos para
novos cargos. Em 2004, foi eleito vice-prefeito junto com Celso Luís Ribeiro, este reeleito prefeito para 2005 a 2008.
Atualmente é diretor do Departamento de Segurança e Trânsito (Desetran), órgão da Prefeitura Municipal.



Júlio Sérgio Vidali
2003-2004
Vargengrandense, nasceu a 18 de julho de 1962, filho de Lourdes Bertoluci e Romeu Vidali. Casado com Silvana Marta Peluqui Vidali, é pai de Natalie, Vinícius e Miguel. De família muita religiosa e respeitada na comunidade, Júlio foi eleito para dois mandatos consecutivos, de 1997 a 2000, e de 2001 a 2004. Em 1999, participou como membro atuante das comissões especiais de inquérito, que investigaram as denúncias de possíveis irregularidades na administração municipal. Efetuou, juntamente com outros vereadores, diversas diligências, dentro e fora do município, em busca de provas documentais e testemunhais, que levaram à

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à cassação da então prefeita municipal. No seu segundo mandato, num período de
harmonia na política local, foi eleito presidente para o segundo biênio (2003/04). Em sua gestão, o Plano de Carreiras dos Servidores do Legislativo foi reformado e abertas novas vagas para funções no serviço legislativo.

DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA
2005 a 2008

Em janeiro de 2005 assumem seus mandatos os vereadores eleitos: Antônio Sérgio da Silva, Celso Itaroti Cancelieri Cerva, Iletro Cachola, José Geraldo Ramazotti, José Reinaldo Martins, Marco Antônio Goulart, Pedro Lemos Ranzani, Ronaldo de Albuquerque Herculano e Valdir Aparecido Sangiorato.
No primeiro biênio, e pela segunda vez, Celso Itaroti Cancelieri Cerva era eleito para o cargo de presidente. Já, no segundo biênio, José Reinaldo Martins, que já havia sido prefeito municipal, assume o comando do Legislativo pela primeira vez.
O governo Lula termina seu primeiro mandato com grandes avanços em suas políticas sociais, voltadas para a redução da miséria, e políticas educacionais de inclusão de minorias nas universidades, entre outras medidas.
Os acertos ocorrem também na área econômica, com manutenção da inflação baixa, estabilidade de preços “herança de Fernando Henrique”. O pagamento integral da dívida externa do país, que vinha desde os anos 60, foi um grande feito do governo Lula. Seu governo incentiva o agronegócio e as exportações de produtos agrícolas e minerais. Em 2003 foi feito um ajuste fiscal de 4,5%, causando um arrocho brutal na economia, mas que resultou, mediante o seu acerto, em crescimento sustentado de nossa economia. A balança comercial apresenta resultados positivos históricos. O conjunto destes indicadores levam o presidente Lula à reeleição em 2006.
Em 2006 vereadores vargengrandenses debatem o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, atendendo exigências do Estatuto das Cidades (Ministério das Cidades), que definira prazo, até o final daquele ano, para que os municípios apresentassem seus planos.
A Prefeitura convocou audiências públicas para ouvir a população e, em setembro de 2006, enviou o projeto de lei do Plano Diretor à Câmara. Novas audiências públicas foram convocadas pelo Legislativo, que apresentou emendas ao projeto original, entre as quais, a que recomendava um processo permanente de planejamento municipal e regulamentação de instrumentos de política urbana, como a lei de zoneamento. Ao todo foram sete emendas aprovadas junto ao projeto
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do Plano Diretor, porém, tais emendas foram vetadas pelo prefeito. Os vereadores derrubaram o veto, mas de nada adiantou. Em ação direta de inconstitucionalidade contra ato dos vereadores, o prefeito conseguiu uma liminar na justiça favorável ao projeto original.

A oposição exercida pela maioria simples dos vereadores foi sistemática, sempre aprovando os projetos de interesse da população, no limite da lei, após buscar informações adicionais junto ao Executivo.
Essa legislatura com uma oposição bastante atuante fez atualizações pontuais na Lei Orgânica Municipal, no Regimento Interno e no Plano de Carreira dos Servidores da Câmara.


José Reinaldo Martins
2007-2008
Nasceu em Vargem Grande do Sul a 27 de junho de 1946, filho de Antônia Picinato e Ismael Martins. Casou-se com Vera Elisabete de Oliveira e desta união nasceram seus filhos, Luís Gustavo e Janaína.
José Reinaldo trabalhou como bancário, professor de Português e continua
atuando como radialista, profissão de sua juventude. É cidadão estimado e muito conhecido na cidade e sua popularidade chamou a atenção de líderes políticos locais nos anos 80, quando foi convidado a participar da vida pública.
Disputou as eleições de 1988, e elegeu-se vice-prefeito na chapa de José

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Carlos Rossi para a gestão municipal de 1989-1992. Em seguida, com o apoio de Rossi, foi eleito prefeito para o mandato de 1993 a 1996, período em que priorizou obras de urbanização, como pavimentação de ruas, construção de praças, arborização, entre outras melhorias.
Retornou à vida política em 2004, quando concorreu e elegeu-se vereador
para a legislatura 2005-2008. No primeiro biênio foi primeiro secretário da Mesa Diretora e presidiu a Casa no segundo biênio, de 2007 a 2008. Em sua gestão, deu prosseguimento ao trabalho do presidente anterior, que havia reformado o prédio da Câmara, adquirindo mobiliário e equipamentos permanentes para a Casa. José Reinaldo Martins também realizou concursos para preenchimento de vagas na Câmara.

DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA
2009 a 2012

Para a presente legislatura foram eleitos os vereadores Antônio Carlos Bertoleti, Luís Antônio Felipe, Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro, José Geraldo Ramazotti, Paulo César da Costa, Pedro Lemos Ranzani, Rubens Ronchi, Sandra Regina da Silva Picinato e Wilson Luís Fermoselli Ronqui
O vereador Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro (Totonho) foi eleito para presidir a Câmara no biênio 2009/10.
Reeleito presidente em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva dá ênfase ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para obras de infraestrutura. Neste mandato, consolida suas relações com lideranças de vários países, anuncia a autossuficiência do país em petróleo e também a descoberta do pré-sal, que deve gerar novos recursos para investimentos em áreas essenciais. A economia continua estabilizada.
Em oito anos de governo, Lula foi criticado internamente por medidas consideradas populistas e pelos casos de corrupção em altos escalões do governo. Já, no plano internacional, é reconhecido como uma das mais destacadas lideranças entre os países emergentes.
Assim como em todo o Brasil, Vargem Grande do Sul passou por grandes transformações nos últimos 10 anos, com investimentos públicos em infraestrutura básica (abastecimento de água, rede e tratamento de esgoto); Educação (creches, escolas e escola técnica); Cultura ( Biblioteca, Casa da Cultura, Projeto Guri); Esportes (Ginásio Poliesportivo José Cortez, quadras cobertas nos bairros, campos de futebol); e Turismo (Barragem Eduino Sbardelini e revitalização do Bosque).
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Todos estes melhoramentos foram realizados na administração do prefeito Celso Ribeiro .
Com a economia estabilizada e o aquecimento no setor de construção civil impulsionado por financiamentos habitacionais, a indústria cerâmica (de telhas, tijolos, blocos, lajes, revestimentos) foi beneficiada e recuperou parte do seu poder de investimento, gerando renda e mais empregos em nosso município, considerado um polo cerâmico de expressão no Estado de São Paulo. Comércio e agricultura também usufruem deste bom momento econômico e modernizam-se.
Na política, o presidente do Legislativo se posiciona em defesa da autonomia e independência da Câmara Municipal e tem o apoio da maioria dos vereadores em sua missão.

(foto)

Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro
2009 - 2010

Descendente da família Garcia Leal, por parte de sua mãe, e de imigrantes italianos pelo lado paterno, o vargengrandense Luiz Antônio Ribeiro Cavalheiro, o Totonho, nasceu em 7 de fevereiro de 1940, filho de Antônio Pedro Cavalheiro e dona Geraldina Ribeiro Cavalheiro.
Casou-se em 1964 com Marisa Aparecida Mazeto Cavalheiro e tiveram dois filhos, Marco Aurélio Mazeto Cavalheiro e Márcia Helena Cavalheiro.
Empresário do ramo cerâmico, Totonho sempre apoiou famílias carentes com doações de produtos de suas cerâmicas, nunca marcando o nome dos beneficiados. Entidades assistenciais de Vargem Grande recebem sua ajuda quando o procuram. Já, como voluntário do Grupo Mão Amiga, que atende portadores de deficiências físicas, trabalhou com especial empenho para a construção da nova sede da entidade, inaugurada em 2004, sendo homenageado como patrono da entidade
Há anos participa do cenário político de Vargem Grande. Como candidato a prefeito disputou três eleições, sempre convocado, nunca como candidato de si próprio; nunca teve um projeto político pessoal. Quando terminava a eleição que disputara, mesmo perdendo não se lamentava e voltava a dedicar- se ao trabalho sem ressentimento ou mágoas de alguém, haja vista que nunca teve inimigos na política; sempre respeitou e foi respeitado por seus adversários. Sempre polarizou com o ganhador das eleições que disputou, nunca foi o terceiro. Mas, é mais empresário do que político e só fazia política em época de eleição.
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A última eleição que disputou, em 2008, elegeu-se vereador para a atual legislatura (2009 a 2012). Logo no primeiro biênio foi eleito presidente da Mesa Diretora da Câmara, gestão pautada pelo incentivo ao debate democrático em plenário e ao cumprimento da Lei Orgânica do Município, Regimento Interno da Casa e, acima de tudo, à Constituição Federal.
Em sua gestão, empreendeu o resgate da história da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, objeto deste volume, pois considera que um povo que não respeita o seu passado e não cultua seu presente, dificilmente terá um bom futuro.
Com relação aos funcionários públicos da Câmara Municipal, melhorou os menores salários sem prejudicar os maiores.
Apresentou duas propostas de outorgas de honrarias, que foram aprovadas em plenário pela unanimidade dos seus colegas, sendo uma delas a Medalha do Fundador José Garcia Leal, que premia o cidadão ou cidadã vargengrandense ou não, que tenha prestado relevante serviço ao Município, ao Estado, ao País ou à Humanidade. A outra honraria, o Diploma de Mérito Dr. Francisco Álvares Florence, premia os cidadãos ou cidadãs vargengrandenses, que tenham contribuído de forma relevante à comunidade, em diferentes campos de atividades.
Durante sua gestão na presidência da Câmara, através de uma emenda de sua iniciativa, foi aprovada a lei de incentivos a empresas que viessem de outros municípios e também às empresas aqui existentes que queiram expandir sua produção. O projeto original previa o benefício apenas às empresas de outras cidades, não obedecia a Constituição Federal no seu Artigo 5º, que trata de isonomia. Baseado na constitucionalidade, o presidente defendeu e aprovou a sua emenda, apoiado pelos vereadores: Pedro Lemos Ranzani, Wilson Luis Fermoselli Ronqui, Paulo César da Costa, Rubens Ronchi e a vereadora Sandra Regina Picinato, prevalecendo os “Direitos Iguais”.
Durante a sua gestão, a Lei Orgânica do Município passa por uma completa revisão, que alcança mais de 100 de seus artigos. Será uma Lei Orgânica referenciada, à luz das emendas inclusas na Constituição Federal e Constituição do Estado de São Paulo.
Em 2009 o presidente da Câmara Municipal instalou em nosso municipio a Câmara Jovem com mandatos de um ano, que permite aos estudantes da 6ª. a 8ª. séries, indicados pela direção de suas escolas, compreenderem a função do Legislativo no contexto social em que vivem, além de incentivá-los à cidadania e à consciência política. A Câmara Jovem é coordenada pela administradora da Câmara Municipal Edilaine Pavani.
Também em sua gestão foi aprovado o plano de carreira dos professores municipais, bom projeto de lei enviado pelo Executivo. Este projeto foi aprovado
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depois de 12 anos de justa reivindicação dos professores. O mérito do presidente foi coordenar os trabalhos democraticamente, ouvindo as partes. E com o apoio juridico do dr. Walter Luís de Melo o projeto foi preparado para a votação e aprovado pela unanimidade dos senhores vereadores. Neste dia o auditório da Câmara Municipal estava repleto de professores.
O presidente da Câmara gostava de se reunir com os colegas para
saber suas posições em relação aos projetos que seriam votados antes de ter posição definida. Sempre agiu democraticamente no plenário da Câmara e fora dele. Nunca desrespeitou a opinião de nenhum vereador. Sempre defendeu o contraditório, dito por ele, a essência da democracia.
Na 16ª Sessão Ordinária, de 19 de setembro de 2009, no momento da palavra livre, o nobre vereador Rubens Ronchi, usando de sua atribuição legal, discursou – “Senhor Presidente, nobres colegas, auditório presente. Eu quero parabenizar o nosso Presidente pelos seus traços pessoais: a coragem, a seriedade, a honestidade, a maneira com que vem conduzindo os trabalhos nesta Casa. Nosso Presidente parece às vezes ser meio “durão”, mas vemos que seu coração é sensível ao bem, o que ele faz é pensando no povo.”
Para os funcionários da Câmara, o presidente Totonho tem grande noção de administração e dá segurança aos servidores, é determinado e sabe delegar tarefas. No trato com a equipe é tido como pessoa de muita educação e sensibilidade, justo com os direitos dos funcionários e com a disciplina.
Entre seus colegas vereadores, o consenso é que o presidente conduziu a Casa da melhor forma possível e com transparência e, também na medida do possível, atendeu todos os vereadores. É considerado ainda uma pessoa honesta e coerente, dotado de bom senso, seriedade e lealdade. Os vereadores dessa legislatura também o vêem como um homem lutador e idealista, que defende suas crenças e princípio, além de um ser humano solidário, companheiro e amigo.



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O Liberal
Gazeta de Vargem Grande
Tribuna

Sites
www.abic.com.br
www.novomilenio.inf.br/santos
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www.terrapaulista.org.br
www.tse.gov.br/institucional/biblioteca
www.wikipedia.com

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